Ela não tirava os olhos do final daquele caminho onde as
beiradas estavam cheias de folhas mexidas pelo vento que corria para os altos
das montanhas que existiam ao redor da sua pequena casinha de sapé.
De longe, chegava até seus ouvidos o som da correnteza das
águas do igarapé onde, às vezes, ela molhava seus pés e conversava com os
peixinhos que saltitavam velozmente submersos e senhores da vida que levavam
naquele nicho tão seus, só seus.
Esses olhos que de certa forma buscavam ver algo que pudesse
surgir como se não existisse apenas na sua imaginação, não a deixava perturbada
porque ela sabia que tudo era apenas um sonho, um desejo intenso que havia no
seu coração, impossível de fazê-la feliz e realizada ao ter sua alma auferindo
o que de mais sagrado perpassava por entre seus pensamentos leves, puros e
sutis.
De tão sonhadora, deixava se passar por alguém que só
existisse em sua imaginação, onde a realidade se ausentava constantemente de
si, sendo apossada e dominada pelos pensamentos que a levavam à realização dos
sonhos que acalentava dia e noite, horas a fio, como se essa fosse a sua
principal razão de viver.
E de tanto assim, não lhe era negado a impressão de que lá,
não muito longe para onde olhava e fitavam seus olhos, estaria a ver a quem
atendesse seus anseios e querências, a partir do que, rendia graças aos céus,
falava baixinho com sua santa protetora, agradecendo o que via, que ainda não
podia palpar, mas pelo menos se formava no espaço e naquele lugar o elemento
concreto que habita seus sonhos.
Depois teve a ideia de fechar os olhos e deixar que a
imaginação a levasse até àquela imagem que lhe apareceu, bem distante de onde
estava. E foi assim que, percebeu que o poder do seu coração trouxe para ela a
satisfação do seu grande e intenso desejo.
- jose valdir pereira -
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