quinta-feira, 30 de maio de 2024

Hoje celebramos o dia de Corpus Christi

 


A palavra Corpus Christi vem do latim, que significa "Corpo de Cristo" ou "Corpo de Deus". A tradição diz que Jesus, na véspera de sua crucificação, se reuniu com os apóstolos na ceia e instituiu a Eucaristia, que é fonte e cume de toda a vida cristã.
 
A celebração de Corpus Christi refere-se ao momento em que Jesus Cristo partilhou o pão e vinho com seus apóstolos na última ceia antes de ser crucificado. No versículo São Mateus 26:26 da Bíblia, mostra exatamente como foi o último momento de Cristo com seus discípulos.
 
"E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lhe o, dizendo: Bebei dele todos; Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados." - São Mateus 26:26




quarta-feira, 29 de maio de 2024

Paciência

 


Não tenho paciência comigo, como vou ter com os outros?

terça-feira, 28 de maio de 2024

Do jeito de amar...


Se não há pureza e delicadeza no teu jeito de amar,
deves aprender com as borboletas ou, se preferir, 
com os beija flores. 

No outono é melhor, porque verás a leveza das folhas desprendendo-se do passado 
e, com sutileza, sob a ternura dos ventos, 
doarem-se à terra para que outras vidas apareçam.

jose valdir pereira



segunda-feira, 27 de maio de 2024

Mensagens das fãs. Estas destaco porque as adorei!


 I

Quisera ter muito mais cultura e muito mais sensibilidade, para
"mesmo em sonho", chegar um pouco aos seus pés, pois como poeta,
és um timoneiro, condutor, baluarte da sublimação humana.
Parabéns poeta, és genial!

II


Você no es de este mundo.
Você es tan grande que no puede ser real.
No entiendo porque no es conocido mundialmente como poeta,
sus poemas son tan intensos, dicen tanto son tan hermosos,
que todo el mundo deberia conocer,
es GENIAL, GRANDE, BUENO, Y MARABILLOSO POETA

 

domingo, 26 de maio de 2024

Do amigo João Paulo das Virgens - Homenagem


CORRESPONDÊNCIA ENTRE O ADVOGADO JOÃO PAULO DAS VIRGES E O POETA


Meu nobre amigo um grande abraço. 
Preciso que você mande seu "curriculum" para o gabinete do vereador Chico Caçula da Câmara Municipal de PVH aos cuidados da senhora Bernadete Das Virgens Lopes juntamente com uma autorização para que o nosso grande Poeta, Escritor, Professor e Pioneiro José Valdir Pereira, seja homenageado por aquele Edil e pelo povo da Cidade Porto Velho, como você bem merece.

Qualquer duvida me passe uma mensagem e vou mandar Bernadete também te adicionar no Orkut para que possas se comunicar com ela.

Um grande abraço meu caro amigo e vamos deixar a coisa acontecer para que possamos divulgar.



Meu nobre amigo Valdir 
A Bernadete solicita com urgência seus dados. Você tem que mandar junto uma autorização para que o vereador Francisco Caçula Almeida lhe conceda o Titulo Honorifico - Uma autorização se possível em um papel timbrado seu.
Qualquer duvida pode ligar no telefone dela

A data para receber a comenda é marcada pelo nobre amigo.
Qualquer dúvida me passe um recado.
Um abraço meu Poeta.

Meu nobre amigo Valdir 

Recebi uma mensagem da Bernadete informando que o projeto do vereador Gean de Oliveira já está transitando naquela casa com em estado adiantado. Diante disto ela avisa que pode contar com o apoio do Vereador Chico Caçula e que no próximo ano ele apresenta o da Comenda José do Patrocínio, pois não pode transitar dois ao mesmo tempo. Diante disto fica aqui meus parabéns por esta honraria que vais receber do povo de Porto Velho, que mais do que dignificar que esta recebendo, dignifica a quem esta concedendo.

Um grande abraço meu Poeta.


Prezado amigo João Paulo:

Ainda estou muito emocionado com a ideia e iniciativa do amigo em dar concretude ao reconhecimento que Porto Velho, o amigo, e o Vereador Chico Caçula, da Câmara de Vereadores, desejam fazer à minha atuação, por mais de 30 anos, em prol do município de Porto Velho, na área da educação e da cultura, quer seja como professor em quase todas as escolas públicas, quer seja como poeta, escritor e dirigente, através da concessão do título Cidadão Honorário de Porto Velho.
 
Quero dizer ao amigo que o nosso querido amigo Adaídes Batista (Dada), que assessora o Vereador Jean de Oliveira, me informou que, por proposta do Vereador Jean de Oliveira, já tramita na Câmara um projeto visando conceder-me o Título de Cidadão Honorário de Porto Velho.

Por este motivo, acredito que será mais aconselhável que a homenagem que o nobre amigo e o incansável e atuante Vereador Chico Caçula desejam prestar a este poeta e escritor rondoniense, seja realizada através da comenda José do Patrocínio ou através de outra forma que couber e for do agrado do nobre e estimado Vereador Chico Caçula.

Amigo João Paulo: 

Que bom que dois Edis de Porto Velho, enfim, nos honrarão com essa justa e oportuna homenagem. Desde já fico eternamente agradecido ao amigo, que está atento à justiça e à dignificação das ações dos homens de boa vontade.


Abraços!



sábado, 25 de maio de 2024

Retalhos da história de Rondônia 12




Dr. Cezar Augusto Carvalho de Queiroz
 


Rondônia sempre foi uma terra abençoada e acolhedora.
É evidente que uma das virtudes do seu povo nativista, sempre foi a de acolher a todos com carinho, respeito, calor e muito zelo.
Existem frases na letra do hino de Rondônia, que dão a performance do povo e da terra rondoniense: “Somos destemidos pioneiros”, “aqui, toda vida se engalana”, por exemplo
 
Por ter feito parte dos governos militares, desde o Cel. João Carlos Marques Henrique Neto, conheço um pouco da história nesse período. Este, nos dois períodos em que foi Governador do Território, criou a Ceron e a Caerd e na sua gestão aconteceu a eleição para composição da primeira Câmara de Vereadores de Porto Velho, após a criação do Território e a implantação da primeira emissora de televisão da nossa capital, a TV Cultura. Um dos grandes problemas que teve que enfrentar, foi a revolta dos garimpeiros, que invadiram a cidade de Porto Velho, em protesto à mecanização iniciada na exploração do minério de Estanho nos garimpos.
 
Em seguida, veio o Cel. Humberto da Silva Guedes, que transformou a Guarda Territorial em Polícia Militar e construiu o quartel da corporação. Construiu ainda a sede do Instituto Médico-Legal (comandado pelo inesquecível médico e amigo José Adelina da Silva - fui professor de sua esposa Joana D'Arque no Instituto Maria Auxiliadora). Guedes construiu, também, o primeiro prédio do Tribunal de Contas, e, com a ajuda do notável advogado, Dr José Mário, que também era Vice Governador, reestruturou a segurança pública. Reformou o Palácio das Secretarias (antigo Porto Velho Hotel) na Capital e iniciou as obras da Esplanada das Secretarias, no Bairro Pedrinhas. E ainda mais: construiu o prédio do Fórum Rui Barbosa, primeira sede do futuro Tribunal de Justiça, e concluiu o projeto da hidrelétrica de Samuel. (Seu governo enfrentou muitos problemas fundiários).
Após o Governo Guedes, que fez um governo excelente no Território Federal de Rondônia (fui seu Subsecretário de Educação e de Cultura e o titular era o Prof. Jerzy Badocha), chega o Cel. Jorge Teixeira de Oliveira, cujos feitos estão ainda percorrendo as mentes de todos nós, por serem mais recentes. Como integrante desses governos, sempre exercendo cargo de comando em várias áreas (tendo exercido no governo do Cel. Jorge Teixeira o cargo de Secretário Adjunto da Educação e o titular era o Dr. Álvaro Lustosa Pires - em memória), conhecia de forma efetiva o apoio que os governos davam àqueles que chegavam para serem contratados pelo Território.
 
Conheci migrantes recém-chegados em Porto Velho, que recebiam do governo atenção tão especial, a ponto de serem hospedados em hotéis, até que resolvessem a instalação em residência alugadas por sua iniciativa e às suas expensas.
 
E os que chegavam, se tornavam, aos poucos, gente da terra, irmãos da terra, cidadãos comprometidos com o torrão que os acolheu, com muito ternura, carinho e atenção.
 
Rondônia, por ser criado Território Federal em 1943, mesmo já em1974, ainda era uma parte do Brasil muito pouco estruturada, desenvolvida, a ponto de não poder oferecer uma qualidade de vida que se desfrutava nos outros rincões do Brasil. Rondônia, até o governo Marques Henrique, era tratado como um simples departamento do Ministério do Interior (MINTER). E, por isso, contava com um orçamento minguado, sendo, em consequência, impossível ao governador alçar voos mais altos. Tudo mudou com a entrada do Governador Guedes, que recebia todo apoio do Presidente Ernesto Geisel, e, em seguida, com o "Teixeirão", que recebia apoio irrestrito do Ministro Mário Andreazza, Ministro do MINTER (Ministério do Interior).
 
Pois bem! Mas Rondônia era uma terra tão cheia de afetividade, solidariedade, união e amizade, que nada que já se tivesse usufruído em outras plagas, fazia falta para os que decidiram morar na afetuosa e acolhedora área de fronteira do Brasil. O povo de Rondônia, a natureza, com seus rios, igarapés e pomares naturais, davam a alegria e o bem-estar que todos procuravam.
 
