terça-feira, 21 de maio de 2024

Retalhos da história de Rondônia 2




Nadir Brasil
 
Rondônia é uma terra cheia de celebridades. Mas quem pensar que a terra foi construída prevalentemente pelos homens, ledo engano. Nas décadas de 1970, 1980, 1990, tempo que convivi com alguns pioneiros da nossa história, com o passar dos anos, dei-me conta da quantidade das damas que eram destacadas nos assuntos políticos e de gestão de Rondônia. A lista é grande. Mas, vejamos os nomes de algumas que me ocorrem agora: Estela Paz, Wilmen Taffner, Lygia Veiga, Ursula Maloney, Lindalva Delgado, Hilda Queiroz, Berenice Luz, Ena Lago, Elizabeth Badocha, Rita Furtado, Eva Albuquerque, Eleide Ribeiro, Natalina Hubner, Helena Nina, Conceição Batista, Eunice Johnson, Matilde Macedo, Maria José Fiúza...
 
Pois bem! Ainda muito jovem, conheci aos 16 anos uma inenarrável guerreira.
 
Nós a chamávamos de Dona Marise Castiel. Entrava governo, saia governo, mas ela estava sempre ali, senão na área na qual já nasceu irradiando luz, a víamos, também, na área da cultura comandando sua Escola de Samba Pobres do Caiari.
 
Mas não quero falar da vida desta expoente rondoniense agora. Fica pra outra ocasião.
Quero deixar aqui uma lembrança da minha querida amiga, professora Nadir Brasil. Professora Nadir Brasil da Costa Moura.
 
São tantas suas realizações e conquistas que o escrito ficaria muito longo e interminável.
Sabia dos seus feitos pois como gestor da educação no CESUR, na Universidade, na Secretaria da Educação, no Núcleo da Universidade Federal do Pará, chegava ao meu conhecimento muito das batalhas desta inesquecível mulher, principalmente nas unidades escolares do sistema educacional de Rondônia e em outras atividades e instituições correlatas.
 
Enfim, certo dia, soube que Nadir Brasil havia se aposentado.
Pedi que me levassem à sua casa. Precisava lhe fazer uma visita.
 
Na época eu era o Pró-Reitor Acadêmico da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR).3 Estávamos no limiar. Eu, responsável pela estruturação e funcionamento do principal pilar da Universidade, o tripé ensino pesquisa e extensão, Precisava de bons profissionais. Estava na fase de recrutamento de pessoal. Euro Tourinho, nobre Reitor, a quem se deve muito pelo papel que desempenhou nos primórdios da instituição, não negava nenhum apoio que eu estava a precisar. Tínhamos uma boa equipe trazida do CESUR (Centro de Ensino Superior de Rondônia - embrião da UNIR) onde eu era o Diretor, mas havia a necessidade de expandimos os serviços acadêmicos, já que agora éramos uma grande universidade e não mais apenas um centro de ensino superior. Já tínhamos uma grande profissional na UNIR, Rosemeire Alab, ex-Secretária Acadêmica do CESUR, mas precisávamos de mais gente para ajudar.
 
Fui até a casa da professora Nadir. Eu a chamava de Dona Nadir. Ela ao me ver ficou espantada. Via em seus olhos a pergunta: o que o professor Valdir veio fazer aqui? Para ela era coisa inusitada.
Convidado para entrar e tomar assento, sem querer tomar o tempo da nossa guerreira, fui direto ao assunto. E lhe disse: professora, estou estruturando a UNIR e gostaria que a senhora fosse fazer parte da equipe da Secretaria Acadêmica, local onde se processo todos os registros dos universitários. Ela sorriu (imagine um sorriso angelical e divino) e Disse-me com aquela calma e divindade: prof. já estou aposentada. Não sei se conseguiria encarar mais uma empreitada. Teci elogios, usei da força da persuasão, disse-lhe do quanto o Dr. Euro Tourinho ia ficar feliz ao saber que ela era integrante da equipe de construção da UNIR, até que ela aceitou, dizendo que precisava apenas de alguns dias para se reorganizar.
 
Enfim, dona Nadir se apresentou. Pedi à querida professora Eva da Silva Albuquerque, Pró-Reitora de Administração, que trouxesse ao meu gabinete o contrato para D. Nadir assinar. (na época, por força do Estatuto da UNIR, o Pró-Reitor Acadêmico era o substituto eventual do Reitor em suas faltas e impedimentos. Somente depois apareceu o Vice-Reitor nomeado Raimundo Castro).
 
Creio que ela foi uma das melhores aquisições que fiz em prol da estruturação, organização e funcionamento da UNIR.
 
Se a UNIR hoje tem um sistema de escrituração acadêmicos figurando como um dos melhores do Brasil, devemos a professora Nadir Brasil.
 
Outros dia, soube aqui em Fortaleza, que minha amada amiga Nadir Brasil havia partido para a morada do Pai Eterno.
 
Fiquei consternado. Mas cônscio e convicto que ela fez um bom combate e foi uma das mais brilhantes mulheres pioneiras da nossa querida Rondônia.









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