COMO SE PREFÁCIO FORA
Meu bom Valdir,
O que tens escrito pelo desenvolvimento
cultural de Rondônia, recomenda-o ao respeito e à admiração gerais. Essas são
palavras de um ex-Presidente da república, ditas a respeito de outro poeta
amazônida. Mais que simples plágio, eu as incorpora à testa desses minipoemas
poéticos de tua lavra.
Ausculto em suas entrelinhas
...um tipo de sêmen radiativo
...a nova luz o novo sangue
que há de expulsar dos cérebros futuros
o código das sombras, a fome de matar
e os resíduos totêmicos do medo.
Ao receber o manuscrito solicitando-me
palavras de sua abertura em compasso de “abertura”, parecias dizer-me:
Amo arrumar palavras. Porque sei que há
traças percorrendo em rios de papéis.
Coisa difícil é dar...
Palavras são sangue, mesmo as que gravadas
sem propósito.
Escuta-me, Valdir: se foi surpresa para mim
o pedido que me fizeste, eu já tinha descoberto em ti “o” poeta:
O poeta vai pela rua.
Ninguém está vendo o poeta,
Porque o poeta é transparente.
Mas duvido que ninguém sinta
A sua presença abstrata.
Todo livro tem a sua história particular,
os seus quês e para-quês, defeitos ou virtudes, que lhes
assinalam os homens, os fatos, ou a natureza. A poesia em ti, Valdir, eu já t’o
disse: começa em teu lar. Não és poeta porque escreves poesias, tampouco és
poeta porque tens um lar poético.
Constituíste, sim, um idílico lar poético
porque és poeta: a poesia está em ti.
A poesia é o coração, é a alma, um produto
superior ao mesmo livro; em miríades de sensações diversas, em um labirinto de
belos panoramas, dispostos ao colorão da arte, a poesia fulgura, a imaginação
voa, o ideal se coloca e a imensidade aparece.
Estão aí, Valdir, os teus versos. Continua
compondo versos, continua sendo poeta, sobretudo na vida, esperança dos míseros
humanos, divino apagador dos desenganos.
Dentro de tua mensagem poética, otimista,
entretanto, não te esqueças, Valdir, do nosso primeiro vate, cujos ossos
repousam no Cemitério dos Inocentes; estou falando de Vespasiano ramos, que
morreu lembrando-nos a nós todos, triste realidade:
...na terra, deu-se, apenas, isto:
multiplicou-se o número de Judas
...e vai crescendo a prole de Pilatos.
Vitor
Hugo
Historiador, Membro do Instituto Histórico
e Geográfico de São Paulo, do Amazonas e de Rondônia.
EM UM MOMENTO DE SONHO
E estive em um momento de sonho te amando,
roçando o meu corpo no teu
e beijando a tua boca,
que, loucamente, me envolvia,
deixando-me embriagado,
enlouquecido em meio a essência que eras.
Os meus lábios percorreram teu corpo
e sem pausa o amor se fez eterno e te amei.
e quanto te amei.
E tudo assim ocorreu, suave e deliciosamente:
na relva encoberta de tantos desejos de nós dois,
surgiram beijos, abraços, cansaços, gemidos e sussurros.
E outra vez, diante de ti,
Emudeci em meio a beleza
e do amor que tanto sinto não soube falar.
Quanta vontade sou eu de ti...
Ah! Se não fosse esse jeito comedido de ser,
Esse ser escrupuloso que sou,
Quem sabe, quão feliz eu seria?
E as flores, que tantas vezes...
E os beijos que tantas vezes...
Meu grande amor,
Como e quando falar do amor que tenho por ti?
No parque, no jardim, na praça,
hoje, amanhã ou em algum lugar, quando o tempo chegar?
ESCOLHESTE A MIM
Escolheste a mim,
desajeitado e acostumado
com as coisas simples da vida,
pouco atrevido,
mas sem escrúpulo no
exercício do amor.
Queres a mim,
sem rodeios e por completo,
possuir-me de qualquer forma,
em qualquer lugar.
Assim, mesmo com
tanta roupa,
ou com pouca liberdade,
no meio dessa multidão,
que está a espreitar
o nosso iminente mergulho
nas profundezas do amor.
UM GRANDE AMOR
Brilhando qual uma roseira molhada de orvalhos,
Numa manhã de primavera;
Mesmo sem querer e, por isso,
sofrendo as amarguras de um esquecer necessário , mas impossível;
Imergido na tentativa incerta de vê-la e senti-la em meus braços,
Como quem vivesse alimentado por seus ardentes e irresistíveis beijos de amor,
Estou eu aqui, sozinho e preterido, querendo ter o que está distante e, mesmo assim,
Vendo a possibilidade de um grande amor.
