Sobre a verdadeira razão do amor entre duas pessoas
não acontecer como ambos imaginam, é motivado pela despreparação de cada um
quanto ao exercício deste grande sentimento. Às vezes, quem mais tem que se
dedicar ao sucesso do relacionamento, é aquele que tem uma bagagem de
conhecimentos e de experiências no assunto, pela vivência e pelo tanto que já
se dedicou a amar, incondicional, compromissada e ininterruptamente uma ou mais
pessoas, uma de cada vez. Há de ter-se encontrado, enquanto isso, com
diferentes naturezas, reações e entendimentos com os quais as pessoas amadas,
se pautavam, se asseguravam para o exercício do amor na relação.
Alguns, senão a maioria, jamais tiveram contato com
a Carta que o apóstolo Paulo de Tarso enviou aos Coríntios (O amor é
sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece,
não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se
irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com
a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor
jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas,
cessarão; havendo ciência, desaparecerá...). Ou por outra, nada leu
daquilo que escreveu Santo Agostinho sobre o amor entre a criatura e o Criador,
nem teve contato com os grandes escritos acerca do assunto, deixados na
literatura mundial, universal, como àqueles de Shakespeare, a beleza das
declarações de Salomão sobre o amor, no livro Cantares (Cântico dos Cânticos),
entre outros.
Vê-se, comum e constantemente, pessoas em um
relacionamento com alguém, sem entender de nada sobre o que é amar, amar alguém
e por ele ser amado. Elas se jogam na relação no escuro. E, assim, pensam que,
na relação, o outro tem que lhe dar toda atenção, ser gentil, cuidar, garantir
sua alegria, felicidade e realização amorosa, numa mão única, de forma
unilateral. Ou seja: em troca, ou com relação à sua parte, àquilo que lhe cabe,
em nada se preocupa em fazer. Quero dizer: fazer algo amoroso e amável pelo e
para o outro.
Há muito egoísmo de ambas as partes, quase sempre.
Mas muito de quem não tem reflexões, estudo, leituras e experiência sobre o
exercício de amar e ser amado. Se joga em uma relação, muitas vezes sob o
domínio de uma paixão, desejo físico ou interesses outros.
Por exemplo, como amar e ser amado por alguém, se não tem os mesmos gostos
quanto à música, à culinária, às cores, às artes, estilo, elegância,
vocabulário, cheiro, viagens, amizades, romantismo etc...Assim, se não houver
afinidades alguém vai ter sempre que abdicar dos seus gostos, recuar, ceder...
Elas, essas pessoas, pensam que o amor é só
felicidade, alegria e prazer. Não! O amor é um sentimento que firma entre dois
seres uma aliança, onde cada um se compromete assumir a felicidade do outro. É
assim que o amor prospera. Um vendo o quanto o outro se dedica ao seu
bem-estar, à sua alegria e ao seu sucesso como pessoa cheia de
responsabilidades sociais, profissionais, humanas, cristãs, econômicas e
políticas. A paixão não tem esse compromisso.
Terrivelmente difícil, alguém fazer o outro feliz,
se não tem a grandeza de compreender às necessidades, às vicissitudes, às
qualidades, às deficiências e às carências do outrem.
Se é uma paixão, o sexo satisfaz tudo.
Quando um poeta, não necessariamente um poeta,
põe-se a refletir sobre os amores pelos quais já passou, sempre pergunta onde
foi que errou. Infelizmente, provavelmente constata que as pessoas com as quais
se relacionou, não estavam preparadas para o amor, o amor que teria que viver
ao estar consigo. Já escrevi um poema que diz: não se envolva com um poeta ou
com alguém muito romântico, querendo ser capaz de amá-lo, fazendo juras de
amor, sem saber se é capaz de carregar o pote. Uma pessoa assim, é pegajoso,
grudento, amoroso demais, quer viver a relação na sua plenitude, de todas as
maneiras, de forma romântica, amorosa. Quer lhe dar flores e verificar se você
valoriza as flores que lhe foram ofertadas. Quer receber presentes, quer
atenção inigualável, aconchego, cumplicidade, nada de segredos ou de reservas.
E muita paixão no amor, e muito amor na paixão, e muita amizade, porque o amor
maior e melhor é aquele sustentado por uma grande amizade, onde, por isso, o
respeito impera, a admiração acontece e a união é forte e se fortalece em cada
gesto de amor. Não existem segredos na relação e ambos têm os devidos cuidados
para não se magoarem, muito menos um magoar o outro. Essas pessoas, poéticas e
românticas, dão muito valor à lealdade, ao amor sincero, à presença constante
da (a) amada (o) em sua vida e ao chamego, ao aconchego, ao carinho e apego no
dia a dia.
Um amor do tamanho do verdadeiro amor, faz com que
o parceiro e a parceira diga pra onde vai, pergunte se há algum empecilho em
ir, informe detalhadamente seus passos e movimentos. É como se, ao estar longe,
geograficamente falando, um do outro, os fizessem necessários, cada vez mais
perto, colados e necessitados, um do outro. A ausência de um sufoca a
existência do outro.
- jose valdir pereira -
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