Valdir,
Li rápido o seu livro, não só pelo tamanho,
os poucos poemas, como pelo interesse de conhecer-lhe a mensagem poética, por
sinal boa, mesmo excelente, em determinados instantes. O título já justifica
tudo: MOMENTOS. Momentos de doce ternura, de filosofia, de lembranças de
encontros e revelações. Diria que a sua força é o lirismo carnal. Espécie de
canto perene ao amor. Amor contido a extravasar-se pela palavra que quase se
faz tátil, epidérmica, descobre desvãos da carne, faz-se desejo, posse. É esse
o andamento da quase maioria dos seus poemas, a partir, fortemente, do que tem
o título DESEJOS:
“... A beleza do seu corpo, perfeito e tão
sensual, me encanta. Sinto o meu corpo queimando, o meu coração excitado e os
meus desejos me sufocando...”.
Assim, em muitas passagens, colhidas ao acaso:
“Meu corpo em busca das vezes que não
fomos” (a propósito, belo verso) “Estes seus cabelos, negros e finos/ que se
derramam em seu corpo”, “se não posso viver o amor que sinto, / deixe-me sentir
o sonho que vivo...”.
Muitos exemplos teria a dar. Louvo-lhe ainda o encontro com a infância, em MEU SER CRIANÇA e, particularmente, o poema LOUCURA. No poema ENQUANTO...SE, encontro uma atmosfera, clima, a maneira de Kipling.
Não há demérito nisso; trata-se apenas de uma atmosfera, como disse.
Cumprimento-o pelo seu livro e deixo-lhe
aqui os meus desejos de que continue fiel à poesia, como expressão talvez maior
dos valores do espírito.
Um abraço e a admiração do
Moreira Campos
Contista cearense
José Maria Moreira Campos (Senador Pompeu, 6 de janeiro de 1914 — Fortaleza 6 de maio de 1994) Contista brasileiro considerado um dos mais importantes do gênero no país, com obras traduzidas para o alemão, francês, hebraico, italiano e inglês.
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