Você que sai de casa sem querer voltar,
ou que volta sem
nada levar,
ou sem nada mudar;
Você que abre a
boca e se esquece de fechá-la;
Você que se faz de
mudo aos meus ouvidos ou que é surdo às minhas palavras;
Você que só sabe
dizer não a quem jamais lhe negou um sim;
Você que tem o
corpo contorcido e a alma sofrida pelas agruras de ontem;
e o amanhã
esquecido pelas promessas de agora, permanecendo nesse inconformismo,
sem insurgir, sem
ficar ou sem ir embora,
É hora...
ONTEM FUI, HOJE SOU
Fui,
um imolado daquela
enfermidade social,
um náufrago
daquele conformismo infernal,
um resto de uma
existência dirigida,
um acompanhante
desacompanhado.
Fui,
carne, que ardia
em cada fenecer,
espírito que
padecia em cada sofrer,
ninguém como
alguém que nada quer ser,
produto de um meio
que não se descondicionou.
Sou,
uma consciência
desapossada e incontida,
um todo que se faz
a si mesmo,
uma parte de um
todo descontraído,
um ser que se
encontrou e se fez sentido.
Sou,
alegria em todo
amanhecer,
amante amado em
todo anoitecer,
felicidade que se
expande,
aquele que, apesar
de tudo,
não deixa de ser.
Doce Mania
Imaginar você
aparecendo, vindo de lá, d’algum lugar,
de pés
descalços, cabelos molhados, roçando o seu corpo,
despida, toda
atrevida, querendo chegar, de perto, de peitos tenros, chegando, de lábios
ávidos, em busca dos meus...
Imaginar você
aparecendo assim, sempre assim,
tem sido a minha
doce mania.
Querer você em
meus braços, deixá-la percorrer meu corpo
em busca das
vezes que não fomos, toda assim, livre e sem reservas, é o que mais desejo,
aqui e agora, se não morro, porque não fui, não pude e não tive...
Você, a
perfeição do amor, do prazer que se fez existência,
que eu tanto
quero em minha vida.
Ah! minha doce
mania...
imaginar você,
querer você, percorrer seu corpo e nele encontrar a paz de que tanto preciso...
MEU SER CRIANÇA
Veio o anoitecer,
adormeci e acordei
em sonho,
num mundo
envolvente de inusitado esplendor.
Deixei-me reviver
a infância,
e no meu ser
criança
revivi amor.
Reencontrei
revestido de luz, meu pequeno barracão,
pássaros livres
gorjeando saudades,
harmonizados num
só refrão,
minha várzea
ensolarada,
meu coqueiro em
ascensão,
minhas alegres
caminhadas,
revi noites
enluaradas,
meu futuro em
minhas mãos,
meu quintal
arborizado,
meu brincar
envolto ao chão,
meus queixumes em
cada canto,
cantigas de São
João.
E presente no
passado,
na aurora da minha
vida,
sentindo minha
inocência invadida,
e confundida num
fulminante crescer,
revi vestígios do
meu ser criança,
que jamais pude
esquecer.
RECOMEÇO
Estou
saindo das profundezas
dessa
agonia,
caminhando
para o porvir, uma vida melhor!
Não
sou e nem fui.
Apenas
serei.
Não
tenho, nem tive.
Não
sabia, não sei.
Do
nada começo.
Sou
tão-somente, o que não sou e nem fui...
Recomeço...
POEMA DE ADEUS
Eu tenho insistido
muito.
Chegando até a lhe
perturbar.
Tenho dito muito
de mim.
Os meus
sentimentos, já os externei de diversas formas.
Eu sei que tenho
sido muito determinado,
persistindo
sempre.
Você, apesar de
corresponder, a seu modo,
Alimentando o que
sinto e o que quero,
Sei que não pode,
por várias razões,
Ser como eu
gostaria que fosse.
Assim, estou eu de
um lado,
Coexistindo com
essa angústia de não poder realizar os meus desejos;
Do outro, você,
que não tem as forças necessárias para ouvir o seu coração;
Talvez, também,
contida à uma angústia um tanto quanto semelhante à minha.
Enfim, se nos
queremos e não podemos concretizar nossos desejos,
Que clamam nossos
sentimentos, é preferível não deixarmos ser.
Você tem sua vida
traçada e o tempo demonstrou que,
no presente, ela é
e jamais deixará de ser.
Eu sigo a minha de
acordo com o caminho que devo percorrer.
O INDIGENTE
Quão passivo é esse indigente,
que como num
gostar eterno e indizível,
acede a essa
insolvência,
como recurso único
e supremo
à sua subsistência;
e inserido nessa
imanência
não sabe exaurir
paciência.
Com todo esse
conformismo,
impregnando sua
razão de ser,
adentrando em suas
entranhas,
e avivando-se num
perecer,
ele vive a sua
vida
e não a ousa
perder.
