SENHOR PRESIDENTE, SENHORES VEREADORES, SENHORAS E SENHORES, AMIGOS E FAMILIARES:
Muito me alegram as suas presenças!
Aqui estou para ser investido no título de Cidadão Honorário de Porto Velho, que me é concedido por esta Câmara. Meus sinceros agradecimentos ao Vereador Jean Oliveira, que fez a proposta, e aos demais Vereadores que a aprovaram, tornando possível esta outorga.
Não poderia, fugir, assim, de início, ao agradecimento bem mais do que formal à Câmara Municipal e aos vereadores que votaram em meu nome para receber tal honraria.
Sei que o Vereador Jean Oliveira quis com seu nobre e gentil gesto, declarar que quem o recebe é merecedor de todas as homenagens que lhe são dirigidas e que Porto Velho, desta forma, está resgatando o trabalho que fiz por nossa cidade e pelo Estado, concedendo-me a mais alta honraria que o município pode oferecer.
Antes de prosseguir este discurso, quero sublinhar as palavras desses importantes pensadores:
“A estima vale mais do que a celebridade,
a consideração mais do que a fama e a honra vale mais do que a glória”
"A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las”.
(Aristóteles )
Andei, andei, andei
Até encontrar
Este amor tão bonito
Que me fez parar
Neste pedaço de chão
No coração da Amazônia
Encontrei meu lugar
(...)
Têm tanto amor verdadeiro
Que nunca vai faltar
Lenda de animais e rios
Aves, flores, desafios
Este é o meu lugar...
(...)
Neuma Morais / Neon Morais
Não é fácil, ainda mais para um sentimental, um poeta, conter a emoção ao ser contemplado com o título de Cidadão Honorário. Sinceramente, seria mais fácil para mim, nesta solenidade, ao invés de fazer um discurso, poder ler um dos meus poemas. Desde o momento que soube da idéia do encaminhamento da proposta, tenho vivido intensamente esta emoção. Foi grande a surpresa e a alegria que me acometeram ao ser lembrado para tal honraria, embora saiba, desde sempre, da generosidade de que é pródigo este chão, e que têm nos ilustres vereadores desta Augusta Casa, a chama da gratidão sempre a brilhar àqueles que contribuíram para o desenvolvimento político e sociocultural de Porto Velho.
Não quis ficar calado; aliás, não devia diante de um gesto tão grandioso quanto este da Câmara Municipal de Porto Velho. De forma alguma, poderia deixar de fazer um agradecimento público a esta iniciativa que tanto me honra.
Mas,
SENHOR PRESIDENTE, SENHORES VEREADORES, SENHORAS E SENHORES, AMIGOS E FAMILIARES:
Vejo-me no dever de falar, também para dar meu testemunho pessoal, a esta e às futuras gerações, de que é possível um garoto pobre ser vitorioso e dar a sua contribuição – ainda que modesta, como a minha – à sociedade em que vive.
Neste momento solene poderia discorrer sobre minha vida em Porto Velho e sobre Porto Velho em minha vida. Mas, esta parte, pelo que já foi dito e apresentado, encontra-se generosa e devidamente sublinhada. Quando aqui cheguei em 1958, acompanhando meus pais, com 6 anos de idade, vindo de Várzea Alegre, município do estado do Ceará, da bela e majestosa região do Cariri, poucas lembranças carregava da minha terra natal, salvo àquelas brincadeiras que fazem parte da meninice de todo ser pueril, as quais retrato num dos meus poemas intitulado “Meu ser Criança”. O que sempre tem me tomado por inteiro, alma e coração, o tempo todo, todo o tempo, é Porto Velho. E há muitas razões para amar esta cidade. Impossível encontrar palavras que traduzam meu contentamento, minha alegria.
Faço, agora, do fundo do meu coração, um agradecimento solene a esta cidade amiga, aos seus habitantes, aos meus amigos e às minhas amigas da vida inteira.
Em Porto Velho, plantei meus sonhos, constituí uma família, ponto fundamental de apoio da minha vida;
Nesta cidade, fiz muitos amigos, tive a chance de participar de grandes momentos históricos, vivi os melhores anos de minha vida;
Desta cidade recolho as dádivas que me permitem sustentar minha família, participar da vida social, participar da Academia de Letras de Rondônia e dos eventos sociais, viver algumas vezes longe dela, morrendo de saudade do seu carinho e do seu jeito amoroso de me acolher, que me doa à cidade de Fortaleza alguns meses do ano para que, ali, possa também dar minha contribuição de cidadão comprometido com o trabalho que visa à melhoria da vida da sociedade;
Esta cidade a quem devo a capacidade de me tornar membro do Conselho Editorial da Fundação Cesgranrio, uma das mais importantes instituições de ensino e de pesquisa do Brasil e, ainda, que me ensinou a atuar, em todos os níveis, com competência e sabedoria, nas ações de política, planejamento e administração da educação.
