APRESENTAÇÃO
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José Valdir Pereira
Já fiz algumas apresentações de bons livros,
principalmente da autoria de célebres escritores e poetas de Rondônia e do
Ceará. Quando convido alguém para fazer a apresentação ou prefaciar um livro de
minha autoria, procuro sempre àqueles talentos que possam enriquecer o livro,
com suas palavras sábias, melhorando o conteúdo apresentado, e que tenha
feeling acerca dos caminhos por onde enveredaram as vertentes do livro e
conheça um pouco da alma e do coração de quem esteve, horas, dias, meses, anos
a fio, dedicados à produção de uma obra literária ou técnica, que tem o fito de
contribuir com a reflexão dos leitores acerca dos valores, atitudes e
entendimentos que a humanidade está tendo sobre sua caminhada.
Nadylson, por intermédio deste livro de poemas, “Desarrumando
corações”, com belíssimo poemas, é inegável, com certeza quer nos apresentar o
que há de melhor na sua produção poética, onde procura nos mostrar suas
impressões, reflexões e afazeres da vida que desfruta, desde que começou a
entender sua parte do ser que segue nesse percurso e nesses percalços do dia a
dia.
Sua introspecção na viagem que o leva à vida intrínseca e poética, está nos poemas:
Nas minhas constantes leitura na busca de sabedoria, pois
um homem sábio consegue conviver melhor com a ignorância do mundo, encontrei
uma frase que diz: “o céu estrelado vale a dor do mundo”. Parece, não vou
afirmar peremptoriamente porque é uma constatação, Nadylson com seus poemas
enche o céu de estrelas para que, ao contemplá-lo, desapareça a dor que o mundo
em que vivemos nos causa, impiedosamente. Seu Ethos, que se
circunscreve cortante e assertivamente, tanto quando trata de questões mais transcendentais,
como quando de assuntos mais efêmeros, arranca de sua leitura o mesmo desejo de
reflexão. Discorre sobre a confecção poética em si, assim como dialoga com
outras vertentes.
Logo
no limiar da demonstração do seu “eu” poético e existencial, quando se
apresenta, Nadylson se expõe e nos traz à sua forma de ser e de viver, sua
idiossincrasia, quando diz que é um brasileiro a trazer no peito a força do
destino, um poeta transitando pela vida.
Nos
poemas “Desarrumando corações” e “Chegando despretensiosa”, Nadylson me fez
lembrar de uma canção do Conjunto 77, com a música “Desarrumar”, uma bela
composição, onde desarrumar é tirar do lugar, da ordem ou disposição
conveniente. Dá-nos a entender, Nadylson e o Conjunto 77, a força, a nobreza, a
profundidade das palavras, o poder de quem a tem como ferramenta para dialogar
com o mundo.
Roberto
Carlos, de quem sou fã, em uma de suas canções composta com o parceiro Erasmo
Carlos, intitulada “Você não sabe”, diz, em uma das estrofes do poema“...eu
chegaria onde só chegam os pensamentos, encontraria uma palavra que não existe, pra te dizer nesse meu verso quase triste,
como é grande o meu amor...”.
O autor deste magnífico livro de poemas, fez muito bem o uso das palavras para nos dizer através de seus versos, como é grande o seu amor pela vida, pela família, pelos amores que já teve, pelo que tem sido, pelo que é e pelo que faz. Ele nos traz poemas em que o eu lírico se circunscreve como carnal, passional e efêmero, diante de Deus e diante de si mesmo. Seus poemas versam sobre o estágio de desenvolvimento humano que em todos habita e que, circunstancialmente, se nos apresenta.
No
poema “Despertar de uma admiração”, fica desnudado e à mostra por inteiro, onde
percebemos, tudo ao mesmo tempo, o amor, o belo, o lírico, o divino e a
presença de um coração amoroso:
Certamente não há como se furtar da assertiva de que
Nadylson tem um pouco de Castro Alves, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo,
Joaquim Manuel de Macedo, poetas do romantismo, uma
vertente das artes que despontou no Brasil na primeira metade do século XIX,
após a independência do país e que algumas obras literárias foram marcantes
para definir o estilo, cheio de versos livres, sentimentalismo e idealizações,
o que encontramos nos poemas deste livro do poeta.
Quem
não se lembra do livro “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo? Pois bem!
Alguns poemas da autoria do poeta Nadylson (já podemos chamá-lo de poeta e, ao
mesmo tempo, dizer-lhe: seja bem-vindo à divina classe) nos fazem lembrar desta
passagem do livro:
“Em uma das ruas do jardim duas rolinhas mariscavam: mas, ao sentirem passos, voaram e pousando não muito longe, em um arbusto, começaram a beijar-se com ternura: e esta cena se passava aos olhos de Augusto e Carolina!
Igual pensamento, talvez, brilhou em ambas aquelas almas, porque os olhares da menina e do moço se encontraram ao mesmo tempo e os olhos da virgem modestamente se abaixaram e em suas faces se acendeu um fogo, que era pejo.” (Trecho do romance A Moreninha).
Com
a presença do Nadylson em nosso meio, ganhamos um poeta cheio de simplicidade e
encantamento. E as mulheres, um dos mais fervorosos admiradores, de quem terão
sempre o romantismo, o lirismo e o afeto, traduzidos na doçura, na meiguice, na
sutileza e na ternura de suas palavras a simbolizar o encantamento dessas musas
que jamais deixarão de ser virgens, amantes, admiradas, amadas, amigas e
queridas, em qualquer circunstância, tempo e lugar.
