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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Livro de poemas: Nascente



  


 

 Para o tolerante que não se esquece de ser calmo e paciente, muito menos de ser confiante e diligente, embora recuar preciso seja.

 COMO SE PREFÁCIO FÔRA

Meu bom Valdir,

 

O que tens escrito pelo desenvolvimento cultural de Rondônia, recomenda-o ao respeito e à admiração gerais. Essas são palavras de um ex-Presidente da república, ditas a respeito de outro poeta amazônida. Mais que simples plágio, eu as incorpora à testa desses minipoemas poéticos de tua lavra.

Ausculto em suas entrelinhas

...um tipo de sêmen radiativo

...a nova luz o novo sangue

que há de expulsar dos cérebros futuros

o código das sombras, a fome de matar

e os resíduos totêmicos do medo.

Ao receber o manuscrito solicitando-me palavras de sua abertura em compasso de “abertura”, parecias dizer-me:

Amo arrumar palavras. Porque sei que há traças percorrendo em rios de papéis.

Coisa difícil é dar...

Palavras são sangue, mesmo as que gravadas sem propósito.

Escuta-me, Valdir: se foi surpresa para mim o pedido que me fizeste, eu já tinha descoberto em ti “o” poeta:

O poeta vai pela rua.

Ninguém está vendo o poeta,

Porque o poeta é transparente.

Mas duvido que ninguém sinta

A sua presença abstrata.

 

Todo   o livro tem a sua história particular, os seus quês e para-quês, defeitos ou virtudes, que lhes assinalam os homens, os fatos, ou a natureza. A poesia em ti, Valdir, eu já t’o disse: começa em teu lar. Não és poeta porque escreves poesias, tampouco és poeta porque tens um lar poético.

Constituíste, sim, um idílico lar poético porque és poeta: a poesia está em ti.

A poesia é o coração, é a alma, um produto superior ao mesmo livro; em miríades de sensações diversas, em um labirinto de belos panoramas, dispostos ao colorão da arte, a poesia fulgura, a imaginação voa, o ideal se coloca e a imensidade aparece.

Estão aí, Valdir, os teus versos. Continua compondo versos, continua sendo poeta, sobretudo na vida, esperança dos míseros humanos, divino apagador dos desenganos.

Dentro de tua mensagem poética, otimista, entretanto, não te esqueças, Valdir, do nosso primeiro vate, cujos ossos repousam no Cemitério dos Inocentes; estou falando de Vespasiano ramos, que morreu lembrando-nos a nós todos, triste realidade:

...na terra, deu-se, apenas, isto:

multiplicou-se o número de Judas

...e vai crescendo a prole de Pilatos.

 

Vitor Hugo

Historiador, Membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, do Amazonas e de Rondônia.

 

ONTEM FUI, HOJE SOU

  

Fui,

um imolado daquela enfermidade social,

um náufrago daquele conformismo infernal,

um resto de uma existência dirigida,

um acompanhante desacompanhado.

 

Fui,

carne, que ardia em cada fenecer,

espírito que padecia em cada sofrer,

ninguém como alguém que nada quer ser,

produto de um meio que não se descondicionou.

 

Sou,

uma consciência desapossada e incontida,

um todo que se faz a si mesmo,

uma parte de um todo descontraído,

um ser que se encontrou e se fez sentido.

 

Sou,

alegria em todo amanhecer,

amante amado em todo anoitecer,

felicidade que se expande,

aquele que, apesar de tudo,

não deixa de ser.

  

NÓS DOIS EM UM INSTANTE


Com a minha presença diante de ti,

ficaste impaciente, e a tua postura me sufocou.

E os teus olhos, que falaram de ansiedades e desejos,

guardados e fortalecidos pelo tempo que não foi nosso,

impregnaram-me de vontades, deixando-me impaciente,tanto quanto tu.

