Hoje, sairei sozinho e
cuidarei de mim, abraçado pela noite, na companhia do vento frio que,
certamente, me tomará madrugada adentro, em seu colo, e me beijará afoito,
fazendo-me sentir, no âmago do coração, o peso da amargura que deixaram
aparecer, porque maltrataram meu povo, meu chão, meu de comer...
Ali, logo ali, encontrarei uma
taverna, sombria e convidativa, para afagar meu gosto amargo de agora, e me
recolherei na sua frieza madrugadora, amenizando minha tristeza nas doses de
consolo que me trarão os goles daquela que nascera nos canaviais dos senhores
feudais, sob os açoites e gemidos da noite...
E sem importar com o passar
das horas, nem com a vida, nem com a aurora, chorarei por sentir as dores que o
mundo lá fora ignora, porque morre ou já é morto quem espera receber de quem,
pra dar, nada tem...e nem vale...
Depois, se acontecer desse
corpo estender-se ao chão, golpeado pela angústia do vazio, causada pela
impotência de não saber e nem poder fazer nada, dirão, ao ver, um ser esquálido
e sem mais nada valer, por conta do tiro de misericórdia que lhe imputarão:
cruel destino... tão jovem e tão cretino...
(jose valdir pereira)
Imogen from Washington DC
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