A janela estava aberta. Lá fora o vento tocava suavemente as folhas da roseira, como quem não quisesse incomodar as rosas. Um ou outro pássaro voava de uma árvore a outra, como que a querer se mostrar para ela que estava perto da janela a observar a suavidade do silêncio e a calmaria do tempo que parece que não passava, porque o panorama lá de fora era sempre o mesmo, como se fosse ali o céu, o paraíso, a morada celestial dos anjos do amor.
Se o perfume que chegava ao seu olfato não fosse o bastante, chegava-lhe uma melodia que ecoava de longe, muito longe, quase inaudível a fazê-la querer adormecer, mesmo em pé, naquele estado absorto, admirando a fascinação da natureza, tomada por seus elementos naturais, o vento, a luz do dia, a voz do vento e a leveza das árvores que se mexiam sob o toque sutil do vento que passava por ali, rumo às cordilheiras.
O que lhe passava pela mente, além da ideia de que estava absorta pelo vazio que lhe ofertava o tempo, o estado sublimado do entorno e sua abstinência ao resto da vida? Se apenas sentia e via com o coração, seu corpo não se manifestava. Apenas sua alma se deleitava com os sinais de como são os tempos e os espaços de uma outra dimensão exist3ncial, longe, bem longe, daquele seu pequeno lugar em que vivia seus dias de paz e de reflexão.
Nem aquela chuva quase despercebida, nem aquelas borboletas sobrevoando o jardim de sua casa, nem o canto do rouxinol na sua solitude, expondo suas emoções de uma vida alegre e cheia de graças pela vida que ganhara do seu criador, a despertava e a fazia sair de si para adentrar nesse mundo do qual fazia parte, mas não o via naquele instante de zelo e de ternura com sua alma e com o seu coração.
Mas, de repente, porque não era só sua presença que habitava o lugar, chega uma outra criatura, também, obra e graça de Deus, e, sem nada dizer, lhe tira a atenção que dedicava ao meio com quem interagia, mesmo em silêncio, mas descortinava uma dialética capaz de lhe prover da ciência do saber interpretar o outro sem deferir-lhe uma só palavra.
Era um iguana, um animal considerado exótico que costuma ser calmo e que gosta de passar horas no terrário, terreno reservada à criação de répteis. Desta vez a iguana a viu, mas porque ela estava tão ausente, a iguana chegou bem perto afim de sentir o que estava acontecendo na sua vizinhança.
- jose Valdir pereira -
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