"...E, assim, era tal minha discrição...
e exagerada timidez ao ser cortejada e desejada pelos teus beijos que, mesmo
sem tê-los, sentia-os dentro do meu peito a afagar-me, com teu amor, meu
coração...
A época? Nem me lembro mais...Fazem tanta
questão de apagá-la, que nem me recordo...nem o tempo a tem na lembrança...nem
o tempo!
Mas eu sei que tudo era e acontecia aos
poucos, e uma coisa de cada vez...
Depois do olhar, o flerte à distância,
recados nos bilhetinhos nos pedaços das folhas dos cadernos rasgadas; ou uma
canção oferecida pelo serviço de som das quermesses, com respeito, carinho e
amor...e sem saber o nome, a se referir apenas de como estava a vestir-se...
Depois, sim, o amor sentido em cada coração,
a procura de aproximar-se, um do outro, para algumas palavras, expressão de
desejos e alguns toques, quando muito, sutis, apenas as mãos a se
tocarem...escondido era mais gostoso, mas a educação pedia que fosse em casa,
aos olhos dos pais...e não havia outra maneira de se contemplar um ao outro,
senão através dos encontros marcados, em casa, no colégio ou nas praças, na
companhia de uma amiga ou de uma irmã ou de uma prima...
(...)
Custava o primeiro beijo...jamais um abraço,
salvo quando em um baile a dançar, sob o olhar serrado do irmão, momento mais esperado...os
corpos se encontravam e o amor acontecia mais fortemente...não se
ficava...éramos namorados...e, raro era, se assim o fosse, não redundar em
casamento...e era o tempo do véu e grinalda, da lua de mel e de outros rituais
que davam e marcavam, com elegância e lirismo, os velhos tempos de outrora.
(...)
Já faz tanto tempo...
Mas assim, é que era bom...
Era bom demais...
- jose valdir pereira -
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