Nos primórdios tempos da terra, poucas atividades econômicas davam os rumos da economia do Território. Passou pelo tempo, ciclo da borracha, experimentando, em seguida, o tempo da fartura do ouro, depois do minério de Estanho (cassiterita, em termos minerais concorrendo com o Território do Amapá, que era o rei do Manganês), mas o aprazível lugar tinha na sua economia como principal mola propulsora, o comércio, o capital que advindo dos salários que recebiam, ao final de cada mês, os funcionários públicos federais.
 
Nesse tempo, Rondônia tinha duas categorias de servidores: os servidores federais (regidos pela CLT) e os funcionários públicos, os chamados estatutários (tipo regime especial). Quem, nesta época, gerenciava a área de pessoal, era o saudoso Carlos Rodrigues da Silva (nem se ouve falar no seu nome. Trabalhava de manhã, de tarde, de noite e até de madrugada), com a ajuda da professora Alda, Ilza Caculakis (Diretora do Departamento de Pessoal Substituto, que foi minha aluna no Carmela Dutra) e Eli Aquino Felizardo, que sucedeu o Diretor Laécio Verçosa da Silva.
 
Como Rondônia experimentava nesse tempo várias fazes da economia que sustentava seu desenvolvimento, a região contava com as autoridades nomeadas pelos seringais os grandes seringalistas (meu tio Augusto Leite foi uma delas), autoridades oriundas do extrativismo mineral, etc. Mas as autoridades constantes e que comandavam o Território eram as autoridades do executivo (Governador, prefeitos de Porto Velho e de Guajará Mirim) e as eclesiásticas (Bispo Dom João Batista Costa, padres, irmãs salesianas e outros integrantes da Igreja), além dos Pastores Cristãos Evangélicos.
Neste tempo, só um problema se fazia muito frequente em Rondônia. A cada quatro anos, ou até menos, os governadores eram substituídos. Se não me falha a memória, somente o governador Carlos Marques Henrique teve dois mandatos, o segundo menor que o primeiro. E, por conta dessas mudanças das chefias do executivo, toda a estrutura governamental era alterada. Quase todos do governo anterior, principalmente os comissionados e os sem estabilidade, eram exonerados, demitidos, dispensados e outros nomeados.
 
Muitos rondonienses, os natos e os que fizeram de Rondônia sua terra amada do coração, participavam dos governos do Território em vários momentos, dependendo das circunstâncias políticas.
É aqui que começo a destacar um pouco a vida de um dos grandes homens de Rondônia que, enquanto esteve na região, até sua partida para os braços do Pai Eterno, viveu a se dedicar ao seu desenvolvimento, estruturação, progresso e evolução administrativa. Trata-se do Dr. CEZAR QUEIROZ, nosso “velho” amigo, coração de anjo, cidadão educado, trabalhador, incansável nas missões que recebia e muito querido por todos.
 
Esta é um pouco da história de um verdadeiro destemido pioneiro, como alude o hino de Rondônia (aliás, o mais bonito de todos).
 
Dr. Cezar Augusto Carvalho de Queiroz, amazonense nascido em Manaus, formou-se em Direito pela Universidade do Amazonas, tendo chegado a Porto Velho em 1944, (veja a data, ou seja, 1 ano depois que o Território Federal do Guaporé (Rondônia) foi criado pelo Presidente Getúlio Vargas.
 
Assim, com a criação do Território Federal do Guaporé, em 1943, ele fixou-se definitivamente em Porto Velho, passando a pertencer ao quadro de funcionários territoriais na Gestão do Governador Aluízio Ferreira, em 2 de maio de 1944.
 
Os pioneiros de Rondônia, os destemidos, só eles enfrentariam os desafios para viver aqui, se não tivesse muito amor pela terra. Isto porque ninguém poderia querer viver na fase de estruturação e organização da terra, ainda com poucos recursos para garantir uma qualidade de vida nos moldes dos grandes centros dos outros brasis.
 
Dr. Cezar Augusto, na companhia de outros pioneiros como o historiador Esron Menezes, o médico Ary Pinheiro, a professora Marise Castiel, o professor Vitor Hugo (os salesianos, padres e freiras), entre outros, trabalharam com afinco e ofereceram à terra a ser domada, toda sua juventude, seu saber e capacidade profissional para que hoje pudéssemos contar com uma Rondônia pujante, desfrutando de elevado IDH e apresentando bons índices de desenvolvimento econômico e social. Ou seja: eles cuidaram bem do alicerce sobre o qual Rondônia foi assentada. De tão dedicados e acreditando em um futuro promissor à terra, esses pioneiros chegavam a trabalhar sem nenhuma retribuição financeira, como foi o caso de alguns professores que davam aula na Escola Normal Carmela Dutra.
 
Dr. Cezar, por sua vez, se destacou nas áreas fundiária, esporte, cultura e educação. Considerado como um dos pioneiros em Rondônia, como Advogado, era um estudioso e profundo conhecedor das Legislações Fundiária e Desportiva, dedicou grande tempo de sua vida pública nos anos 70, trabalhando na regularização das áreas urbana dos Municípios de Porto Velho, Ji Paraná, e Guajará Mirim, dedicando-se dar solução a tão angustiante problema de ordem social e econômica, qual seja o problema fundiário do Município de Porto Velho. Foi o executor do Grupo de Regularização de Áreas Urbanas no Ex - Território Federal de Rondônia, designado pelo então Governador Cel. Humberto da Silva Guedes (um dos principais problemas enfrentados pelo governo Guedes).
 
Na área do esporte, logo que chegou a Rondônia, filiou-se ao Ypiranga Esporte Clube, fazendo daquele clube a razão de sua vida desportiva, tendo sido Presidente do Conselho Fiscal e Presidente do Conselho Deliberativo do Clube. Junto à Federação de Futebol de Rondônia, colaborou na criação de Federação de várias modalidades esportivas e Ligas Desportivas nos Municípios de Rondônia, tendo sido, por 8 anos, o Presidente do Conselho Regional de Desportos – CRD.
 
E mais: em face de sua dedicação e contribuição ao esporte de Rondônia, seu nome foi reconhecido com a honraria da Medalha do Mérito Desportivo Dr. Cézar Augusto Carvalho, pelas Leis 2.725, de 27/04/2012, e Lei n.º 2.893, de 14 de novembro de 2012. Esta medalha é concedida anualmente, por força de Decreto do Governador, à pessoa ou entidade cujas ações mereçam especial destaque na defesa e promoção do esporte rondoniense. Você conhece alguém que já recebeu esta medalha?
 
Na área da educação, foi Diretor da Divisão de Educação do Território Federal de Rondônia, no período de dezembro de1959 a dezembro de 1962 e, mais tarde, membro Titular do Conselho Diretor da Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR, e membro do Conselho Estadual de Cultura.
 
Como dirigente da Divisão de Educação, lembro-me de uma ocorrência com a mamãe. Nesta época, quando mudava de governo, o pessoal que servia ao governo anterior era dispensado ou era designado para exercer suas atividades em lugares distantes, às vezes, em outras localidades (vilas) no entorno da capital. Mamãe foi uma desses servidores afetadas. Ela me disse que o Dr. Cezar Queiroz a chamou e lhe disse: Dona Augusta, não se preocupe. Tudo vai ser resolvido e a senhora não será prejudicada. Esta passagem, contada pela mamãe, foi inesquecível para mim.
 
Pois bem! Este pioneiro de bom coração, cidadão calmo, tranquilo, cheio de paz no coração, competente e trabalhador, foi, também, membro de vários Conselhos (penitenciário, regional de desporto) e chegou a ser Diretor do Serviço de Geografia e Estatística do Território Federal de Rondônia.
 
Convém ressaltar um dos fatos importantes na vida do advogado Cezar Augusto Carvalho de Queiroz.
Como sabemos, o governador Marques Henrique foi o responsável pela criação da CERON. Pois bem! Dr. Cezar Queiroz foi um dos integrantes do Grupo nomeados pelo Governador Marques Henrique responsável pela fundação da CERON. Eles, Dr. Cezar Queiroz, Floriano Rodrigues Riva, Adilson Alves dos Santos e Hélio da Silva Melo foram os fundadores da CERON e receberam a incumbência dada pelo Governador, de tomarem as providências necessárias à constituição e funcionamento da empresa, até a data de eleição da Diretoria.
 
Foi casado por 62 anos com a Professora Hilda Nunes Duarte de Queiroz, também amazonense, de cuja união nasceram quatro filhos, todos amazônidas: Cezar Augusto Duarte de Queiroz, Economista, nascido em Manaus–AM, Maria do Rosário Duarte de Queiroz, nascida em Porto Velho, e os gêmeos, Antônio Cezar Duarte de Queiroz, Administrador e Mario Jorge Duarte de Queiroz, Administrador e Advogado, nascidos em Belém–PA.
 
Todos nós, senão todos, pelo menos a grande maioria dos rondonienses, principalmente, os residentes em Porto Velho, Guajará Mirim e Costa Marques, conhecemos os filhos gêmeos do Dr. Cezar Augusto. Um se destacou como Secretário de Administração no governo municipal de Porto Velho, gestão Tião Valadares, Antônio Cezar Duarte de Queiroz (em memória). O outro, Mario Jorge Duarte de Queiroz, além de outras responsabilidades assumidas, foi prefeito de Costa Marque, nomeado pelo Cel Jorge Teixeira.
 
