quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Poema: "Um dia quando eu for ausente"

 

 

Um dia, quando eu for ausência com presença espiritual, meus filhos, versão maior do meu amor, verão que fui um poeta apaixonado e amei tanto, que não me importei de ser amado;

Um dia, quando for só lembranças para meus filhos, quero estar presente como um poeta que foi apaixonado pelas flores, pela lua, pelas estrelas, pela beleza nascida da correnteza das águas dos rios da minha vida, que formaram igarapés, cachoeiras, relvas, pomares, jardins com muitas flores, belas e perfumadas;

Um dia, quando apenas as imagens, meus poemas e as lembranças estiverem presentes na memória dos meus filhos, quero estar nos pensamentos como um poeta pai e um pai-poeta, que sempre foi feliz porque viveu, em seus versos, o verdadeiro amor, a amizade e a ausência impiedosa do amor esperado, que apareceu, mas nunca chegou;

Quero que se mirem nos bons exemplos e se apeguem, apaixonadamente, com muita sabedoria, ao bem senso e ao discernimento, quando das suas atitudes e decisões;

Quero que se apeguem à música, à leitura de tudo que exale cheiro de sabedoria, poesia, cultura, virtudes e amizade. Que espalhem sementes da sabedoria para que todos possam desfrutar da felicidade! Fui uma das vítimas da ignorância dos homens! Se não fosse essa tal ignorância, teria sido feliz! Como conviver com desiguais e ser feliz? A cultura, o saber, é a chave do discernimento; do bom senso.

Quando um dia eu for tão somente lembranças, quero que vejam apenas meus sorrisos e leiam apenas o que escrevi dizendo da felicidade que vivi e do amor que tive para dar e que, mesmo assim, fiquei inesgotável, porque, apesar dos jardins e das flores, preferi apenas admirar, tocar sem apropriar-me da mais perfeita criação do Pai celestial, porque, sem querer, fui de ninguém;

Quero que me vejam, embora tenham visto poucas vezes, como um amante do aconchego dos amigos, ao derredor de uma fogueira, sob a luz do luar, cantando e dizendo versos, agarrando, carinhosamente, o amigo violão, um bom vinho e muito amor no coração;

Quero que me vejam, quando escrevendo, querendo, com isso, de alguma forma, influenciar à construção de uma vida melhor, por não acreditar que a ignorância faça bem a alguém! É preciso extirpar esse mal que se espalha, inabalavelmente, na humanidade, dizimando-a, cruel e lentamente.

Quero que vejam em Deus um aliado na realização dos sonhos sonhados!

Quero que se lembrem sempre, que são o melhor pedaço de mim.

Quero que, em cada amanhecer de um novo dia, reescrevam, reinventem, e pensem suas vidas e, se for preciso, recomecem tudo de novo,  pois esse é o sentido da vida, recomeçar, para prosseguir, mais e melhor, pelo começo, pelo meio, pelo fim.

 

 José Valdir Pereira


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Quando fores me amar

  Quando fores me amar, meu amor, me ama devagar, sem alarde e como que se eu fosse teu primeiro amor, porque, feito tal, me verás como a ...