A esta cidade dei e continuo dando o meu empenho, a minha dedicação, o meu amor, a minha poesia, a minha literatura, a minha vida.
Às vezes, fico triste quando vejo que ainda não estão lhe dando a atenção merecida; às vezes, choro de alegria quando vejo sua gente contente e feliz, celebrando algumas estatísticas, algumas conquistas, na área da cultura, da educação e da economia.
Não! Sinceramente, jamais imaginei que um dia, um belo dia, um jovem, ainda no limiar da sua juventude, já demonstrando o quanto pode fazer e fará em prol do desenvolvimento desta cidade, viesse ser o responsável pela proposição do projeto que culminou com a concessão do honroso título que ora recebo.
O vereador Jean Oliveira foi nesta Augusta Casa extraordinário parlamentar, com louvável atuação, e já demonstra, com seu gesto, com sua atuação de política sensível aos problemas do povo e competente no encaminhamento das soluções, sinais do líder político que é e que virá a ser. Um admirável tribuno, uma pessoa de convívio político e social fácil, um político devotado às causas do nosso município. Estes e outros atributos já fizeram dele merecedor da confiança do povo de Rondônia, que acaba de convidá-lo, pela expressiva votação que obteve nestas eleições recentemente realizadas, para exercer o mandato de deputado estadual, quando, certamente, a exemplo do que acontece no exercício parlamentar na Câmara Municipal de Porto Velho, saberá cumprir com a missão que recebeu do povo de Rondônia, no sentido de assegurar ao Estado, àquele desenvolvimento e progresso capaz de ajudar à melhoria da qualidade de vida da sociedade rondoniense. Certamente, ainda receberá distinguidas e grandiosas missões políticas.
Aceite, então, nobre vereador, o meu mais profundo agradecimento, e que Deus continue iluminando seu caminho, para que nunca lhe faltem à energia e a luz da sabedoria, da bondade, do amor, e seja seu coração sempre eivado desses valiosos gestos que engrandecem e incentivam a existência do culto à memória, à história, ao reconhecimento e à valoração dos homens que dedicam e dedicaram suas vidas às causas que valorizam a vida, a liberdade, a fraternidade e a igualdade.
Aceite, Porto Velho, você que é meu mais declarado, antigo, melhor e grande amor;
aceite, minha gente amada, desta amada terra, que nos permite desfrutar em seu leito da mais sublime e fenomenal dádiva de Deus, a vida...
Aceitem meus agradecimentos.
Hoje fui batizado. Com muito orgulho, sou agora, corpo e alma, teu filho. E, a partir de agora, para mim, com a devida vênia, o mais porto-velhense de todos!
Ao encerrar, peço ao mestre Gibran Kalil Gibran que me empreste um texto de sua autoria, inserido no Livro "O Profeta", para que o adapte para este momento:
“Como és formosa, oh Porto Velho, e como és esplendida,
És bela quando te vestes de sombra e quando põe no rosto a máscara das trevas.
São suaves as canções de tuas auroras, e imponentes as aleluias de teus entardeceres.
Como és perfeita, oh Porto Velho, e como és nobre e justa.
Como és generosa, oh Porto Velho e como és paciente.
Como és carinhosa para com seus filhos distraídos da verdade pelas ilusões
e perdidos entre o que foi e o que nunca será.
Nós passamos e tu permaneces ainda mais aconchegante.
Nós blasfemamos e tu nos afagas e nos acolhes.
Que és e o que és, Porto Velho?
És uma gota de sangue saída das veias gigantes dos gigantes
ou és uma gota de suor sobre tua frente ?
És uma semente jogada no campo do éter,
que quebrou tua casca e brotou e cresceu?
És uma fruta lentamente colorida pelo sol,
ou és uma fruta da árvore do saber supremo,
cujas raízes penetram nas profundezas da eternidade?
Ou és uma joia que o deus do tempo pôs na mãos da deusa das distâncias?
És uma criança no regaço do universo?
Que sois e quem sois, oh Porto Velho?
Sois nosso olhar e nossa visão.
Sois nossa razão e nossa imaginação e nossos sonhos.
Sois nossa sede e nossa fome.
Sois nosso sofrimento e nossa alegria.
Sois o nosso sono e nosso despertar.
Sois a beleza de nosso olhar e paixão de nosso coração e a eternidade da nossa alma.
Sois tudo isso e muito mais que as palavras não podem exprimir.
Sois enfim, a capital do meu rincão querido, estado de Rondônia.
Muito obrigado!
José Valdir Pereira
Poeta e escritor
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