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terça-feira, 14 de dezembro de 2021

 

"...E quando as nuvens escuras tocarem meu quintal, vendo-as da janela do meu quarto, já com pouca vida e sem luz, e as trovoadas ensandecidas rolarem em todas as direções na minha já arrefecida mente, procurarei ver, embora em vão, pelo menos algum, algum vestígio das flores que haviam no meu jardim, do lado de fora, perto do alpendre da casa, bem longe das civilizações arredias, toscas e desapegadas aos valores da fé e das virtudes dos seres tementes a Deus, seguidores da libertinagem e da sobra de Sodoma e Gomorra.

...Sei que, pelas cinzas que o vento espalha no mórbido céu sombrio, nem mesmo o grasnar do corvo, sobra das almas aladas, terei, bem à mercê dos cansados olhos de não mais ver as belezas que um dia vira, uma só flor, nem tão colorida, nem tão perfumada, como aquela que, para ti, saiu um dia das minhas mãos, ao teu corpo, quando te cortejava, desejo castro e pueril de te amar, encher-me de prazer, entregando-me a ti, no leito do rio, da relva, corpo e alma.


...Ah, se me fosse dado antever, ou sentir tua partida antes do holocausto que nos acolheu, e agora tomados por esta desdita sem saída, por isso não me perdoo, não te amaria só aquilo, mas te amaria tanto que de tudo isso nosso amor nos livraria.


Mas, como só agora soube me dar a ser, d´alma e coração, um cavalheiro, um nobre e amável menestrel, meu pensar chega tardiamente à nobreza dos teus pés - e feito réu confesso e súdito arrependido - sucumbo ante meus exageros de ter subestimado aos que me chegavam: fel, sangue e mel, na mesma cicuta que um dia fora entregue a outro menestrel.

(jose valdir pereira)




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