Sem titubear,
sempre hilariante,
tudo espera ou
supera e prossegue adiante,
como quem precisa
chegar,
mesmo com seu
fardo pesado,
com o que tem a
dizer estocado,
ele caminha sem
claudicar.
Com suas
esperanças jamais esquecidas,
esgotando
derradeiras vontades não desferidas,
ele se apega e confia,
como quem, tragado
por um querer pujante,
desafia, com uma
postura relutante,
o inatingível e
inexorável horizonte
puro e singelo de
sua vida
Como viver nessa
insólita opulência,
afortunado de
tantas vontades esquecidas,
com tantas
esperanças investidas,
permutando desejos
e creditando necessidades não supridas?
NÓS DOIS EM UM INSTANTE
Com a minha
presença diante de ti,
ficaste
impaciente, e a tua postura me sufocou.
E os teus olhos,
que falaram de ansiedades e desejos,
guardados e
fortalecidos pelo tempo que não foi nosso,
impregnaram-me de
vontades, deixando-me impaciente,tanto quanto tu.
DESEJOS
E perante a minha
alma tão impetuosa, você.
A beleza do seu
corpo, perfeito e tão sensual, me encanta.
Sinto o meu corpo
queimando, o meu coração excitado
E os meus desejos
me sufocando.
A tenho diante de
mim mas não consigo toca-la.
Sei que o seu
corpo, ora tão calmo e suave,
Dominará o meu,
que já treme de tanto querer.
Beijar sua boca,
acariciar seus seios, correr minhas mãos em seu corpo,
Faze-la cair em
murmúrios, de tanto amar e ser amada,
são os meus
ardentes desejos.
Ah, divina menina,
meu doce
desespero,
acalma essa
tempestade que me faz náufrago,
nesse mar de desejos...
DO MEU CORAÇÃO
Devo crer que ser feliz
viver é preciso
do meu
coração,
que sabe querer
o que o meu
ser
nessa paixão.
Mulher
Mulher
entre tantas,
mas
rosa com rosto de criança,
rosa
que amanhece suada de tanto amar.
Horizonte
inatingível, esperança imprescindível,
mulher
inesquecível, entardecer que traz saudade,
que
seduz o angelical, que alimenta essa paixão, que corrói,
que
deflagra o espírito cauteloso, que sussurra sem estar perto, domina a mais
louca fera, bela. Mulher na multidão, passos longos, nada na mão, pés
descalços, lábios sensuais, seios descobertos, que atraem os raios do sol que,
curioso, só repousa, não queima, pois respeita a singeleza de uma deusa que,
sobretudo, é rosa. Mulher que enlouquece a quem ama e quer, por uma rosa, viver
se preciso for, pois aceita até morrer, se a morte for
por amor.
Ah! Estes seus olhos que me enlouquecem de tanto querer;
esses seus lábios
que me alucinam em cada querer;
e essa vontade que
não é tortura por ser vontade de você;
é um anjo doce e
suave, mais perfumada que a rosa que perfuma;
mais linda que a
beleza de uma primavera que tarde chegou.
Ah! Esses seus
cabelos, negros e finos, que se derramam em seu corpo,
a criação tão
perfeita, tão bela quanto o amor.
E o que faço, já
que me é dado o direito de ver tanto esplendor,
se o que não faço
e não quero é desistir do seu amor?
Ah, deusa da minha
vida, se não posso viver o amor que sinto,
deixa-me sentir o
sonho que vivo.
SEMPRE PRESENTE
Embora distante, na calada da noite,
ou
em meio às atribulações do cotidiano,
tu
vives em mim e eu te sinto.
Quer
seja na flor que vejo,
no
vento que sopra,
no
amanhecer,
no
entardecer,
ou
nas estrelas desse céu tão teu,
te
sinto.
E
na água cristalina deste riacho de desejos,
vejo
o teu suave e tenro rosto,
com
os teus olhos a me olharem,
deixando-me
enlouquecido,
e
a tua boca, teus lábios, tão sensuais,
porque
não os toco,
fico
em agonia.
LEMBRANÇAS
Hoje sou parte de sua vida,
Pedaço do seu passado.
Sou espaço desocupado,
amante irrequieto,
desejos de você.
Amo o espaço e o tempo que foram nossos,
as lembranças que somos,
e as nossas doces loucuras.
Amo o nosso amor,
que foi tão descomedido
e tão desassossegado.
A procura de quem saiba e possa me fazer amado, sempre amado e eternamente amante,
Parece ser o desejo ardente que encerra o meu coração.
Que caminhos percorrer,
Que rosas procurar
Eu não sei.
O que sei é que ali,
Em algum lugar, existe uma rosa.
Assim,
Pura, alegre, singela e, sobretudo, rosa.