Portanto, família extraordinária, que desde o início, quando Rondônia ainda era Território Federal do Guaporé, começou a se dedicar, de corpo, alma e coração, à construção desta terra da qual hoje nos orgulhamos.
 
Dr. Cezar Augusto Carvalho de Queiroz, aposentou no dia 28 de maio de 1992, como Assistente Jurídico da Advocacia Geral da União – AGU e faleceu em sua residência, localizada à Av. Farquhar, Bairro Caiari, em 2005, deixando um belo exemplo de dignidade, de integridade e de bondade a ser seguido.
 
Não é possível mostrar, através deste escrito, todo o imenso valor que teve este pioneiro para Rondônia e sua gente. O importante é mantermos sempre viva a chama desses pioneiros que dedicaram sua vida em prol da construção do Estado de Rondônia. A maior honra para eles e para sua família é serem sempre lembrados e reconhecidos.

quarta-feira, 22 de maio de 2024

Solidão


 A grande solidão, é viver sozinho acompanhado!



Abraço


Eu já fico muito tempo dentro de mim me castigando por coisas de fora.
Agora, chega. Preciso sair e me encontrar um pouco dentro de ti.
Abrace-me e me toque.
Já me dediquei muito tempo aos meus abraços intrínsecos e frutos do meu ser solitário.
Deixe-me sentir o amor do teu coração no aperto dos teus braços.
Assim, aos poucos, me leva para dentro de ti e me faz sussurrar de amor como jamais.

- jose valdir pereira -

terça-feira, 21 de maio de 2024

Retalhos da história de Rondônia 8




Arquiteto José Otino de Freitas.
 
Na década de 1970, o arquiteto e engenheiro José Otino de Freitas (Na época em que José Otino se formou, principalmente na sua faculdade, as profissões de engenheiro e de arquiteto eram ministradas no mesmo curso. Assim, quem se formava em engenharia, formava-se também em arquitetura e vice-versa), foi professor de Desenho no Colégio Oficial Presidente Vargas, à noite (o Colégio só funcionava à noite, pois de dia funcionava no mesmo prédio o Colégio Carmela Dutra), no terceiro ano científico.
 
Eu era, na mesma época, professor de Química (Orgânica, Geral, Atomística, Inorgânica, etc). Fomos contemporâneos. Eu, nos meus 19 anos de idade, e o meu velho amigo Otino, com o seu inseparável cachimbo, já muitos anos de estrada, cheio de sabedoria, riqueza espiritual, grandeza humana e extraordinário profissionalismo. Ele ministrava aula de desenho, por assim dizer, de graça. Amava passar seus ensinamentos, o que sabia, para os mais jovens. Bebi muita cultura por desfrutar da sua amizade.
 
Certo dia, na sala dos professores, perguntei ao amigo Otino, se ele podia fazer o projeto da minha casa que eu pretendia construir na Av. Calama, no bairro Olaria, onde eu morava, tornando-se, por consequência, o engenheiro responsável. Prontamente meu amigo Otino concordou e a casa foi construída sob sua responsabilidade.
 
O desenhista do projeto, outro amigo nosso, foi o estimado Raimundo Paraguassu de Oliveira.
José Otino de Freitas já era famoso em Rondônia, engenheiro brilhante e admirado por todos, tendo sido responsável pela construção de vários prédios importantes de Porto Velho (Palácio Presidente Vargas, Porto Velho Hotel (hoje UNIR Centro, entre outros), quer seja como engenheiro-arquiteto propriamente responsável, quer seja como engenheiro-arquiteto supervisor das obras.
 
A casa, ainda de minha propriedade na Av. Calama, 1021, na Olaria, foi mais uma obra do velho amigo professor José Otino de Freitas.
 
Quando você avistá-la, ao transitar pela Av. Calama, quase esquina com a rua José Bonifácio, em Porto Velho, poderá exclamar: olha esta casa foi também uma obra assinada pelo grande engenheiro- arquiteto José Otimo de Freitas!!!
 






Retalhos da história de Rondônia 1





Vitor Hugo
 
Depois que o Estado foi criado, Jorge Teixeira nomeou Vitor Hugo para ser o Secretário de Cultura, Esportes e Turismo. Vitor Hugo imediatamente me chamou para ser seu Secretário Adjunto. Eu já era Secretário Adjunto da Educação, trabalhando com o saudoso Secretário Álvaro Lustosa Pires.
 
Sem entender muito de administração pública (mas era o homem mais culto na região, à época), Vitor Hugo, sem saber que eu estava impedido de ser secretário adjunto, mas precisando urgentemente de alguém para lhe ajudar na implantação da nova secretaria do Estado, disse-me: Valdir (ÉRAMOS GRANDES AMIGOS), venha me ajudar. Para lhe conferir autoridade, vou lhe nomear meu substituto. E assim o fez (Portaria de nomeação abaixo). Fiquei, alguns meses ajudando o Vitor Hugo na implantação e organização da nova Secretaria.
 
Ajudei o Vitor Hugo na formação de sua equipe. Eu já Havia no tempo do Jerzy Badocha, governo Guedes, quando fui Subsecretario de Cultura e Educação, levado o professor Isaias Vieira dos Santos para a educação. Nós o nomeamos Vice-Diretor do Colégio Major Guapindaia (escola que construímos no conjunto Santo Antônio, bairro recém-criado), onde o Diretor nomeado era o professor de Matemática, Gutemberg.
 
Ao estar recrutando pessoal técnico capaz de assumir cargos de direção na nova Secretaria de Cultura, Esportes e Turismo, lembrei-me do Prof. Isaias. E pedi ao Vitor Hugo que o levasse para a Secretaria. Em menos de uma semana, sugeri ao Vitor Hugo nomear o professor Isaias (Isaias era um técnico muito responsável, leal, competente e dedicado) como seu Secretário Adjunto, o que foi feito imediatamente, através de Decreto do governador Jorge Teixeira.

 
Nesta mesma época, lembrei-me da professora Yedda Borzacov. Profª de grande experiência no magistério e em direção de escolas. Sugeri ao Vitor Hugo que a convidasse para ser a Diretora do Departamento de Cultura...
 
Outros e outros mais sugeri ao Vitor Hugo e, ele aceitando, de pronto minhas indicações, formou sua equipe. Aliás, uma excelente equipe. A pioneira.
 
Disse ao Vitor Hugo que, com a nomeação do Isaias, deixaria a incumbência de ser Secretário Adjunto da Cultura (de certa forma apenas de fato) e voltaria a me dedicar, exclusivamente, à Secretaria da Educação. Vitor Hugo, entretanto, apesar de concordar, pediu-me para que continuasse a ajudar a ele, ao Isaias e a todos, na implantação da estrutura e organização da nova Secretaria.
 
Esta é um pouco da história de como Nasceu a SECET, Secretaria de Cultura, Esportes e Turismo do Estado de Rondônia.
 
O título desta história é uma homenagem ao historiador, meu amigo da Academia de Letras de Rondônia - ACLER, Esron Penha de Menezes (em memória), que nas publicações que fazia intitulava-as de Retalhos da História de Rondônia.
 
 






Retalhos da história de Rondônia 2




Nadir Brasil
 
Rondônia é uma terra cheia de celebridades. Mas quem pensar que a terra foi construída prevalentemente pelos homens, ledo engano. Nas décadas de 1970, 1980, 1990, tempo que convivi com alguns pioneiros da nossa história, com o passar dos anos, dei-me conta da quantidade das damas que eram destacadas nos assuntos políticos e de gestão de Rondônia. A lista é grande. Mas, vejamos os nomes de algumas que me ocorrem agora: Estela Paz, Wilmen Taffner, Lygia Veiga, Ursula Maloney, Lindalva Delgado, Hilda Queiroz, Berenice Luz, Ena Lago, Elizabeth Badocha, Rita Furtado, Eva Albuquerque, Eleide Ribeiro, Natalina Hubner, Helena Nina, Conceição Batista, Eunice Johnson, Matilde Macedo, Maria José Fiúza...
 
Pois bem! Ainda muito jovem, conheci aos 16 anos uma inenarrável guerreira.
 
Nós a chamávamos de Dona Marise Castiel. Entrava governo, saia governo, mas ela estava sempre ali, senão na área na qual já nasceu irradiando luz, a víamos, também, na área da cultura comandando sua Escola de Samba Pobres do Caiari.
 
Mas não quero falar da vida desta expoente rondoniense agora. Fica pra outra ocasião.
Quero deixar aqui uma lembrança da minha querida amiga, professora Nadir Brasil. Professora Nadir Brasil da Costa Moura.
 
São tantas suas realizações e conquistas que o escrito ficaria muito longo e interminável.
Sabia dos seus feitos pois como gestor da educação no CESUR, na Universidade, na Secretaria da Educação, no Núcleo da Universidade Federal do Pará, chegava ao meu conhecimento muito das batalhas desta inesquecível mulher, principalmente nas unidades escolares do sistema educacional de Rondônia e em outras atividades e instituições correlatas.
 
Enfim, certo dia, soube que Nadir Brasil havia se aposentado.
Pedi que me levassem à sua casa. Precisava lhe fazer uma visita.
 
