domingo, 26 de fevereiro de 2023

Seu testamento foi este

 

 

"Eu, que já perdi tanto e tenho tanto ainda por perder, não me entrego, de jeito nenhum...e por quê? Você, que tem perdas pequenas, insignificantes àquelas que um dia, inevitavelmente, vai perder, por que já tão arrefecido e descoroçoado?

Veja a árvore que se recompõe a cada outono, não desiste jamais de florescer.  O verde que doa à terra o tom da esperança, para que possamos lembrar do amanhã, o faz por quê?

As águas que correm, mesmo sem saber quando chegarão ao mar, arrebatando e suplantando quaisquer empecilhos, um dia chegam a linha de chegada, dão-nos ou não o exemplo da persistência ante os percalços e impedimentos?

Não, meu amigo, não se torne tão insignificante só porque, numa única vez, sentiu e viu o lado amargo da vida... Muitos outros momentos virão. Mas, à cada qual, é-nos dada a oportunidade de nos fortalecermos. Portanto, arrefecer jamais!

Eu te digo: havia, certa vez, uma agonia insana no intimo do meu ser ainda aluado, estupefato e atônito. E tudo porque não compreendia a despedida daquela mão, daquele amor, que cuidava do meu caminho e me dava todos os dias, os arreios antes que o sol amanhecesse. Mas veio a noite e com ela, no seu aparecimento, tudo desapareceu.

Ah, você não sabe por que não teve a terça parte, sequer, das perdas que já me presenteara a vida; e eu sigo por quê? Pede-me o que me restou, para fazê-lo, mesmo que o porvir não se manifeste melhor...Ora, meu amigo, e por que ficar? Pra quê? Os tombos e as perturbações da mente, o juízo em desalinho, as mãos trêmulas, o esquecimento por vez severo carrasco, em que pese, não me descartam à vida, prossigo, porque, não foi para isso que eu vim, que eu nasci, que me fizeram?  Para prosseguir?

Eu sei que preciso acreditar que só quando o último suspiro for dado, é que despediu-se de mim a última esperança que guardava para o final. Então terei que ver-me, enfim, arremessado nos braços de uma nova era, de uma nova vida, de outros sonhos, outro amor, outras viagens. Só então, darei adeus. Mas cheio de calma. E do silêncio que fará meu coração e conterá minha alma na hora da partida.

Não estranhe se houver um leve sorriso nos meus lábios e uma imensa paz nos meus olhos. É que parti e nesse divino instante me encontro nos braços do Pai.

(jose valdir pereira)

 

 


Quando fores me amar

  Quando fores me amar, meu amor, me ama devagar, sem alarde e como que se eu fosse teu primeiro amor, porque, feito tal, me verás como a ...