Neste
momento, dou-me a lembrar, parafraseando o que me disse um dia seu tio acerca
do meu livro “Momentos”, lançado em 1983, o extraordinário poeta sonetista
Bolivar Marcelino, um dos fundadores da Academia de Letras de Rondônia (1986):
“Aí
está pois, meu caro Nadylson, o teu livro de poemas “Desarrumando Corações”,
com tuas catedrais de sonhos que irão perenizar-se na intemporalidade de tua
arte.
Ao
chegar ao escopo desta oportuna e prazerosa apresentação, que se eterniza no
esplêndido livro de poemas do amigo Nadylson, a quem agradeço a honrosa e nobre
distinção, deixo registrado as seguintes palavras de um admirável e
inesquecível escritor russo:
“A coisa mais valiosa
que um homem possui é a vida.
Só lhe é dado uma vez e
por isso deve aproveitá-lo para que os anos que viveu não o oprimam, para que a
vergonha de um passado miserável e mesquinho não o queime e para que ao morrer
possa dizer:
Dediquei toda a minha
vida e toda a minha força à coisa mais linda do mundo, à luta pela libertação
da Humanidade.”
Nikolai
Alexeyevich Ostrovsky
Também, com a
anuência do poeta Nadylson, quero deixar registrado aqui nesta apresentação de
seu livro, as palavras de um amigo nosso, professor, historiador, escritor e
advogado Vitor Hugo, quando fez a apresentação de um dos meus livros:
O poeta vai pela
rua.
Ninguém está vendo
o poeta,
Porque o poeta é
transparente.
Mas duvido que
ninguém sinta
A sua presença
abstrata.
Todo livro tem a
sua história particular, os seus quês e para-quês, defeitos
ou virtudes, que lhes assinalam os homens, os fatos, ou a natureza. A poesia em
ti começa em teu lar. Não és poeta porque escreves poemas, tampouco és poeta
porque tens um lar poético.
Constituíste, sim,
um idílico lar poético porque és poeta: a poesia está em ti.
A poesia é o
coração, é a alma, um produto superior ao mesmo livro; em miríades de sensações
diversas, em um labirinto de belos panoramas, dispostos ao colorão da arte, a
poesia fulgura, a imaginação voa, o ideal se coloca e a imensidade aparece.
Confesso que não
fiquei surpreso quando você me disse que estava se preparando para publicar um
livro de poemas, convidando-me para fazer parte deste momento como
apresentador.
Você é uma pessoa
que tem aquelas qualidades que Deus espera haver em suas criaturas:
simplicidade, amor ao próximo, dedicação à profissão, bom caráter, ética,
cidadão responsável, cultua a família, a amizade e o bem-estar da sociedade.
Sei disso porque
trabalhamos por muitos anos juntos, no mesmo chão, anonimamente, a serviço da
mesma comunidade, ou seja, em prol da educação de Rondônia. E eu me orgulho de
ser seu amigo.
Estão aí, Nadylson,
os teus versos. Tua obra de arte. Teu livro é uma poesia, cheio de belos
poemas. Continua compondo versos, continua sendo poeta, sobretudo na vida,
esperança dos míseros humanos, divino apagador dos desenganos. Continua
assentado na tua trindade poética: bíblico, lírico e existencial, e tudo em
nome do amor!
Que assim Deus, o Criador, o ajude, o inspire e o
encaminhe!
·
José Valdir Pereira
Professor, poeta e escritor, com 11 livros publicados.
Em Rondônia, foi Subsecretário de Educação, Presidente do Conselho Estadual de Cultura, Presidente da Academia de Letras de Rondônia, Professor da Universidade Federal do Pará-UFPa e da Universidade Federal de Rondônia-UNIR, Coordenador de Planejamento da Secretaria de Educação, Diretor do Centro e Ensino Superior de Rondônia-CESUR, Vice-Presidente da União Brasileira de Escritores-Seção Rondônia, Pró-Reitor Acadêmico da Universidade Federal de Rondônia-UNIR, membro do Conselho de Educação de Rondônia e fundador das Academias de Letras de Rondônia, e dos municípios de Guajará Mirim, de Cacoal e de Buritis.
No Ceará, foi Vice-Presidente da Associação Nacional de Política e Administração da Educação para a Região do Nordeste, Coordenador de Planejamento da Secretaria de Educação do Estado, Diretor de Administração da Delegacia do MEC no Ceará, Coordenador do Projeto Nordeste/Acordo Brasil-MEC-CE e Banco Mundial, Presidente do Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania-PNAC.
Atualmente é membro dos Diplomados da Escola Superior de Guerra-ADESG, membro Conselheiro da Fundação CESGRANRIO, Revista ENSAIO - Avaliação e Políticas Públicas em Educação, membro da Associação Nacional de Política e Administração-ANPAE, membro da Academia de Letras de Rondônia, membro da Associação Varzealegrense de Poetas e Escritores-AVAPE e cidadão Honorário do Município de Porto Velho-RO.
Por fim, além de se dedicar à vida literária, José
Valdir Pereira é consultor em financiamento e planejamento de ações
socioeconômicas e culturais.
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