quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Mostram que foram criados por uma rainha

 

 

Temos, não raro, coisa dos homens, o grato gosto de imaginar como seria se pudéssemos ter o prazer de viver alguns instantes com aquela mulher que tanto desejamos. Mulher linda, que exala um cheiro inebriante, de olhar estonteante, de elegância sem igual, lábios sensuais, e nobreza até no andar e no falar.

Ninguém mais educada e gentil. Uma flor, sim, até a mais perfeita, dista muito, mesmo sendo a mais formosa, como a rosa, a divina e graciosa flor.

Quando saímos do terreno da imaginação, criada a oportunidade de sentirmos o auspicioso deleite que nossa mente tanto engendrou, vis a vis, testa a testa, ainda mais quando não tanto só a oferecer, mas um pouco a pedir, o reinado da princesa vai por água abaixo, desmanchando todo aquele castelo que fora construído, a partir de uma singela imaginação.

Acontece também com as mulheres. Ao invés de um príncipe, eis que lhe surge, de repente, um sapo. Mas antes de ser um sapo, não havia na face da terra homem algum com maior fidalguia, cavalheirismo, fineza no trato e nobreza nos gestos. Só alguns minutos de convívio são o bastante para revelarem a pobreza de espírito e nefasta impulsividade e gênio da pior espécie, só existente nos verdadeiros "cascas grossas".

Eles, lobos travestidos de cordeiros. Elas, tigresas em traje de patricinhas. Mas é o preço que nos impõe o desejo da carne, a fome pelo proibido, o pós-doutorado em ignorância e o menosprezo ao bom senso.

Andamos ultimamente muito desatentos. Parece que é porque não temos mais, nem o papai nem a mamãe pegando no nosso pé.

Pergunta-se? Como se defender, qual o melhor mecanismo de defesa para, nem um nem outro, deixar de ser vítima desses lobos e dessas patricinhas? A abstenção? Ou seja, abster-se do maior prazer que se pode dar à carne, mesmo que tudo não dure mais que ínfima miséria de tempo, reles minutos?

Não custa nada tentar nos protegermos desses momentos. Muito sábios os escritos sagrados, quando pede lealdade, fidelidade e respeito nos relacionamentos. E conquanto tenhamos apenas uma companhia, a nossa, que embora tanto apregoem ao contrário, não é a melhor, porque a melhor companhia mesmo para uma mulher é um bom homem e para o homem, uma boa mulher (e não uma "mulher boa"), não convém arriscar. Como diziam os antigos, quando a sabedoria popular existia e servia de guia pra muita gente, "é melhor estar só do que mal acompanhado."

Tenhamos mais cuidados com os lobos e com as patricinhas. Lembrei-me de uma citação, dominada pelos coronéis (eles ainda existem, entenderam?), que dizia: "prendam suas cabritas que meus bodes estão soltos." (coisa grosseira, não?). Agora são os lobos e as patricinhas que estão soltos.

Lembrei-me da mamãe que gostava de conversar, trocar ideias sobre os ensinamentos e exemplos que dizia ter acumulado ao longo da vida. Ela me dizia: filho, homem que trata a mulher como princesa, e a mulher que trata o homem como príncipe, mostra que foram criados por uma rainha! Olhe lá, viu? Eu quero ser sempre uma rainha.

- jose valdir pereira -

 Mamãe

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