Tão rosa quanto aquela que perfuma,
suaviza, resplandece e que faz ressurgir o amanhecer, a vida.
Tão rosa quanto aquela que procuro.
Enquanto os meus olhos não enxergarem o meu próximo e a beleza da natureza;
enquanto o meu
coração estiver fechado à ternura e à singeleza de uma amizade sincera e
duradoura;
enquanto às minhas
mãos ficarem encolhidas;
enquanto as minhas
palavras não levarem alegria e felicidade por onde eu estiver ou andar;
enquanto a minha
riqueza significar a pobreza de outrem;
enquanto os meus passos
espelharem o medo à verdade, à angustia da solidão, à fuga do passado, à
insegurança no presente e à incerteza do futuro,
não me permitam
a que eu continue habitando este inferno existencial.
Ao contrário,
todavia,
se o brilho do
amor ao próximo e à natureza cintilar nos meus olhos;
se o espírito de
amizade morar no meu coração;
se as minhas mãos
estiverem estendidas;
se as minhas
palavras forem sóbrias e suaves aos seus ouvidos;
se as minhas
decisões refletirem o desejo de todos, se os meus passos refletirem as virtudes
que concorrem à consecução do bem-estar e do bem-comum da humanidade;
e se isto tudo não
for importante,
deixem-me
exorcizar esse demônio que habita em vocês.
LOUCURA
Loucura é querermos esquecer o amor que sentimos.
Loucura, meu amor, é vivermos assim, longe um do outro,
Com tanto amor e desejos e uma vida inteira por viver.
Quanta esperança significa esta vontade de viver, que não é ilusão, é força.
E que força tem esse amor, que me lança nessa caminhada,
Que me torna vivo e destemido, que me conduz ao seu encalço,
Sem temer o tempo que passa, que gasta, a procura de seus beijos, que me chamam,
Seu corpo que me atr4ai, mesmo longe me alimenta,
Me sustenta nessa vontade de viver,
E que futuro garante este presente percurso que sigo em busca da felicidade – você, meu
amor - que, mesmo longe, me tenta e me traz vontade de viver, por este amor, que somos,
que temos, que damos, assim, todo nosso, por inteiro, sem reservas?
Quanta esperança significa esta vontade de viver por este amor?
Para você
recordar,
se preciso for,
pois, talvez,
não seja uma lembrança,
mas uma esperança,
de quem deseja o seu amor.
Não me permita
que eu deixe
de nutrir esse
desejo
que me faz viver.
AMANTES
Com ternura e muito carinho tiveste-me como teu amante e me fizeste senhor do universo,
O mais feliz dos homens.
Mergulhado no seio da tua boca e no meio do teu corpo, tragado por teus desejos, dominado por teu descomedido amor, amei e fui amado.
Fiz carícias e o teu corpo de tanto querer sugou-me muitas vezes.
E os nossos corpos, cansados e suados, inseparáveis qual nossas bocas, desenhando a solidez do nosso amor, definiram o significado destes amantes que somos.
Talvez
neste momento em que o silêncio da madrugada desperta o meu coração,
e
faz dos que aguardam o dia amanhecer sentinelas do universo,
eu
possa deixar escrito aqui, o amor que tenho por você,
nascido
naquele dia, quando nos encontramos, engrandecido ao longo do tempo em que
fomos nos conhecendo e que vem se eternizando pelas vontades e desejos de nós
dois.
Às
vezes, por desespero, resultante de anseios sentidos e sofridos –porque em
nenhum instante de minha vida você está ausente, e a sua presença em meus
pensamentos induz-me a querer o seu calor, os seus abraços, os seus beijos, o seu
corpo, o seu amor - concebo ser melhor para o meu coração, renunciar a esse
amor, que só existe mas não é deixado ser.
Porém, como saber
o que é melhor para o meu coração, se é ele quem sabe o que é melhor para mim?
AS ROSAS
As rosas vêm ao mundo, crescem e surgem as rosas.
Rosas que espinham, rosas que dilaceram e enlouquecem os corações.
Rosas que definham, que se entristecem e até desaparecem por um amor que nem bem começa ou que surge, mas não fica.
Rosas que perfumam o universo, em meios aos raios de tantos sóis que, assim, assim, espalham-se ora fugazmente, ora suavemente, no seio de tantos jardins.
São tantas as rosas,
São tantas as vezes que me embriago de rosas,
Que não resisto a uma rosa.
São tantas as rosas...
A MINHA VIDA
A minha vida só me
importa,
na medida em que
busco fazer de mim,
um universo eivado
de amor,
de alegria
e de felicidade.
Por isso,
guardo n’alma o
desejo interminável
de viver o amor,
a alegria
e a felicidade,
que posso ser,
que posso ter
e que posso dar.
a vontade e a grandeza desse amor que deflagra o meu coração.
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