 


É HORA

 

Você que sai de casa sem querer voltar,

ou que volta sem nada levar,

ou sem nada mudar;

 

Você que abre a boca e se esquece de fechá-la;

Você que se faz de mudo aos meus ouvidos ou que é surdo às minhas palavras;

Você que só sabe dizer não a quem jamais lhe negou um sim;

 

Você que tem o corpo contorcido e a alma sofrida pelas agruras de ontem;

e o amanhã esquecido pelas promessas de agora, permanecendo nesse inconformismo,

sem insurgir, sem ficar ou sem ir embora,

É hora...

DO MEU CORAÇÃO

  

              Devo crer que ser feliz

                       viver é preciso

                                   do meu coração,

                                              que sabe querer

                                                       o que o meu ser

                                                                    nessa paixão.

 

 

REFLEXÃO

 

 

As correntes que me prendem

à essa postura que pensava devesse ter,

de mero conivente,

por questões de sobrevivência,

estavam esmagando a minha carne e corroendo o meu espírito.

E se não fossem os reflexos ardentes do meu coexistir,

em meio à tantas agruras,

ainda agora estaria subsistindo às avessas,

em busca de um vir-a-ser apocalíptico.

 

MEU SER CRIANÇA

 Veio o anoitecer,

adormeci e acordei em sonho,

num mundo envolvente de inusitado esplendor.

Deixei-me reviver a infância,

e no meu ser criança

revivi amor.

 

Reencontrei revestido de luz, meu pequeno barracão,

pássaros livres gorjeando saudades,

harmonizados num só refrão,

minha várzea ensolarada,

meu coqueiro em ascensão,

minhas alegres caminhadas,

revi noites enluaradas,

meu futuro em minhas mãos,

meu quintal arborizado,

meu brincar envolto ao chão,

meus queixumes em cada canto,

cantigas de São João.

 E presente no passado,

na aurora da minha vida,

sentindo minha inocência invadida,

e confundida num fulminante crescer,

revi vestígios do meu ser criança,

que jamais pude esquecer.

  

O INDIGENTE

 

Quão passivo é esse indigente,

que como num gostar eterno e indizível,

acede a essa insolvência,

como recurso único e supremo

à sua subsistência;

e inserido nessa imanência

não sabe exaurir paciência.

 

Com todo esse conformismo,

impregnando sua razão de ser,

adentrando em suas entranhas,

e avivando-se num perecer,

ele vive a sua vida

e não a ousa perder.

 

Sem titubear, sempre hilariante,

tudo espera ou supera e prossegue adiante,

como quem precisa chegar,

mesmo com seu fardo pesado,

com o que tem a dizer estocado,

ele caminha sem claudicar.

 

Com suas esperanças jamais esquecidas,

esgotando derradeiras vontades não desferidas,

ele se apega e confia,

como quem, tragado por um querer pujante,

desafia, com uma postura relutante,

o inatingível e inexorável horizonte

puro e singelo de sua vida

 

Como viver nessa insólita opulência,

afortunado de tantas vontades esquecidas,

com tantas esperanças investidas,

permutando desejos e creditando necessidades não supridas?

 

SEM SAIDA


Talvez neste momento em que o silêncio da madrugada desperta o meu coração,

e faz dos que aguardam o dia amanhecer sentinelas do universo,

eu possa deixar escrito aqui, o amor que tenho por você,

nascido naquele dia, quando nos encontramos, engrandecido ao longo do tempo em que fomos nos conhecendo e que vem se eternizando pelas vontades e desejos de nós dois.

 

Às vezes, por desespero, resultante de anseios sentidos e sofridos –porque em nenhum instante de minha vida você está ausente, e a sua presença em meus pensamentos induz-me a querer o seu calor, os seus abraços, os seus beijos, o seu corpo, o seu amor - concebo ser melhor para o meu coração, renunciar a esse amor, que só existe mas não é deixado ser.

 

Porém, como saber o que é melhor para o meu coração, se é ele quem sabe o que é melhor para mim?

 

 POEMA DE ADEUS

 

 Eu tenho insistido muito.

Chegando até a lhe perturbar.

Tenho dito muito de mim.