Na época eu era o Pró-Reitor Acadêmico da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR).3 Estávamos no limiar. Eu, responsável pela estruturação e funcionamento do principal pilar da Universidade, o tripé ensino pesquisa e extensão, Precisava de bons profissionais. Estava na fase de recrutamento de pessoal. Euro Tourinho, nobre Reitor, a quem se deve muito pelo papel que desempenhou nos primórdios da instituição, não negava nenhum apoio que eu estava a precisar. Tínhamos uma boa equipe trazida do CESUR (Centro de Ensino Superior de Rondônia - embrião da UNIR) onde eu era o Diretor, mas havia a necessidade de expandimos os serviços acadêmicos, já que agora éramos uma grande universidade e não mais apenas um centro de ensino superior. Já tínhamos uma grande profissional na UNIR, Rosemeire Alab, ex-Secretária Acadêmica do CESUR, mas precisávamos de mais gente para ajudar.
 
Fui até a casa da professora Nadir. Eu a chamava de Dona Nadir. Ela ao me ver ficou espantada. Via em seus olhos a pergunta: o que o professor Valdir veio fazer aqui? Para ela era coisa inusitada.
Convidado para entrar e tomar assento, sem querer tomar o tempo da nossa guerreira, fui direto ao assunto. E lhe disse: professora, estou estruturando a UNIR e gostaria que a senhora fosse fazer parte da equipe da Secretaria Acadêmica, local onde se processo todos os registros dos universitários. Ela sorriu (imagine um sorriso angelical e divino) e Disse-me com aquela calma e divindade: prof. já estou aposentada. Não sei se conseguiria encarar mais uma empreitada. Teci elogios, usei da força da persuasão, disse-lhe do quanto o Dr. Euro Tourinho ia ficar feliz ao saber que ela era integrante da equipe de construção da UNIR, até que ela aceitou, dizendo que precisava apenas de alguns dias para se reorganizar.
 
Enfim, dona Nadir se apresentou. Pedi à querida professora Eva da Silva Albuquerque, Pró-Reitora de Administração, que trouxesse ao meu gabinete o contrato para D. Nadir assinar. (na época, por força do Estatuto da UNIR, o Pró-Reitor Acadêmico era o substituto eventual do Reitor em suas faltas e impedimentos. Somente depois apareceu o Vice-Reitor nomeado Raimundo Castro).
 
Creio que ela foi uma das melhores aquisições que fiz em prol da estruturação, organização e funcionamento da UNIR.
 
Se a UNIR hoje tem um sistema de escrituração acadêmicos figurando como um dos melhores do Brasil, devemos a professora Nadir Brasil.
 
Outros dia, soube aqui em Fortaleza, que minha amada amiga Nadir Brasil havia partido para a morada do Pai Eterno.
 
Fiquei consternado. Mas cônscio e convicto que ela fez um bom combate e foi uma das mais brilhantes mulheres pioneiras da nossa querida Rondônia.









Retalho da história de Rondônia 3





SERÁ QUE JÁ ESQUECERAM A DIVA DA LITERATURA DE RONDÔNIA?
 
ELA ERA FRANZINA, CHEIA DE DOÇURA, MUITA SABEDORIA, INTELIGENTE E UMA BOA AMIGA
 
VOCÊ SABE QUEM FOI KLÉON MARYAN...
 
Nas décadas de 1970 e 1980, residia em Rondônia, na capital, uma senhora, de voz mansa, semblante angelical, quase que onipresente, com um pulmão apenas, uma sobrevivente, mas de olhar brilhante, penetrante, cheia de convicções sobre a beleza da vida, acalentando sonhos, para alguns, inatingíveis, mas para ela possíveis de serem realizados.
 
Antes de chegar a Porto Velho, já havia andado por alguns Estados do Brasil e, por onde esteve, revolucionava, deixava sua marca de estadista na área da cultura e semeava o amor, a união, sementes da boa poesia e do amor inspirado em Deus, Jesus Cristo.
 
Ela, em Porto Velho, revolucionou. A cidade ainda estava engatinhando nas letras, na cultura e nas artes. Mas havia gente que já escrevia versos e poemas, dos bons, romances com toda a estrutura dos romances de Raquel de Queiroz, Guimarães Rosas, Jorge Amado, Lígia Fagundes Telles e famosos contos sem muito perder para àqueles saídos das mentes de um Machado de Assis, Clarice Lispector, Florbela Espanca e Carlos Drummond de Andrade.
 
Nesse diapasão, estavam Edson Jorge Badra, Matias Mendes, Bolívar Marcelino, Silvio Persivo, Antônio Cândido, Samuel Castiel, Eunice Bueno, entre outros.
 
Tudo ela fez e em tudo ela mexeu, como se estivesse arando, preparando a terra para atear as sementes da literatura que ela queria que tanto vingasse nas terras férteis de Rondônia. Mesmo franzina, pequena e de poucos recursos, ela sabia que tinha que cumprir uma honrosa missão aqui na terra.
 
Nesse mesmo tempo em que ela se desdobrava em dez, eu, também, me desdobrava em dez para estar onde a educação e a cultura de Rondônia precisassem de um de seus filhos. Estava Subsecretário de Educação e Cultura, depois Pró-Reitor Acadêmico da Universidade, concomitantemente, Presidente do Conselho Estadual de Cultura, professor e ainda encontrava tempo para seguir a mestra, aquela que nos ensinava fazer muito com poucos recursos, a máxima de um bom administrador. Sim, estou me referindo à poeta, escritora, promotora cultural, contista e romanista Kléon Maryan.
 
Kléon, como era conhecida, nome artístico, mas no seu registro estava escrito Cleonice, foi quem criou em Porto Velho a União Brasileira dos Escritores-Seção Rondônia, para onde levou todos os que amavam a arte de escrever: poetas, jornalistas, escritores, advogados, pintores, estudantes, capistas, desenhistas, repentistas, etc. Era grande a quantidade de seguidores daquela simples, humilde e determinada guerreira, articulista e semeadora das letras, do bem e do amor.
 
Kléon, com o tempo, ficou conhecida e se articulava bem em todas as instituições constituídas, legislativo, executivo, judiciário e, também, sabia aceder com sabedoria àqueles que pregavam os ensinamentos de Jesus Cristo, as autoridades eclesiásticas.
 
A senhora dama da literatura, kléon Maryan, gostava de cercar-se de bons amigos e a eles reservava as mais distintas e pesadas responsabilidades. Deixou-me uma vez ser eleito Vice-Presidente da União Brasileiro dos Escritores - Seção Rondônia - UBE-RO, o mesmo fazendo com o amigo poeta Silvio Persivo, que chegou, inclusive, a ser Diretor Presidente da UBE-RO.
 
Todos os eventos de literatura, a Kléon exigia que seus amigos estivessem presentes. Um dia, a professora Nazaré Silva, diretora da área cultural da Secretaria de Cultura de Rondônia, promoveu um encontro de escritores no município de Ariquemes, cidade a 200 Km de Porto Velho. E lá estavam Kléon e o poeta, que a acompanhava, a convite, e com prazer, porque era ótimo fazer parte dos sonhos e das realizações culturais da grande poeta.
 
Sérgio Darwich, grande amigo de Kléon, certa vez, sobre ela, escreveu:
Os poemas de Kléon nascem como córregos de um trabalho central de poesia, manifestando sempre uma visão do mundo. Há sempre o desejo de realizar poesia, poesia-vida, poesia-viva fluindo ao longo da história e da existência.
 
Silvio Persivo, à sua grande amiga, assim se referiu: "Kléon tem, além disso, no que escreve, a marca de todos os gênios literários, qual seja, a simplicidade que faz com que suas palavras sejam claras, límpidas, embora a profundidade do que produz seja incontestável.
 
Quem não conviveu com a mais completa das letradas, escritoras de Rondônia e do Brasil, com certeza conheceu seu companheiro, a quem chamava com carinho, mestre. Certo dia, ao receber um exemplar dos seus livros a mim dedicado, lá estava uma amável dedicatória ao seu esposo:
"Ao Mestre Prof. Raimundo Leandro de Paulo" (em memória).
 
Kléon, depois que me mudei para Fortaleza, sempre me enviava exemplares dos livros que escrevia e lançava em Rondônia. Até quando se transferiu para Salvador, continuou a publicar seus livros e a me enviá-los, como quem a dizer: não esqueci de você. Amava os amigos.
 
É claro que a poeta Kléon Mayan deixou muita saudade. Ela revolucionou a literatura em Rondônia. Foi a pioneira. Arregimentou os letrados, poetas, escritores e jornalistas e os aficionados da poesia, das letras, para a grande caminhada da literatura rondoniense. Deu as orientações necessárias, iluminou o caminho, incentivou, criou oportunidades, deu asas à imaginação, lutou, batalhou e, por fim, deixou uma herança profícua e digna de sua vida, de um nome que ficou indelevelmente registrado nos anais da literatura de Rondônia.
 
É uma pena que Rondônia ainda não tenha lhe feito alguma homenagem. Mas aqui em Rondônia é assim: os vivos são pouco lembrados pelo que de bom fazem em prol da terra, o que pensar das homenagens aos que já partiram.










Retalho da história de Rondônia 6




Aos homens de bem, nossos efusivos aplausos!
 
Como já escrevi, este título é uma homenagem que faço ao meu saudoso amigo Esron Menezes (em memória), confrade da Academia de Letras de Rondônia, que publicava seus escritos com este título, inclusive seu livro tem este título. Ele, eu e mais 13 rondonienses fundamos a Academia de Letras de Rondônia, no dia 26 de junho de 1986.
 
