sábado, 10 de setembro de 2022

NA MINHA SOLICITUDE

 

Quando as águas chegam descendo do despenhadeiro,
as nuvens enchem a terra com as sombras que acolhem o lavrador,
as flores desabrocham nos campos que verdejam nas colinas,
e as borboletas passeiam nas relvas verdes dos pomares,
enquanto as corsas saltitam floresta adentro, alegres e festeiras,
o alimento abunda e há água límpida correndo riacho abaixo.
Quando os pássaros gorjeiam seu canto de alegria,
 
as garças nos aguapés das lagoas tomadas pelas chuvas de abril,
golfinhos deslizam seu corpos no dorso das águas verdes do mar,
no espaço longínquo do céu azul, um condor procura sua amada,
de noite, pirilampos iluminam caminhos dos que caçam o amor,
porque nada mais dá à alma e ao coração, alegria do amor.
 
Entrou a noite no dia e chegou a saudade do que não existe mais,
agora apenas um copo e um pouco de vinho,
um pedaço de queijo e uma lareira no canto da sala, afasta a melancolia e o apego,
sem mais nada, e se não fora a saudade,
ali mesmo haveria de se perder o mais doce significado da vida,
lembrar, desejar, imaginar, os beijos chegam e o abraço desperta as reminiscências de outrora.
 
Se não fora a fumaça desse cigarro,
o cheiro inebriante do vinho cabernet malbec de cheiro suave,
a beleza das flores no jarro sobre a mesa,
a canção dizendo de haver um amanhã para se esquecer o insosso,
dava-lhe por sucumbido todo aquele amor,
a única esperança a resistir aos escombros da vida, daquele sombrio porvir.
 
- jose valdir pereira -



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