Eu nem pensava ser professor; minha ambição era ser médico; mas, de qualquer sorte, formei muitos médicos. Outro dia, quase não chegava em casa, de tanto ser interceptado, carinhosamente, pelos ex-alunos; e tantas foram as conversas, que eu renasci e anos e anos revi e revivi; e aqueles, hoje pais, avós e até velhinhos, eram vistos por mim, naqueles instantes, como criancinhas ou adolescentes, vivendo suas esperanças, quimeras e seus sonhos! Parece que me ofertavam flores e parece que eu era beijado e abraçado como acontecera em velhos anos atrás, muitas vezes.
Agora, todos adultos, são tímidos ou então pensam que mudamos e ficamos distantes... Que nada! O melhor de ser professor é isso: continuamos professor nos corações dos nossos alunos e continuamos felizes, eivados de boas lembranças, recordações, e até nos pegamos sorrindo, ao lembrarmos, com saudade, incidentes, atitudes desajeitadas de alguns, gestos carinhosos de outros, e até dos presentes que ganhávamos, principalmente dos pequeninos, e que eles próprios nos ajudavam a levar esses presentes para casa, porque eram tantos... E agora? Agora, sou um professor poeta; um professor escritor, que escreve suas reminiscências, suas saudades, suas realizações, a vida e seus contornos, idas e vindas, caminhos e descaminhos, e suas esperanças em versos, como que estivesse, ainda, numa sala de aula, respirando pó de giz, de frente para um quadro verde, outrora negro, voz rouca, mas feliz porque... é gostoso ser professor! Professor de manhã, de tarde e de noite; até de madrugada, certas vezes! Coisa de professor! Uma delícia ser professor.
Até hoje o exercício da profissão dá satisfação, prazer e alegria, porque, ao encontrar ex-alunos, vêm os abraços e, através deles, parece que querem oferecer toda riqueza do mundo, como presente pelos momentos que vivemos juntos e pelo quão importante fomos em suas vidas!
Quero crer que seria um bom médico, como fui um bom professor!
Mas, agora, quero ser um bom poeta, como fui um bom professor.
Continuo semeando amor, flores, paz, carinho e sabedoria. Poeta, médico ou professor fazem muito bem isso!
"Não somos só o que queremos; somos, principalmente, aquilo que fazemos!"
(josé Valdir Pereira)
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