Depois contarei esta magnífica história, marco da literatura de Rondônia. Estarei publicando neste valioso espaço cultural/histórico, que presta um extraordinário serviço ao povo de Rondônia, trazendo-nos lembranças e reminiscências do nosso passado, apenas nos finais de semana.
Estas lembranças dizem respeito ao Médico Jacob Freitas Atallah
 
SERÁ SEMPRE POUCO TUDO O QUE DISSERMOS SOBRE A BONDADE, A GRANDEZA E A IMPORTÂNCIA DO AMIGO JACOB DE FREITAS ATALLAH.
 
E todas as homenagens não serão tão grandes a ponto de alcançar sua nobreza e sua alma e seu coração divinos.
 
Jacob Atallah. Não foi tanto pelo que fez como homem público, mas pelo que foi e era como cidadão, família, amigo e profissional.
 
Quem teve o sagrado privilégio de conviver com este respeitoso e íntegro homem, nem que tenha sido apenas por alguns momentos, sabe do quanto era tão pura, sua alma, e tão bondoso, seu coração.
Uma vez, quando despachava com ele na época em que fui seu coordenador de planejamento na Secretaria de Educação de Rondônia, ele, secretário, disse-me, por saber que eu escrevia poemas, que adorava os poemas de Pablo Neruda. E era fã das artes e da música, e seu principal lazer era fazer suas leituras.
 
Jacob era muito prático e um homem profundamente culto. Talvez, por isso, sempre uma excelência em tudo que fazia. E eu vi e fui testemunha: o que ele mais amava, era fazer o bem a todos, indistintamente. Lembro-me de muitos elogios que lhe faziam, agradecendo sua calorosa atenção dispensada aos seus pacientes, aos quais ele, como médico de família, os atendia com amor, indo à casa de cada um, levar, não somente a cura ao corpo, mas, com sua maneira humana divinal de ser, a exemplo de São Lucas, o médico evangelista, levar, também, conforto e amor espiritual.
 
Jacob Atallah, quando foi convidado pelo governador Jorge Teixeira para ser secretário da educação, foi, na companhia do Álvaro Lustosa, até minha casa, me convidar para que eu assumisse a Coordenadoria de Planejamento. Disse-me, na ocasião, que já havia convidado o Álvaro para ser seu secretário adjunto e o José Maria para ser seu Diretor Administrativo. Esse pessoal já o conhecia desde a prefeitura de Porto Velho, quando fora prefeito. Disse-me: com você, fica completa minha equipe. Quero dizer: quem teria essa humildade de Santa Tereza de Calcutá, um grande homem da envergadura do médico Jacob, para ir à casa de alguém, fazer um convite desses?
 
Depois, algum tempo depois, ele deixou o cargo de Secretário e o Governador Jorge Teixeira, a pedido dele, nomeou o Economista e Professor Álvaro Lustosa Pires como Secretário da pasta da educação e eu, depois, fui nomeado Subsecretário da Educação, formando uma boa parceria. Era o político Álvaro e o técnico José Valdir Pereira.
 
Jacob dava exemplos de vida. Sério, responsável, dedicado pai, esposo e amigo. Um mestre, um sábio, uma vida dedicada aos planos que Deus traçou para que ele desenvolvesse e cuidasse aqui na terra. Ele falava conosco com o olhar e com os gestos. Sua risada era inenarrável e incomparável... Tanto, tanto, que jamais vamos esquecer de vê-lo diante de nós sempre rindo e gesticulando, passando para todos nós, tudo o que já lhe ensinara, a vida.
 
Viajei muitas vezes com o médico Jacob, quando fui seu assessor na área da educação. À Brasília, certa vez, estavam esperando-o no aeroporto para uma consulta. Havia um paciente acometido de malária. E lá estava ele preparado (andava sempre com sua pasta cheia de apoio medicinal), com os remédios específicos para curar o doente. Era um daqueles médicos que só sua presença com seu estetoscópio, amada presença, já curava o doente, dada a sua grandeza espiritual.
 
A professora, historiadora, escritora e membro da Academia de Letras de Rondônia, certo dia escreveu:
"Membro fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia (seu primeiro presidente), lembro-me de que em uma das reuniões da instituição, indaguei-lhe porque não escrevia livros, respondeu com muito bom humor: “Autor de livro é como cantador, só presta bom”. O senso de responsabilidade e o escrúpulo exagerado o tornaram exigente com seus trabalhos. Lamentamos sua teimosia em não publicar um livro, atendendo às solicitações que lhe eram feitas. Muitas vezes ao encontrá-lo, comentava: “Jacob, lembre-se do livro que você deve à Rondônia”. Mas Jacob não atendeu a reivindicação. Pouco escreveu, em relação ao muito que sabia. Hoje entendo a ausência do seu livro. É que o culto Jacob Atallah, criado nas barrancas do Madeira, não tinha temperamento de se comprometer longo tempo com páginas escritas. Seu espírito era livre, como livre é a cultura e a liberdade tinha para ele o sabor da felicidade suprema."
 
O jornalista Lúcio Albuquerque também escreveu um pouco sobre a vida do médico Jacob Atallah. E, em letras garrafais, destacou: "APESAR DO QUE FEZ, É OUTRO CANDIDATO A SER ESQUECIDO NA NOSSA HISTÓRIA?
 
Uma vez escrevi um livro de história sobre Rondônia. Foram 5 anos de pesquisas e 400 páginas escritas. Muitos amigos outros poderiam fazer a apresentação do livro, mas ninguém como ele. Então, não titubeei e fui à sua casa pedir-lhe que fosse ele a fazê-lo. Está lá, no livro, suas divinas, auspiciosas e sábias palavras. Nada nos negava, se estivéssemos comprometidos com o bem.
 
Raramente eu via o amigo e médico Jacob sem sua amada Auristela que, como sua grande amada, o acompanhou a vida toda e o ajudou em sua missão honrosa de servir ao próximo. Passava para ele toda doçura e gentileza de uma nobre e nobilíssima companheira e esposa. Daí, também, sua doçura no falar e no conviver com a família, com os amigos, com os mais e os menos providos e necessitados.
Há homens que reúnem um pouco de todos os santos e procuram imitar o jeito santo e sagrado do Homem, filho de Deus. Jacob era um desses raros homens.
 
Posso afirmar que, em se tratando de Jacob Atallah, fica difícil definir sua grandeza, sua altivez, nobreza e o quanto se tornou um dos maiores homens de nossa história, da nossa Terra, Rondônia, como cidadão, como pai, como amigo e como profissional.
 
Era excelente em tudo que fazia. Talvez porque tudo fazia em nome do amor e dos ensinamentos sagrados de Deus, com quem deve estar neste momento, aprendendo a ser cada vez mais divino e sagrado.
 
Ah, chorar? Não! Lembrar com carinho e amor aquele que tinha uma das mais expressivas risadas, gestos inefáveis e destinados ao bem, coração divino e sagrado, e olhar de quem queria sempre ver o bem-estar de tudo e de todos...
 
Um visionário, um estadista, um magistrado que, embora humano, mostrava-se um deus em seu jeito de ser, de ver e de fazer.
 
Jacob Atallah, não era apenas um médico de sucesso em Rondônia. Sua dedicação e amor à Rondônia e sua capacidade e competência profissional e política e administrativa, o levaram a ser um dos melhores Chefes da Casa Civil de Rondônia, um dos melhores Prefeitos de Porto Velho, um dos melhores Secretários de Saúde de Rondônia, um dos melhores Secretários de Educação de Rondônia, um dos melhores deputados constituintes de Rondônia. Sua folha corrida é interminável. Assim como a lista dos amigos.
 
Jacob Atallah foi um exemplo de homem público, cidadão compromissado com cada missão que recebia, quer vinda do povo (deputado|), quer viesse dos governadores, quando era nomeado seu auxiliar. Inspirava aos mais jovens, jovens como eu à época, e dava exemplo de como se vivia o exercício cônscio da cidadania.
 
Era um cidadão calado, calmo, observador, grande orador, de poucas palavras, falava mais com o olhar, de uma risada que exprimia a alegria que vinha da alma e do coração, amigo, um servo de Deus.
Ah, meu amigo Jacob, eu te olho pela janela das lembranças e te vejo dando aquelas risadas e mostrando tua alegria e felicidade por estar ajudando ao próximo. Por isso, fizeste muito e foste tão muito, muito e tão grande, grande.
 
Não creio que devemos estar tristes porque partiste. É este o fim de todos nós, voltarmos aos braços do Pai. Na verdade, estamos felizes porque tu, enquanto aqui estiveste, foste missionário de Deus, homem de fé, mestre no ofício do teu saber e ser, um exemplo a ser seguido e louvado por todos nós, teus amigos e discípulos. O teu legado é inesquecível.
 
Até um dia, velho amigo.







Retalhos da história de Rondônia 5




Nostalgia - Saudosismo!
(A vida encantada em Porto Velho no limiar de sua existência)

Houve um tempo em Rondônia, que a terra parecia um mundo encantado.
A ferrovia Madeira-Mamoré funcionava muito bem. Transportava, através dos vagões de carga, gêneros alimentícios, verduras e frutas para Porto Velho, tendo a Colônia do Iata como a principal fornecedora;
Também era um dos meios de transporte a serviço de muita gente (seringalistas, seringueiros, etc), que saia do Vale do Guaporé com destino a capital do Território e vice-versa. Como dizia o paraense Lilico: "tempo bom"

A frota dos navios Manaus x Porto Velho e vice-versa, funcionando de vento em poupa, trazia e levava passageiros que faziam da viagem uma diversão turística. Eu mesmo fiz essas viagens no Augusto Montenegro, Leopoldo Peres e Lobo D’Almada.

