SAUDADE?
se a tenho hoje, é porque ontem foi bom
E já se foi tanto tempo.
Minha memória já anda de passos lentos,
meu coração já não bate como outrora,
e as palavras já não são bem ditas
Pelos caminhos, tateiam as mãos
para um simples caminhar,
os olhos nem bem enxergam a um palmo a frente,
e os cabelos tocados pelo vento, deixam sua brancura realçar,
ainda que cambaleando, as pernas se atrevem a me levar
Nem cem, nem noventa, alguns
momentos e instantes vividos, e a vida já me diz que basta, que quer me deixar,
também, nem sei pra onde... Quem sabe para um melhor lugar...
Será que terei sorrisos, flores e
um mar? Desses bem imensos, a perder de vista, que eu costumava contemplar ou
só mesmo uma lagoa que nos tempo da estiagem vai secar?
Quanto encantamento fora vivido e
sentido quando os olhos vibravam e a alma pecava só de imaginar...
É por aqui, diz o jovem afoito querendo me dar lições de vida, como se eu não
soubesse a trilha do bem e do mal..
Eles são assim mesmo, aliás, nós somos assim mesmo na idade tenra, no tempo do
tempo sem limite,
sem importar se é noite ou dia, para viver, ser e ter o que os sonhos e as
ilusões nos alimentam, enchendo nossos corações de presentes e futuros cheios
de riquezas e belezas, divinas e infindáveis.
Ali, minha criança, é, por acaso, uma borboleta que passa? Minha vista está tão turva!
Que maravilha! Não é o
cantar de um alegre passarinho que nos chega aos ouvidos, agora?
E aquela criança a brincar, solta e livre, onde cabe-lhe toda a alegria do mundo, só
porque desfruta de um saboroso sorvete a se derramar em sua delicada mão...
Nossa, já vai longe o tempo em
que fora eu a ser assim, descontraído, ignorando o porvir, sem me importar com o que me fora dado saber
e viver, e, tampouco com o que haveria de ser, com o que haveria de vir.
Talvez nem veja outro amanhecer.
Até isso, o tempo quer me tomar de mim.
A noite, esta ele já me tomou. Mas eu não me importo. Gosto mesmo é do
amanhecer.
É nele que eu me encontro vivo todos os dias, mesmo já estando um pouco morto,
como me vêem e me tomam, em meio a esta indiscreta decrepitude.
- jose valdir pereira -
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