Os meus sentimentos, já os externei de diversas formas.

Eu sei que tenho sido muito determinado,

persistindo sempre.

 

Você, apesar de corresponder, a seu modo,

Alimentando o que sinto e o que quero,

Sei que não pode, por várias razões,

Ser como eu gostaria que fosse.

 

 Assim, estou eu de um lado,

Coexistindo com essa angústia de não poder realizar os meus desejos;

Do outro, você, que não tem as forças necessárias para ouvir o seu coração;

Talvez, também, contida à uma angústia um tanto quanto semelhante à minha.

 

Enfim, se nos queremos e não podemos concretizar nossos desejos,

Que clamam nossos sentimentos, é preferível não deixarmos ser.

Você tem sua vida traçada e o tempo demonstrou que,

no presente, ela é e jamais deixará de ser.

Eu sigo a minha de acordo com o caminho que devo percorrer.

 

ENQUANTO...SE...

 

Enquanto os meus olhos não enxergarem o meu próximo e a beleza da natureza;

enquanto o meu coração estiver fechado à ternura e à singeleza de uma amizade sincera e duradoura;

enquanto às minhas mãos ficarem encolhidas;

enquanto as minhas palavras não levarem alegria e felicidade por onde eu estiver ou andar;

enquanto a minha riqueza significar a pobreza de outrem;

enquanto os meus passos espelharem o medo à verdade, à angustia da solidão, à fuga do passado, à insegurança no presente e à incerteza do futuronão me permitam a que eu continue habitando este inferno existencial.

 Ao contrário, todavia,

 se o brilho do amor ao próximo e à natureza cintilar nos meus olhos;

se o espírito de amizade morar no meu coração;

se as minhas mãos estiverem estendidas;

se as minhas palavras forem sóbrias e suaves aos seus ouvidos;

se as minhas decisões refletirem o desejo de todos, se os meus passos refletirem as virtudes que concorrem à consecução do bem-estar e do bem-comum da humanidade;

e se isto tudo não for importantedeixem-me exorcizar esse demônio que habita em vocês.


O SONHO QUE VIVO

 Ah! Estes seus olhos que me enlouquecem de tanto querer;

esses seus lábios que me alucinam em cada querer;

e essa vontade que não é tortura por ser vontade de você;

é um anjo doce e suave, mais perfumada que a rosa que perfuma;

mais linda que a beleza de uma primavera que tarde chegou.

Ah! Esses seus cabelos, negros e finos, que se derramam em seu corpo,

a criação tão perfeita, tão bela quanto o amor.

E o que faço, já que me é dado o direito de ver tanto esplendor,

se o que não faço e não quero é desistir do seu amor?

Ah, deusa da minha vida, se não posso viver o amor que sinto,

deixa-me sentir o sonho que vivo.

 

OS MAUS POLÍTICOS

 São criaturas fracas e frágeis;

São vermes alimentados e consumidos por desejos mórbidos e nefastos,

de uma vida vazia, sórdida e obscena.

 São insignificantes bagaços humanos, guiados por uma razão desgarrada,

e por um coração espedaçado, em busca de um horizonte,

tragado pelas veredas do inferno.

 Ludibriam-se a si e a seus sectários com promessas demagógicas,

exaradas e esquecidas no livro amaldiçoado das almas desgarradas.

 Diabolicamente, procuram alterar os desígnios sagrados,

que nos conduzem à mais sublime e inefável vida que o divino nos reservou.

 

TALVEZ UMA ESPERANÇA

 Para você recordar,

se preciso for,

pois, talvez,

não seja uma lembrança,

mas uma esperança, de quem deseja o seu amor.

 Não me permita

que eu deixe

de nutrir esse desejo

que me faz viver.


A MINHA VIDA

  A minha vida só me importa,

na medida em que busco fazer de mim,

um universo eivado de amor,

de alegria

e de felicidade.

 Por isso,

guardo n’alma o desejo interminável

de viver o amor,

a alegria

e a felicidade,

que posso ser,

que posso ter

e que posso dar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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