Não havia a BR 364 e nem a 319 e nem outra mais, porém os rios faziam bem o seu papel na região.
Havia um excelente Mercado Central, onde, por assim dizer, a cidade acorria toda para lá, ainda o sol por aparecer. Lá tinha de tudo. Sim, porque o que não tinha, poucos sabiam que era para ter.

Não havia também transporte urbano, mas as distâncias eram curtas e sabia-se percorrer a cidade a pé, de bicicleta ou até mesmo a cavalo. Poucos carros e a cidade não era acostumada ao barulho. Som mesmo, só os causados pelas chuvas (trovões), os apitos dos trens, dos navios e dos sinos das igrejas. O Viriato Moura me dizia que era comum, quando alguma personalidade importante de Porto Velho falecia, os sinos da Catedral soarem em badaladas frenéticas. Energia, só até as 22h. Muitas vezes dei aula para os alunos do Carmela Dutra à luz de velas. Eles traziam de suas casas.

A alegria da cidade era obra dos estudantes que sorridentes e cheios de energia se deslocavam para suas escolas alegres e tagarelando o tempo todo, felizes, tanto no ir quanto no voltar. Felizes em casa e felizes nas escolas.

As praças de Porto Velho, todas bem cuidadas, imponentes, o verde tomando-as de ponta a ponta, cheias de acolhimentos (bancos, a sombra das árvores, área gramada até para você se deitar – e era isso que os estudantes faziam – algumas partes floridas e, pasme, até jacarés no chafariz das praças haviam, como na Praça Aluísio Ferreira e na praça Getúlio Vargas, em frente ao Palácio Presidente Vargas) Esta praça em frente ao Palácio Presidente Vargas havia uma fonte luminosa, tão espetacular, que era show esplendoroso. Em tempos não muito distantes, havia um obelisco que contemplava um reservatório de água, cheio de lodo, onde morava um jacaré de metro e meio de comprimento. Confirma minhas informações, o livro do amigo Viriato Moura, intitulado “Sabor do Amanhecer”.

Porto Velho não tinha muita opção de lazer. Apenas cinema (Resky, Cine Brasil e depois Cine Lacerda (local de apresentação de grandes filmes épicos, como Ben-Hur, Os Dez Mandamentos, etc.). Só filmes clássicos). Além das praças, bem conservadas, bonitas e acolhedoras, e dos cinemas, Porto Velho tinha, no dizer do meu amigo radialista da rádio Caiari, José Ribamar, a melhor praça de esportes da região. Ele transmitia os jogos direto do Estádio Aluízio Ferreira. Sabia, ao narrar uma partida de futebol, levar o público ao delírio, se a escutá-lo no rádio. Tínhamos, também os circos, os bois-bumbás, as quadrilhas nas festas juninas e os arraias. Gostava do arraial da Catedral. Circulava ao redor da Catedral atrás de paquerar as garotas.

Porto Velho tinha também, à época, seus tipos populares. A garotada adorava correr ao se encontrar com alguns desses tipos. Zé Quirino, Morcego, Pará, Chico Ceará, Cachimbão, Macaco, Pacácio e Beleza, Roberto Carlos Piu Piu e muitos outros. Hoje, parece que só ouço falar da Dançarina da Praça. Talvez seja porque a cidade cresceu e tudo some em sua amplitude desengonçada.

Sem contar com os conjuntos musicais formados por gente nativa, que tocavam nos bailes de 15 anos dedicados às debutantes (usava-se as dependências do 5º BEC, na REO, até mesmo a sede do Aeroclube de Porto Velho (No antigo Aeroporto do Caiari, situado à época, na área onde está o Estádio Cláudio Coutinho e as vilas residenciais do Exército e da Aeronáutica, se estendendo até a Esplanada das Secretarias, no trecho compreendido entre a avenida Pinheiro Machado e rua Padre Chiquinho, nas Pedrinhas), que servia de embarque e desembarque dos aviões, à noite era usada para pequenas festas. Havia também as movimentações da cidade para essas festas nos principais clubes sociais, como Bancrevea Clube, Clube do Ferroviário, Clube do Ypiranda, Clube do Flamengo, entre outros.
Mas essas festas ocorriam também nas casas com o mesmo requinte, valor, alegria e felicidade. O importante era dar à debutante o entendimento que ela era amada, querida e todos estavam felizes ali no seu baile de debutante. Era sua festa de 15 anos, o momento de sua apresentação à sociedade. Até se pode dizer que depois do seu debut ela passava a ser considerada quase que uma adulta. Podia frequentar reuniões sociais e tinha mais liberdade para tomar suas decisões. Portanto, era importante para a jovem a celebração desta efeméride.

No mais, a cidade tornava-se uma festa só, quando, nas épocas dos carnavais, Dona Marise Castiel com sua Escola de Samba Pobres do Caiari querendo imitar as grandes escolas de samba do Rio de Janeiro fazendo a alegria do povo, e a escola Diplomatas, ali, encostada, competindo para ver quem se apresentava melhor para os porto-velhenses.

Mas não era só isso. Porto Velho vivia, como o Brasil de modo geral, vivia a época da juventude transviada, época do Ye, Ye, Ye, da Jovem guarda. e as festas eram tomadas por aquela juventude rondoniense, alegre, feliz, ordeira e educada. Suas roupas coloridas, justas e com cortes mais ousados, contrastavam com a moda conservadora da época. Mas a curtição era cheia de "paz e amor".
Todos querendo imitar Roberto Carlos, Jerry Adriane, Wanderléa, Martinha, Rosemary, Wanderley Cardoso, entre outros. Havia nesta época duas figuras que caracterizavam (bem) os movimentos da juventude, da jovem Guarda: Paulo Sérgio e Roberto Carlos Piu Piu.
 
Estudei no Ginásio Dom Bosco. Depois, passado algum tempo, tornei-me professor. Fui professor em quase todas as escolas, colégios da época.
 
A escassez de professores era grande, principalmente de física, química, matemática e inglês. A década era a de 1970. Eu já trabalhava na Divisão de Educação e Cultura com Dona Marise Castiel (professora, política e carnavalesca. Como educadora, ocupou o cargo de Diretora de Educação no então Território. Foi vereadora das mais atuantes. Como carnavalesca, durante anos dedicou-se de corpo e alma a escola de samba do bairro onde sempre morou, a Pobres do Caiari).
 
Eu trabalhava no setor de Planejamento com o professor Abnael Machado de Lima, professor Lourival Chagas da Silva e Maurílio Rocha. Eram os que mais se destacavam na época na área da educação e da cultura.
 
Aliás, trabalhei em vários lugares nesta época dentro da Divisão. Foi bom porque fiquei um pouco eclético, ecumênico e diversificado. Eu já havia lecionado na Escola Samaritana, tendo saído do Território para fazer faculdade na Universidade Federal de Minhas Gerais.
 
Quando retornei de Belo Horizonte, voltei a trabalhar na Divisão de Educação, agora no setor de Currículos e Programas, com o assessoramento da equipe do Centro de Recursos Humanos João Pinheiro, de Minas Gerais.
 
Nesta época os Colégios Carmela Dutra (Normal), Colégio Dom Bosco (Ginásio), Colégio Maria Auxiliadora (Instituto) e Colégio Estudo e Trabalho faziam a festa da garotada de Rondônia, em Porto Velho. Guajará Mirim tinha o Paulo Saldanha, mas o sistema educacional do município ainda era pequeno.
 
Convivia Porto Velho com as dificuldades para que os colégios dispusessem de professores para lecionar disciplinas das ciências exatas: física, química e matemática.
 
Certo dia estava na Divisão de Educação e Cultura do Território Federal de Rondônia, no prédio que tem sua frente dando com a lateral do Colégio Carmela Dutra, no setor de Currículos onde eu estava lotado, alguém me disse que havia uma irmã (freira) do Instituto Maria Auxiliadora querendo falar comigo. Saí da sala e fui atendê-la. Que surpresa agradável, disse-lhe. Porque era, nada mais nada menos, que a Diretora do Instituto Maria Auxiliadora, a Irmã Maria Quagliotto. Convidei-a para entrar e ela me disse: professor, vou logo direto ao assunto: soube que o senhor é professor de química e de física. Estou sem professor de física e gostaria que o senhor fosse lecionar esta disciplina no Colégio. Eu lhe respondi: é verdade, irmã, leciono física, mas o problema é que não tenho mais tempo. Já trabalho aqui 8 horas por dia e à noite leciono no Colégio Presidente Vargas. Ela, com a minha resposta, senti que ficou muito triste e pálida. Argumentou comigo que as alunas do 3 ano estavam correndo o risco de não se formarem porque não estavam tendo aula de física. Disse-lhe: só tem um jeito. Saio daqui do trabalho e vou ministrar, sempre que possível, se todos os dias, quem sabe, uma aula para o 3º ano. Aquele anjo que estava à minha frente (quem conheceu a Madre Quagliotto sabe que ela tinha um rosto de anjo, muito dócil, delicada, meiga e gentil) agradeceu de mãos postas e saiu cumprimentando a todos, alegre e feliz.
 
