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terça-feira, 31 de dezembro de 2019

...E, DE REPENTE,...

De repente, em menos de dois anos, vi partirem para o céu, papai e mamãe. Mamãe, dia 1º de abril de 2018. Papai, dia 6 de dezembro de 2019. Apenas 1 ano e alguns meses depois. Inacreditável! Não é de se imaginar que tudo fosse tão fugas e fulminante. Mamãe, com 84 anos, despediu-se de mim após 12 horas que estive em sua companhia, em quem dei beijos, abraços e brinquei. Uma partida súbita. Papai, aos 92 anos de idade, sofreu um aneurisma. Ficou 3 meses em coma. Porque eu estava em Fortaleza, esperou-me chegar em Porto Velho para poder partir. Em menos de uma semana, depois que cheguei, disse-nos adeus. E, assim, tão de repente. Ontem, aqui, eles aqui, alegres, embora doentes, mas alegres, e hoje, já no céu, deixando-nos órfãos. Não paro de pensar na brevidade da vida e no que somos amanhã. Nada! Somos tudo hoje: amor, paz, sonhos, luta, saúde, sorrisos e planos. Amanhã, nada!

Também, por outro lado, seguindo a máxima de que "o que Deus une o homem não pode separar", fiz o translado do corpo do papai para Fortaleza, a fim de que ele fosse sepultado no mesmo jazigo da mamãe. Fiz questão de por os dois corpos juntos. Viveram mais de 70 anos juntos aqui na terra. Então, não poderia papai estar sepultado em Porto Velho e mamãe em Fortaleza. Pode parecer algo infundado, mas me sinto feliz por ter realizado à vontade dos dois, mesmo eles não tendo expressado esse desejo.

Mamãe, certo dia, alguns meses antes de partir, desconfiou que estavam lhe paparicando muito. Eu não, porque sempre fomos o xodó, um do outro, mas os outros parentes, não. Então, sempre que nos reuníamos pra feijoada, aos sábados, ela me passava, pelo olhar, que aquilo era estranho e resmungava: será, meu Deus? Pois é. Ela sabia que sua partida estava breve. Tanto que, nos últimos três anos, o que mais mamãe fazia era rezar e abençoar os filhos, os netos, sorrir, agradar, dar presentes, se endividar...Ela se endividava e me chamava - chega, meu filhinho querido - para resolver seus problemas financeiros. Mas nunca pedia que lhe desse dinheiro. Pedia-me que lhe emprestasse. E era assim que acontecia.

Papai, por sua vez, sempre foi tranquilo. Se algo estivesse acontecendo ao seu redor, ele não dava conta. Depois que chegou aos 90 anos, vivia o tempo todo agradecendo a Deus o feito. Não se preocupava muito porque sabia que seu "Popai", eu, estava por perto, como sempre, para lhe ajudar.

Então, agora, por incrível que pareça, estamos sem os dois, eu e mais 7 irmãos. Tudo inacreditável. Mas é bom que todos saibam. Ninguém é eterno e os filho precisam cuidar e amar seus pais a vida toda. De uma hora pra outra, sem mais nem menos, eles se vão. 

Hoje, estou sem meus principais amigos. Aqueles que não viviam longe de mim, por nenhum motivo. Fui morar em Fortaleza e, sem demora, lá estavam eles morando em Fortaleza. Era um grande chamego. Diziam que eu lhes passava segurança e sabiam que em qualquer precisão eu podia lhes socorrer.

Foi assim a vida toda. Desde os 6 anos de idade, já ajudava meu pai na roça, em Várzea Alegre-CE. Em Rondônia, depois que viemos morar na Amazônia, fui o esteio, o braço forte da família. E mamãe sempre reconheceu isso e nunca poupou elogios e comentários sobre a saga da minha vida, "criando" os pais e os irmãos. E eu gostava de ouvi-la contar nossa história, que um dia a abordarei em um livro da família.

É a vida. Sinto falta deles. Eles sabiam dar valor e reconheciam a importância de quem os ajudou! Mamãe não vivia um dia sem saber como eu estava, por onde andava e porque não havia ligado pra ela. Para ter-me sempre perto dela, me fazia um monte de agrados. Bolo, almoço, pudim, presentes, mesmo os mais simples, dinheiro emprestado (só pra me ocupar, mesmo que não precisasse), cartão de natal (era o primeiro que eu recebia). No meu aniversário, a primeira mensagem de parabéns vinha de um telefonema dela. Gostava de dizer que tinha puxado a mim no fazer poesia. Já pensou, quanta honra uma mãe dizer que puxou o filho?

Graças a Deus os dois, pela fé que tenho, acredito, continuam juntinhos aqui na terra e lá no céu.

Obrigado, mamãe, por tudo. Obrigado, papai, por tudo!












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