Adoro escrever.
É claro que adoro ler também. Mas tem uma época que não leio de forma alguma. É
quando estou escrevendo. Tenho receio de ser influenciado e fazer da minha
criação uma repetição; dizer de outra forma o que os poetas clássicos já
disseram, embora de outra maneira. E, até mesmo o quê, os meus contemporâneos
estão a dizer. Coisas assim. Também, não vejo nenhuma dificuldade em escrever.
O que tem sido difícil mesmo, é fazer chegar até o leitor o ser criado. A
criatura. E o grande trabalho começa depois que decido publicar, em forma de
livro, o que escrevi.
É que, neste
instante, reflito sobre a índole, temperamento, virtudes e qualidades que o meu
livro vai carregar. Por isso, esbarro sempre nessa dificuldade, embora
superável, mas que me causa desterro. Tenho que me isolar e cometer sozinho
minha loucura.
Sobre um livro que está no prelo, escreveu: este livro, por
exemplo, “Em Prosa e Versos”, o meu sétimo afresco “miguelangiano”, me causou
um pouco de êxtase e agonia. Mas é assim mesmo. É difícil um parto sem dor. Que
digam as mães. Mas, depois vem o encantamento. O contentamento. Mesmo que não
seja um best-seller e mesmo que seja pouco vendável, ali está ele: belo,
cheiroso e enchendo de orgulho o criador. E no meu caso, meus livros já têm
destinatários certos: filhos e netas, alguns irmãos, sobrinhos, primos,
afilhados, amigos... É tanta gente que, geralmente, uma só tiragem não atende a
todos. Sempre faço novas edições, para atender à demanda reprimida.
Pois bem! Este
livro, além de se destinar a um novo segmento da sociedade, é, outra vez,
endereçado aos meus leitores assíduos: parentes e amigos.
Amigos como os
que me escreveram algumas linhas fazendo alusão aos meus trabalhos literários,
já publicados.
Para eles,
criei neste livro a seção intitulada “Fragmentos de Cartas ao Poeta”. É uma
homenagem que presto a esses amigos. São essas sinalizações, dentre outros
toques sutis emitidos por gente como eles, que dão ao escritor estímulo para
publicar suas obras literárias.
Assim, temos, no início, uma carta do amigo Vitor Hugo, que, infelizmente, não se encontra mais no nosso meio, porque Deus inventou de chamá-lo para prestar seus nobres serviços lá pelo céu. Acho que, para Deus, sua missão já havia sido cumprida aqui na terra. Como bem disse o Zé katraca, no Jornal “Diário da Amazônia”, “O amigo Vitor Hugo, sem nos avisar e acho até que, sem ser avisado, partiu desse para outro plano”.
Quem conheceu o escritor, historiador e pesquisador Vitor Hugo sabe o quanto ele fez por Rondônia. Advogado e professor, foi Secretário de Estado da Cultura, Reitor da Universidade Federal de Rondônia e, entre outros feitos em prol do desenvolvimento de Rondônia, fundou a primeira emissora de rádio do Território Federal de Rondônia, a Sociedade de Cultura Rádio Caiari Ltda (1961), implantou a telefonia automática em Rondônia (1965) e é um dos principais responsáveis pela implantação da televisão em Porto Velho. É o autor dos livros “Desbravadores”.
Sobre ele escreveu a historiadora Yêdda Borzacov, em 2001, no seu livro “Gente de Rondônia – Personagem da Nossa História”: Com os seus 80 anos, o historiador e acadêmico Vitor Hugo (membro do Instituto Histórico e geográfico de Rondônia e da Academia de Letras de Rondônia), continua com os olhos abertos para a vida e para o mundo, sempre a nos ensinar que a vida é uma renovação constante do próprio espírito, visto que o minuto que passa, e que nos vai levando, é um motivo a mais para criar e recriar”.
Veio a falecer três messes depois de me escrever a carta que está neste
livro. Perdi um grande amigo. Mas sei que, pelo serviços prestados aqui na
terra, a pedido do Pai celestial, ocupa importante lugar no céu. Sei também
que, quando a corte celestial aprecia alguns deslizes meus, o amigo sempre vota
a meu favor.
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