Nesse tempo, Porto Velho ainda não tinha instituições de ensino superior (nem particular e nem pública) e os alunos que encerravam o ensino secundário ( colegial ou médio ) tinham que sair do Território para outras Unidades da Federação, onde enfrentavam o vestibular e, se passassem, faziam o curso superiores, a faculdade.
 
Enfim, tornei-me professor do Maria Auxiliadora por algum tempo. Lá estavam o professor Ademir, professor Miguel Silva (o radialista, esposo da professora Maria Nazaré), entre outros.
 
Em 1973, já no ano seguinte, tive que me ausentar de Porto Velho por uns meses e tive uma surpresa agradável. No aeroporto, de repente, algumas alunas do Instituto Maria Auxiliadora estavam, um bom grupo, lá naquela algazarra (elas eram lindas e suas presenças mexiam com o ambiente e ainda mais fardadas) deixaram os presentes atônitos e admirados. Ali estavam minhas alunas para me desejar boa viagem. Recebi um abraço de cada uma.
 
Foram minhas alunas nesta época a Silvia Albuquerque (eu gostava de chamá-la de pimentinha). Era linda), a Fátima Mohamad Hijazi e sua irmã Badra Muhammad HZ (Badra) - Acho que seus pais, que eram libaneses, chegaram a Porto Velho em 1970 - (pense em gente educada e cheia de ternura) a filha do Miguel Arcanjo (uma das mais lindas mulheres de Porto Velho, a Jane), a Nazaré Erse, irmã do Chiquilito (Quanto beleza, meu Deus!), a Mazarelo (linda, entre outras alunas do Instituto Maria Auxiliadora, todas lindas, muito educadas e felizes.
 
Ali, no Instituto Maria auxiliadora, todos os professores eram muito queridos e recebiam uma atenção especial das irmãs, tipo agradecidas pelo bem que fazíamos ao Colégio, por estarmos ali ajudando na educação da renomada e bem-sucedida escola da região. Ali conheci a irmã Teresinha, a irmã Carmem, a irmã Inácia, e de todas elas me tornei um grande amigo. Em face do grande carinho que sempre tive pelas irmãs salesianas, estou ultimando um livro com 174 poemas religiosos, intitulado “O livro dos poemas religiosos”, a ser lançado ainda este ano, com a dedicatória para a Irmã Maria Quagliotto.
Ainda fui professor de inglês e de química no Instituto. Muito jovem, apegado à fé, como sou até hoje (sou devoto de Nossa Senhora Auxiliadora) durante os intervalos das aulas me dirigia à capela de Nossa Senhora Auxiliadora, dentro do Colégio, e agradecia por estar vivendo aqueles momentos de paz, de amor e de alegria.
 
O Território foi criado pelo Presidente Getúlio Vargas em 1943, com o nome de Território Federal do Guaporé. Em 1956, para homenagear o Sertanista Rondon, foi mudado seu nome para Território Federal de Rondônia. Os fatos aqui narrados lembram a década de 1970, 27 anos depois. À época, Porto Velho era uma cidade adolescente. Assim como seus habitantes, cheia de sonhos. Que o digam os pioneiros.
 
Vocês imaginam o crime que cometeram ao deixarem o Colégio Dom Bosco ser desativado em Porto Velho!
 
Será que vai acontecer o mesmo com o Instituto Maria Auxiliadora?
Consegui, algum tempo depois, algumas fotos com a minha ex-aluna Badra, que posto a seguir.
Está aí, também, a foto do contrato com o Instituto, que assinei para ser professor. Assinado pela Irmã Diretora Maria Quagliotto.







Retalho da história de Rondônia - 7




Não propositadamente esquecidos. É que pouco lidamos com a valorização dos nossos entes queridos. E, até mesmo, dos nossos grandes vultos históricos, personalidades que se dedicaram a vida todo pelo bem-comum e pelo bem-estar dos outros.
 
Outro dia, o amigo Dadá e eu falávamos sobre este assunto. Dessa conversa nasceu a ideia da publicação de um livro que intitulamos "O livro dos esquecidos".
 
Evidentemente, nem todos lembrados pelo livro, já estão esquecidos. Porém, a maioria sim!
 Principalmente àqueles que muito se dedicaram à construção e desenvolvimento do Território Federal de Rondônia. Como sabemos, até chegarmos à condição de Estado, muito tivemos que labutar, dia e noite.
 
Eu já comecei a pesquisa para escrever este livro. Fotos, reportagem, depoimentos, citações estão sendo levados a termo. Não vai demorar muito e o livro sairá.
 
Neste "Retalhos da História de Rondônia" de hoje (este título é uma homenagem ao saudoso historiador Esron Meneses), a abordagem é sobre uma das mulheres mais cultas e elegantes de Rondônia.
 
UMA HOMENAGEM À NOBRE E GUERREIRA PROFESSORA
ELEIDE RIBEIRO DE LIMA (A primeira dirigente de uma instituição de ensino superior em Rondônia)
 
"Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado." Emília Viotti da Costa
 
Rondônia, nos primórdios de sua existência, quando engatinhava como Território Federal do Guaporé, criado em 1943, sendo intitulado Território Federal de Rondônia, em 1956 (uma homenagem ao Marechal Rondon, que faleceu em 1958, com 92 anos de idade), era uma rica região, formada apenas por dois municípios, quando da sua criação, um oriundo do Estado do Amazonas, Porto Velho, e o outro, oriundo do Estado de Mato Grosso, Guajará Mirim.
 
Era uma terra constituída por nobres e destemidas famílias (pois viviam competindo com as mais variadas agressividades que a natureza lhes empunhava), quase todas servindo às administrações do pequeno espaço amazônico, criado por Getúlio Vargas, para defender a faixa de fronteira que o Brasil formava com outros país da América do Sul.
 
Essas famílias viviam uma época em que você nem pode imaginar a riqueza, a fartura da terra, a alegria do seu povo que festejava, fervorosamente, a chegada dos trens e dos navios. Aqueles, vindo de Guajará Mirim, cheios de cereais, frutas, verduras, carnes de caça e de gente, que vivia pra lá e pra cá, dando conta dos seus negócios ou a passeio, enquanto que estes, os navios, da frota branca, Leopoldo Peres, Augusto Montenegro e Lobo D'Almada, traziam gente de todos os cantos do Brasil e do mundo para fixar residência, a negócio ou a passeio, com vistas a conhecer uma das regiões mais prósperas do norte do Brasil.
 
Não. Claro que nesse tempo não havia rodovias, nem a BR 364, outrora BR 29, nem a BR 319, a que liga Rondônia ao Amazonas. Da outra parte do Brasil, para se chegar ao Estado do Acre, ao Território Federal de Rondônia ou ao Amazonas, só mesmo via fluvial, férrea ou aérea. Sensacional era ouvir os apitos desses grandes meios de transportes, que eram tão importantes para os rondonienses como o ar que respiravam.
 
Pois bem! Muitas dessas famílias, as pioneiras, gentis e desbravadores famílias, deram de presente ao Território, os mais distintos filhos, alguns com formação acadêmica na Europa, como foi o caso da professora Eleide Ribeiro de Lima.
 
É sobre a vida desta culta, inteligente, prestativa, ecumênica, universal, versátil, elegante, humanitária, talentosa profissional e linda mulher, que eu vou escrever um pouco.
 
Professora Eleide Ribeiro de Lima, uma senhora distinta, elegante e de uma natureza gentil e nobre, difícil de se mensurar sua grandeza humanística e cristã. Paciente, branda, calma e tranquila: nas palavras, nos gestos, nas ações e nas atitudes. Tudo fazia com sutileza e sabedoria.
 
Eleide, uma grande amiga que eu tive em Rondônia, foi professora de francês, língua que falava fluentemente, em face do aprendizado que tivera quando da sua passagem pela Europa. Além de outras responsabilidades que assumiu no Território Federal de Rondônia, como professora, gestora e como técnica, inclusive tendo participado do Conselho Diretor da FUNDACENTRO - Fundação Centro de Ensino Superior de Rondônia, instituição da Prefeitura municipal de Porto Velho, que deu origem à Universidade Federal de Rondônia, Eleide foi a primeira Coordenadora do Núcleo de Educação da Universidade Federal do Pará (Comparado ao cargo de Reitora na região, pois representava o magnífico Reitor), uma extensão daquela Universidade Federal paraense que, por força de um convênio firmado entre o governo do Território Federal de Rondônia e a UFPa, veio se instalar em Porto Velho para promover a formação de pessoal para o magistério do sistema educacional de Rondônia.
 
Já vislumbrava à época o Governador Humberto da Silva Guedes, com o apoio do Secretário Jerzy Badocha da Secretaria de Educação e Cultura do Território, da qual eu era Subsecretário, criar as condições necessárias, estruturantes e organizacionais, para elevar o Território à categoria de Estado, não tendo sido à toa a criação de 5 municípios ao longo da BR 364 (Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno, Ariquemes e Vilhena) durante a gestão do Governador Guedes, pelo Presidente da república Ernesto Geisel.
 
