Difícil garantir, o tempo todo, uma forma
carinhosa de ser com seu amado ou com sua amada, se o amor de ambos não for
verdadeiro e assentado, desde sua origem, na pureza e natureza de um coração
que sentiu e viu que era aquele ou aquela a quem deveria e seria capaz de amar
por toda a vida.
Há amores que chegam apressados, os
impacientes natos, sem ter a essência que o sustenta de forma concreta, a
essência de um coração puro e gentil, nobre e singelo, com o fito apenas de
fazer sua conquista.
Depois de algum tempo, quando verifica que já
se apossou das circunstâncias, que já fez sua conquista, que, no seu
entendimento, está tudo dominado (ledo engano), começa a mostrar as unhas e, no
lugar da ternura, da nobreza e da sutileza que dera atenção desse o limiar do
relacionamento, começa a faltar com aquilo que o fez conquistar o coração, a
alma e a mente do outro: atenção, amabilidade, carinho e meiguice.
Então, aquele amado ou aquela amada que
imaginou estar, enfim, com o amor de sua vida, começa a sentir que não é bem
assim. E outra vez, vê seus sonhos se perderem no labirinto das almas
amaldiçoadas, as que estão condenadas a viver, antes de sua consumação fatal,
no terreno daqueles que, por mais que desejem e sonhem tal façanha, ainda não
se deram ao luxo de encontrar seu grande amor.
Há amores que só se dão conta do quanto não
valorizam o amor que têm, quando o perde. Perdem o grande amor de sua vida. Mas
que nunca o viu assim. Então, vem o arrependimento. Este, muitas vezes, acalmado
e controlado pelo reconhecimento de que não amou como devia e nem correspondeu
à altura àquele amor que lhe dera tanta atenção, carinho, amor e ternura. Este
sabe se conformar com a perda e suportar as consequências do amor perdido.
Outros, sustentado pela raiva que vem da
perda, se revolta, faz barulho, procura culpar o outro. Ou, por outra, promete
até ser diferente, mudar, etc., mas já é tarde. O amor que morre, esse tipo de
amor, não ressuscita. Ele já ofereceu todas as chances para ser amado, valorizado,
reconhecido e feliz. Tudo fez para ser feliz e fazer o outro feliz.
Que chances, por exemplo, foram oferecidas? A
pessoa que confiou no amor da outra, tendo-a como alguém à quem fosse dar todo
o seu amor e dele recebesse de igual maneira, jamais chegaria a crer que na
metade da viagem ou que, nem bem começasse a viagem, as atitudes, as maneiras e
a forma de convivência fosse ser alterada pelo parceiro. Os gestos de carinho,
o sorriso em cada amanhecer, a demonstração de que tudo é alegria, e que tudo
está ótimo, as mil maravilhas, em tudo concordar e, caso discorde, dar sua
opinião contrária com jeito e educação, ser sempre gracioso, não levantar a
voz, ser generoso, enfim, não alterar em nada o comportamento que apresentou desde o início da
relação, na fase das conquistas.
É bom que as pessoas saibam de uma vez por
todas que a educação é a alma de um bom relacionamento. Quem tem educação, vai
saber respeitar os sentimentos do outro, vai saber ter respeito pelo outro, e
jamais se relacionará sem que as boas maneiras e os bons modos norteiem as
atitudes e as ações de cada um. Infelizmente, a grosseria, a deselegância com o
outro, a ausência da sutileza e da delicadeza se faz presente em muitos
momentos da relação. O amor entre duas pessoas não resiste à grosserias. O amor
se alimenta de carinho, gestos de bondade, de compreensão, de ternura e de
admiração, um pelo outro. O amor requer paciência, chegando, às vezes, a exigir
que, em certas circunstâncias, um ceda para evitar atritos desnecessários,
causando descontentamentos e desavenças.
Mas, uma vez chegado a termo o relacionamento,
o que há que se fazer nesse caso? Bem, chegando a esse ponto, quando se verifica
que a relação está impossível e desgastada, resta à cada um seguir a vida,
tomar novos caminhos e tentar, mais uma vez, encontrar o amor de sua vida.
Todavia, cada um com uma lição a considerar: um procurar ser mais atencioso
para não cair, de novo, na possibilidade de achar que encontrou seu grande amor
e mais uma vez ter entrado em uma canoa furado. O outro, aprender que, em
matéria de amor, não se consegue enganar o outro por muito tempo.
- jose valdir pereira -
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