segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Crônica

 

Ela não tirava os olhos do final daquele caminho onde as beiradas estavam cheias de folhas mexidas pelo vento que corria para os altos das montanhas que existiam ao redor da sua pequena casinha de sapé.

De longe, chegava até seus ouvidos o som da correnteza das águas do igarapé onde, às vezes, ela molhava seus pés e conversava com os peixinhos que saltitavam velozmente submersos e senhores da vida que levavam naquele nicho tão seus, só seus.

Esses olhos que de certa forma buscavam ver algo que pudesse surgir como se não existisse apenas na sua imaginação, não a deixava perturbada porque ela sabia que tudo era apenas um sonho, um desejo intenso que havia no seu coração, impossível de fazê-la feliz e realizada ao ter sua alma auferindo o que de mais sagrado perpassava por entre seus pensamentos leves, puros e sutis.

De tão sonhadora, deixava se passar por alguém que só existisse em sua imaginação, onde a realidade se ausentava constantemente de si, sendo apossada e dominada pelos pensamentos que a levavam à realização dos sonhos que acalentava dia e noite, horas a fio, como se essa fosse a sua principal razão de viver.

E de tanto assim, não lhe era negado a impressão de que lá, não muito longe para onde olhava e fitavam seus olhos, estaria a ver a quem atendesse seus anseios e querências, a partir do que, rendia graças aos céus, falava baixinho com sua santa protetora, agradecendo o que via, que ainda não podia palpar, mas pelo menos se formava no espaço e naquele lugar o elemento concreto que habita seus sonhos.

Depois teve a ideia de fechar os olhos e deixar que a imaginação a levasse até àquela imagem que lhe apareceu, bem distante de onde estava. E foi assim que, percebeu que o poder do seu coração trouxe para ela a satisfação do seu grande e intenso desejo.

- jose valdir pereira -



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