Lembro-me que, na ocasião, o professor Jerzy Badocha me chamou ao seu gabinete, e como eu estava envolvido nessa parte da instalação e funcionamento do Núcleo de Extensão da UFPa, ele me consultou sobre, em que local poderíamos instalar o Núcleo e quem poderia ser a Coordenadora da Instituição. O local escolhido foi a Escola Marechal Mallet, que funcionava no 5º BEC, espaço também conhecido por REO (Residência Especial dos Oficiais). À coordenação do Núcleo, sugeri o nome da professora Eleide Ribeiro de Lima.
 
Eleide, no meu entender, preenchia todos os requisitos para ser uma Reitora. Muita fidalguia, conhecimento profundo sobre os parâmetros da educação, mestre equilibrada, com psicologia, pedagogia, formação e experiência administrativa suficiente para exercer tão magnífica função.
Assim foi feito. Núcleo instalado, Coordenadora nomeada, passamos a providenciar o vestibular para seleção dos candidatos aos cursos que a UFPa iria oferecer aos estudantes de Rondônia, principalmente àqueles funcionários que já atuavam no magistério e que careciam de uma formação magisterial acadêmica compatível com suas responsabilidades e, naturalmente, dar-lhes à oportunidade da conclusão do curso superior, e respaldar sua ascensão profissional.
 
Aliás, começa aqui propriamente, a história da Educação Superior em Rondônia, muito embora algumas turmas de professores do Território já tivessem sido atendidas pela Universidade do Acre e pela Faculdade de Educação Física do Pará.
 
Sob a coordenação da professora Eleide, realizamos o vestibular e começamos as aulas nas dependências da antiga Escola Marechal Mallet, no 5 BEC, com direito a aula inaugural e tudo o que o protocolo nessas ocasiões demanda.
 
Algum tempo depois, o Núcleo de Extensão da Universidade Federal do Pará foi transferido para outras dependências, localizadas na Rua Paulo Leal.
 
Com as mudanças, o Núcleo já nas novas instalações, a professora Eleide foi substituída pela Professor Abanael Machado de Lima. Deixara ali, naquela instituição que passou a formar mão de obra qualificada para o magistério em Rondônia, sua marca de grande educadora, mulher inspiradora, cercada de virtudes e amor ao próximo, dando à instituição do Pará a configuração importante para o surgimento de uma nova fase educacional no Território Federal de Rondônia.
 
A professora Eleide Ribeiro de Lima, pelo que me consta, jamais recebeu uma homenagem do Território Federal de Rondônia, muito menos dos governantes do novo Estado da Federação. Ela, isto sim, caberia ser homenageada com a Medalha do Mérito Marechal Rondon. Tantos que fizeram tão pouco, já foram homenageados!
 
À ela, isso sim, a Secretaria de Educação do Estado e do Município de Porto Velho já deveriam ter batizado uma escola municipal ou estadual com o nome da pioneira e aguerrida mulher rondoniense Eleide Ribeiro de Lima, que dedicou muito de sua vida em benefício das crianças e dos jovens de Rondônia.
 
Pelo que me informou a amiga Yara Linda, a professora Eleide, passados alguns anos, foi residir na cidade do Rio de Janeiro, depois na capital do Pará, Belém, onde despediu-se desta vida, longe da terra que tanto amava e por quem muito fez pelo seu desenvolvimento social.









Retalhos da história de Rondônia 4

 


Aos meus alunos do Colégio Carmela Dutra, com Carinho.

Quando fui professor no Carmela Dutra, estive trabalhando para uma turma muito especial. Esta turma era bem singular e extraordinária. Primeiro, pelos alunos que lá estavam: João Lobo, Sulivan, Edson Mugrabe, Paulo Ayres, minha irmã Vania, e a bem extrovertida e amiga que atendia pelo cognome de vovozinha e muitos outros. Esse pessoal trabalhava o dia todo e, ainda assim, encontrava energia e disposição para se deslocar de sua casa, depois de um dia duro de trabalho, para enfrentar 4 ou 5 horas de aulas (módulo da cada aula de 50 min). Eram assim, nos Colégios noturnos de Porto Velho. Cheios de alunos guerreiros.

Eu fui sempre muito amigo dos meus alunos, permitia que eles entrassem depois do horário, evitava que as aulas fossem pesadas e exigisse mais sacrifício para quem estava exausto e cansado.

Jamais iniciei uma aula sem os descontrair, quer seja contando uma anedota, quer seja conversando um pouco sobre o dia a dia nosso. Eles ficavam à vontade para se manifestarem por alguns instantes. Eu adotava esta pedagogia para descontraí-los. Só depois a aula era propriamente iniciada. Nesse grupo tinha gente de todo tipo, de todas as origens: poeta (Sulivan), jornalista Paulo Ayres), comunista (João Lobo), professora (Vânia)...

A disciplina era Estatística da Educação. O curso era Pedagogia. Curso noturno. Tivemos vários diretores. Bons diretores. Professora Léa, professor Ageu, professora Lygia, padre Zenildo... Na sala dos professores, esses (Inácio de Loyola, Álvaro Lustosa, Zenildo da Silva, José Valdir) conversavam sobre os alunos (admirados sobre a dedicação deles) e cada professor dava as informações necessárias para que a turma tivesse um atendimento programado conforme a demanda, que era muito heterogênea, diversificada e bem ampla.

Era uma turma que não havia necessidade do professor pedir para que deixassem as conversas paralelas, nem recomendasse que estudassem, que não faltassem as aulas e que dessem sempre uma olhada no que fora apresentado pelo professor anteriormente, dada a necessidade do embasamento que pediam as aulas subsequentes.

Espontaneamente, João Lobo era o líder da turma. Aluno e amigo nosso na sala de aula e um grande amigo fora dela. Educado, culto, prestativo, samaritano, adorava se prestar a socorrer os amigos, fora e dentro da sala, como quem estivesse o tempo todo a servir.

Do Sulivan, tenho a lembrança de que sempre chegava 2 ou 5 minutos depois da aula iniciada. Chegava quando eu estava nos preâmbulos. Ele sabia que, no início das aulas, eu tinha essa metodologia de deixar a turma à vontade para haver condições de aprendizagem. Afinal, ali todos haviam passado o dia trabalhando. Alguns saíam direto do trabalho para o Carnela Dutra,

Eles já eram por assim dizer, formados. Na verdade, precisavam do famoso canudo para prosseguir estudos, melhorias salariais, posições sociais, desenvolvimento pessoal, etc.

Da vovó, lembro-me que fazia a turma rir bastante, principalmente naquele momento em que eu deixava a turma descontraída, para se contextualizar na sala de aula.

Havia um aluno por nome Edmar Repouso do qual eu havia sido professor na Escola Samaritana, no 4º ano primário. A exemplo do Paulo Ayres (que foi Prefeito Mirim de Porto Velho, quando o Adaídes Batista, o Dadá, foi Governador), meu aluno na mesma época.

Certo dia na UNIR (eu era professor de Metodologia Científica no curso de Administração de Empresas), no primeiro dia de aula, na apresentação do professor e dos alunos à classe, lá estava o Edmar. E eu lhe disse em tom de brincadeira: Edmar, rapaz, você está me perseguindo? Foi meu aluno no primário, no colegial e agora no ensino superior? Ele riu, a turma se descontraiu e começamos a aula.

Não era fácil para eles. Teriam que aprender como ler textos, escrever, fazer monografias, fazer resumos, interpretar, estudar as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que embora seja muito associada a trabalhos acadêmicos, a ABNT também define normas e técnicas para produtos industriais e prestação de serviços.

No Colégio Carmela Dutra, turma do magistério na qual eu lecionava Estatística da Educação, não era também fácil. Ainda bem que, ciente da necessidade do professor ser bem didático e saber ministrar as aulas com uma metodologia diversificada e ajustada à faixa etária e experiências dos alunos, a Estatística que eu lecionava, era uma disciplina atraente, cheia de gráficos e a aritmética era a matemática básica para sua compreensão.

Muitos desses alunos foram marcantes na minha vida de professor. O Sulivam chegava com seus poemas e me mostrava cheio de alegria. O João Lobo, sempre educado e gentil, apresentava-se uma figura política, culta e cheia de horizontes. Paulo Ayres carregava no semblante os sonhos que queria alcançar, (hoje, é um dos melhores jornalistas de Rondônia, tendo sido, inclusive, Assessor Chefe de Comunicação da Assembleia Legislativa de Rondônia. Ao lado do radialista Luiz Augusto, fez grandes reportagens para a Rádio Caiari, em várias áreas sociais, inclusive deu cobertura jornalística ao primeiro vestibular da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), quando eu exercia o cargo de Pró-Reitor Acadêmico.

São muitas as lembranças desta turma. Mas não vou me estender muito porque a leitura fica desinteressante, embora não possa deixar de evidenciar a dedicação e o grande sucesso que alcançou um dos meus alunos brilhantes, que havia feito o ginasial comigo no Dom Bosco, nosso querido Edson Mugrabe, hoje um grande e competente Engenheiro Florestal.

Quando estou em Porto Velho, ainda, feliz, encontro-me com alguns desses notáveis e extraordinários alunos. Lamentei muito quando soube que alguns já haviam partido para a morada eterna, como o amigo Sulivam, o amigo João Lobo, entre outros.
Estão com Deus. Deus seja louvado.

Sempre que vejo o filme "Ao mestre com carinho", LEMBRO DESSA GENTE QUERIDA.


 









Quando fores me amar

  Quando fores me amar, meu amor, me ama devagar, sem alarde e como que se eu fosse teu primeiro amor, porque, feito tal, me verás como a ...