Aos homens de bem, nossos efusivos aplausos!
Como já escrevi, este título é uma homenagem que faço ao meu saudoso amigo Esron Menezes (em memória), confrade da Academia de Letras de Rondônia, que publicava seus escritos com este título, inclusive seu livro tem este título. Ele, eu e mais 13 rondonienses fundamos a Academia de Letras de Rondônia, no dia 26 de junho de 1986.
Depois contarei esta magnífica história, marco da literatura de Rondônia. Estarei publicando neste valioso espaço cultural/histórico, que presta um extraordinário serviço ao povo de Rondônia, trazendo-nos lembranças e reminiscências do nosso passado, apenas nos finais de semana.
Estas lembranças dizem respeito ao Médico Jacob Freitas Atallah
SERÁ SEMPRE POUCO TUDO O QUE DISSERMOS SOBRE A BONDADE, A GRANDEZA E A IMPORTÂNCIA DO AMIGO JACOB DE FREITAS ATALLAH.
E todas as homenagens não serão tão grandes a ponto de alcançar sua nobreza e sua alma e seu coração divinos.
Jacob Atallah. Não foi tanto pelo que fez como homem público, mas pelo que foi e era como cidadão, família, amigo e profissional.
Quem teve o sagrado privilégio de conviver com este respeitoso e íntegro homem, nem que tenha sido apenas por alguns momentos, sabe do quanto era tão pura, sua alma, e tão bondoso, seu coração.
Uma vez, quando despachava com ele na época em que fui seu coordenador de planejamento na Secretaria de Educação de Rondônia, ele, secretário, disse-me, por saber que eu escrevia poemas, que adorava os poemas de Pablo Neruda. E era fã das artes e da música, e seu principal lazer era fazer suas leituras.
Jacob era muito prático e um homem profundamente culto. Talvez, por isso, sempre uma excelência em tudo que fazia. E eu vi e fui testemunha: o que ele mais amava, era fazer o bem a todos, indistintamente. Lembro-me de muitos elogios que lhe faziam, agradecendo sua calorosa atenção dispensada aos seus pacientes, aos quais ele, como médico de família, os atendia com amor, indo à casa de cada um, levar, não somente a cura ao corpo, mas, com sua maneira humana divinal de ser, a exemplo de São Lucas, o médico evangelista, levar, também, conforto e amor espiritual.
Jacob Atallah, quando foi convidado pelo governador Jorge Teixeira para ser secretário da educação, foi, na companhia do Álvaro Lustosa, até minha casa, me convidar para que eu assumisse a Coordenadoria de Planejamento. Disse-me, na ocasião, que já havia convidado o Álvaro para ser seu secretário adjunto e o José Maria para ser seu Diretor Administrativo. Esse pessoal já o conhecia desde a prefeitura de Porto Velho, quando fora prefeito. Disse-me: com você, fica completa minha equipe. Quero dizer: quem teria essa humildade de Santa Tereza de Calcutá, um grande homem da envergadura do médico Jacob, para ir à casa de alguém, fazer um convite desses?
Depois, algum tempo depois, ele deixou o cargo de Secretário e o Governador Jorge Teixeira, a pedido dele, nomeou o Economista e Professor Álvaro Lustosa Pires como Secretário da pasta da educação e eu, depois, fui nomeado Subsecretário da Educação, formando uma boa parceria. Era o político Álvaro e o técnico José Valdir Pereira.
Jacob dava exemplos de vida. Sério, responsável, dedicado pai, esposo e amigo. Um mestre, um sábio, uma vida dedicada aos planos que Deus traçou para que ele desenvolvesse e cuidasse aqui na terra. Ele falava conosco com o olhar e com os gestos. Sua risada era inenarrável e incomparável... Tanto, tanto, que jamais vamos esquecer de vê-lo diante de nós sempre rindo e gesticulando, passando para todos nós, tudo o que já lhe ensinara, a vida.
Viajei muitas vezes com o médico Jacob, quando fui seu assessor na área da educação. À Brasília, certa vez, estavam esperando-o no aeroporto para uma consulta. Havia um paciente acometido de malária. E lá estava ele preparado (andava sempre com sua pasta cheia de apoio medicinal), com os remédios específicos para curar o doente. Era um daqueles médicos que só sua presença com seu estetoscópio, amada presença, já curava o doente, dada a sua grandeza espiritual.
