segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Quem é jose valdir pereira

 

A POESIA LÍRICA...

 

(Edson Jorge Badra, em “Literatura de Rondônia” –Caderno Cultural– 1987)

 

A poesia lírica tem, entre nós, alguns cultores de nível bem razoável. Ora deslizam por entre versos simples e espontâneos, com uma linguagem típica do quotidiano, que agridem, não raras vezes, as normas da Gramática tradicional, ora se enveredam por formas poéticas mais bem elaboradas.

Embora aparentemente mais fácil, essa poesia desestudada, natural, de mensagem compreensível à primeira leitura, mormente quando desprovida de ritmo e rima, é, na realidade, a de mais difícil composição, posto que muito se assemelha à prosa. Dar aos versos assim estruturados um conteúdo poético, não é empreita ao alcance de todos.

 

Uma técnica especial, qualquer que seja ela, deverá compensar a ordenação prosaica do poema. Ou então teremos prosa e não verso. Não basta, por exemplo, uma declaração de amor translineada fora dos padrões comuns, para estarmos diante de uma composição poética. O que ela perde no seu aspecto formal, deverá ganhar em expressividade. E sobretudo em comunicação. Não a pura comunicação da mensagem, que é o que menos importa, mas a transposição para o leitor de todo o estado emocional do poeta. Em outras palavras, não basta dar ao leitor a ciência de uma emoção qualquer. Mais do que isto, impõe-se transmitir aos que nos lêem a sensação desse estado emocional.

“O Sonho que Vivo”, poema de José Valdir Pereira, no seu livro “Momentos”, pág. 29, pode ser um desses exemplos:

“Esses seus olhos me enlouquecem de tanto querer, estes seus lábios que me alucinam em cada querer,/ e esta vontade que não é tortura/, por ser vontade de você.../ É um anjo, doce e suave.../ mais perfumado que a rosa que perfuma.../ mais linda que a beleza de uma primavera/ que tarde chegou. Estes seus cabelos, negros, finos,/ que se derramam em seu corpo, / a criação tão perfeita, tão bela quanto o amor.../ E o que faço,/ já que me é dado o direito de ver tanto esplendor, / se o que não faço e não quero é desistir do seu amor? / Deusa da minha vida,/ se não posso viver o amor que sinto,/ deixe-me sentir o amor que vivo...”

 

Edson Jorge Badra; membro da Academia de Letras de Rondônia. Atualmente reside em Brasília. De Guajará Mirim – RO.

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