Maria e João estavam muito bem de vida e os dois se amavam a tal ponto
de não querem vida melhor. O amor que sustentava os dois era tudo que de melhor
haviam pedido a Deus.
De repente, chegaram as redes sociais. Tomou o lugar das conversas que
ambos mantinham à mesa, nas horas de lazer, e os passeios dos dois ficaram cada
vez mais escassos. O João até que não era muito chegado a ficar preso às redes
sociais, porque para ele era muita perda de tempo. Mais valia, admitia ele, ler
um livro, assistir a um bom filme, sair para passear, até mesmo trocar ideias
acerca de certos aspectos da vida, era mais importante que as horas que
ocuparia com as redes sociais.
Maria, ao contrário, fascinada com aquele recurso social de contatos,
conhecer o mundo, lugares e pessoas, principalmente, não largava o computador
ou o celular, sempre ligada nas redes sociais: Facebook, Instagram, Twiter,
etc.
Aos poucos, isso foi interferindo na vida dois dois. João, que amava
(tanto) Maria e Maria que amava (tanto) o João, já não se amavam tanto.
Apareceu um grande concorrente para o João. Maria não conseguia se desligar das
redes sociais. Passou a adicionar ao seu rol de amigos, várias pessoas, até
mesmo as desconhecidas, pessoas que ela não tinha nenhuma referência, a não ser
porque estavam no rol de amigos de seus amigos.
E passou a fazer publicações de suas fotos, fotos sensuais, roupas
decotadas, fotos em trajes de banho de praia, entre outras. Postagens, dando a
entender seus gostos e preferências, coisa que os homens adoram saber para
poder penetrar na vida intima das mulheres, dizendo-lhe que também gosta disso,
curtindo com paixão e deixando mensagens de elogios e de admiração. Ora, era
isso que Maria adorava. Amava ver suas postagens curtidas pelos amigos, e,
pasme, quando tinha uma mensagem de elogio, aí que maria se derretia, se
babava.
Tudo falso, não sabia ela. São apenas homens catadores de mulheres que
topam fazer programas e viver uma vida fácil e sem compromissos, cheia de
liberdade. Ou mulheres que tem prazer através desses momentos virtuais, quando
até orgasmos tem ao imaginar aquele homem fazendo-lhe carícias e sendo tudo que
afirma ser ou imagina ser.
João, na sua, reclamava, mas sua Maria, já não tão sua, era
implacável e dizia que o João só tinha maldade na cabeça, que ali era um bom
passatempo e que nada do que o João dizia era verdade.
João, um dia, se cansou daquilo tudo. Vendo que Maria não ia largar
mesmo as redes sociais, preferiu renunciar ao seu grande amor e deixar Maria
viver sua vida, a seu modo, do jeito que ela passou a gostar de viver, ou seja,
desfrutar dos carinhos e dos afagos dos admiradores virtuais.
Quem sabe, um dia, um desses admiradores, lhe dê o que João não lhe
dava: tristeza, solidão, grosseria, desrespeito, abandono e desprezo. Ou que
lhe negue a dar o que João mais amava lhe dar: amor puro, sincero e com origem
no coração e não no desejo carnal.
- jose valdir pereira -
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