A professora, historiadora, escritora e membro da Academia de Letras de Rondônia, certo dia escreveu:
"Membro fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia (seu primeiro presidente), lembro-me de que em uma das reuniões da instituição, indaguei-lhe porque não escrevia livros, respondeu com muito bom humor: “Autor de livro é como cantador, só presta bom”. O senso de responsabilidade e o escrúpulo exagerado o tornaram exigente com seus trabalhos. Lamentamos sua teimosia em não publicar um livro, atendendo às solicitações que lhe eram feitas. Muitas vezes ao encontrá-lo, comentava: “Jacob, lembre-se do livro que você deve à Rondônia”. Mas Jacob não atendeu a reivindicação. Pouco escreveu, em relação ao muito que sabia. Hoje entendo a ausência do seu livro. É que o culto Jacob Atallah, criado nas barrancas do Madeira, não tinha temperamento de se comprometer longo tempo com páginas escritas. Seu espírito era livre, como livre é a cultura e a liberdade tinha para ele o sabor da felicidade suprema."
O jornalista Lúcio Albuquerque também escreveu um pouco sobre a vida do médico Jacob Atallah. E, em letras garrafais, destacou: "APESAR DO QUE FEZ, É OUTRO CANDIDATO A SER ESQUECIDO NA NOSSA HISTÓRIA?
Uma vez escrevi um livro de história sobre Rondônia. Foram 5 anos de pesquisas e 400 páginas escritas. Muitos amigos outros poderiam fazer a apresentação do livro, mas ninguém como ele. Então, não titubeei e fui à sua casa pedir-lhe que fosse ele a fazê-lo. Está lá, no livro, suas divinas, auspiciosas e sábias palavras. Nada nos negava, se estivéssemos comprometidos com o bem.
Raramente eu via o amigo e médico Jacob sem sua amada Auristela que, como sua grande amada, o acompanhou a vida toda e o ajudou em sua missão honrosa de servir ao próximo. Passava para ele toda doçura e gentileza de uma nobre e nobilíssima companheira e esposa. Daí, também, sua doçura no falar e no conviver com a família, com os amigos, com os mais e os menos providos e necessitados.
Há homens que reúnem um pouco de todos os santos e procuram imitar o jeito santo e sagrado do Homem, filho de Deus. Jacob era um desses raros homens.
Posso afirmar que, em se tratando de Jacob Atallah, fica difícil definir sua grandeza, sua altivez, nobreza e o quanto se tornou um dos maiores homens de nossa história, da nossa Terra, Rondônia, como cidadão, como pai, como amigo e como profissional.
Era excelente em tudo que fazia. Talvez porque tudo fazia em nome do amor e dos ensinamentos sagrados de Deus, com quem deve estar neste momento, aprendendo a ser cada vez mais divino e sagrado.
Ah, chorar? Não! Lembrar com carinho e amor aquele que tinha uma das mais expressivas risadas, gestos inefáveis e destinados ao bem, coração divino e sagrado, e olhar de quem queria sempre ver o bem-estar de tudo e de todos...
Um visionário, um estadista, um magistrado que, embora humano, mostrava-se um deus em seu jeito de ser, de ver e de fazer.
Jacob Atallah, não era apenas um médico de sucesso em Rondônia. Sua dedicação e amor à Rondônia e sua capacidade e competência profissional e política e administrativa, o levaram a ser um dos melhores Chefes da Casa Civil de Rondônia, um dos melhores Prefeitos de Porto Velho, um dos melhores Secretários de Saúde de Rondônia, um dos melhores Secretários de Educação de Rondônia, um dos melhores deputados constituintes de Rondônia. Sua folha corrida é interminável. Assim como a lista dos amigos.
Jacob Atallah foi um exemplo de homem público, cidadão compromissado com cada missão que recebia, quer vinda do povo (deputado|), quer viesse dos governadores, quando era nomeado seu auxiliar. Inspirava aos mais jovens, jovens como eu à época, e dava exemplo de como se vivia o exercício cônscio da cidadania.
Era um cidadão calado, calmo, observador, grande orador, de poucas palavras, falava mais com o olhar, de uma risada que exprimia a alegria que vinha da alma e do coração, amigo, um servo de Deus.
Ah, meu amigo Jacob, eu te olho pela janela das lembranças e te vejo dando aquelas risadas e mostrando tua alegria e felicidade por estar ajudando ao próximo. Por isso, fizeste muito e foste tão muito, muito e tão grande, grande.
Não creio que devemos estar tristes porque partiste. É este o fim de todos nós, voltarmos aos braços do Pai. Na verdade, estamos felizes porque tu, enquanto aqui estiveste, foste missionário de Deus, homem de fé, mestre no ofício do teu saber e ser, um exemplo a ser seguido e louvado por todos nós, teus amigos e discípulos. O teu legado é inesquecível.
Até um dia, velho amigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário