A POESIA
LÍRICA...
(Edson Jorge
Badra, em “Literatura de Rondônia” –Caderno Cultural– 1987)
A poesia lírica tem,
entre nós, alguns cultores de nível bem razoável. Ora deslizam por entre versos
simples e espontâneos, com uma linguagem típica do quotidiano, que agridem, não
raras vezes, as normas da Gramática tradicional, ora se enveredam por formas
poéticas mais bem elaboradas.
Embora aparentemente mais fácil, essa poesia desestudada, natural, de
mensagem compreensível à primeira leitura, mormente quando desprovida de ritmo
e rima, é, na realidade, a de mais difícil composição, posto que muito se assemelha
à prosa. Dar aos versos assim estruturados um conteúdo poético, não é empreita
ao alcance de todos.
Uma técnica especial,
qualquer que seja ela, deverá compensar a ordenação prosaica do poema. Ou então
teremos prosa e não verso. Não basta, por exemplo, uma declaração de amor
translineada fora dos padrões comuns, para estarmos diante de uma composição
poética. O que ela perde no seu aspecto formal, deverá ganhar em
expressividade. E sobretudo em comunicação. Não a pura comunicação da mensagem,
que é o que menos importa, mas a transposição para o leitor de todo o estado
emocional do poeta. Em outras palavras, não basta dar ao leitor a ciência de
uma emoção qualquer. Mais do que isto, impõe-se transmitir aos que nos lêem a
sensação desse estado emocional.
“O Sonho que Vivo”, poema
de José Valdir Pereira, no seu livro “Momentos”, pág. 29, pode ser um desses
exemplos:
“Esses seus olhos me
enlouquecem de tanto querer, estes seus lábios que me alucinam em cada querer,/
e esta vontade que não é tortura/, por ser vontade de você.../ É um anjo, doce
e suave.../ mais perfumado que a rosa que perfuma.../ mais linda que a beleza
de uma primavera/ que tarde chegou. Estes seus cabelos, negros, finos,/ que se
derramam em seu corpo, / a criação tão perfeita, tão bela quanto o amor.../ E o
que faço,/ já que me é dado o direito de ver tanto esplendor, / se o que não
faço e não quero é desistir do seu amor? / Deusa da minha vida,/ se não posso
viver o amor que sinto,/ deixe-me sentir o amor que vivo...”
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