Temos, não raro, coisa dos homens, o grato gosto de imaginar como seria
se pudéssemos ter o prazer de viver alguns instantes com aquela mulher que
tanto desejamos. Mulher linda, que exala um cheiro inebriante, de olhar
estonteante, de elegância sem igual, lábios sensuais, e nobreza até no andar e
no falar.
Ninguém mais educada e gentil. Uma flor, sim, até a mais perfeita, dista
muito, mesmo sendo a mais formosa, como a rosa, a divina e graciosa flor.
Quando saímos do terreno da imaginação, criada a oportunidade de
sentirmos o auspicioso deleite que nossa mente tanto engendrou, vis a vis,
testa a testa, ainda mais quando não tanto só a oferecer, mas um pouco a pedir,
o reinado da princesa vai por água abaixo, desmanchando todo aquele castelo que
fora construído, a partir de uma singela imaginação.
Acontece também com as mulheres. Ao invés de um príncipe, eis que lhe
surge, de repente, um sapo. Mas antes de ser um sapo, não havia na face da
terra homem algum com maior fidalguia, cavalheirismo, fineza no trato e nobreza
nos gestos. Só alguns minutos de convívio são o bastante para revelarem a
pobreza de espírito e nefasta impulsividade e gênio da pior espécie, só
existente nos verdadeiros "cascas grossas".
Eles, lobos travestidos de cordeiros. Elas, tigresas em traje de
patricinhas. Mas é o preço que nos impõe o desejo da carne, a fome pelo
proibido, o pós-doutorado em ignorância e o menosprezo ao bom senso.
Andamos ultimamente muito desatentos. Parece que é porque não temos
mais, nem o papai nem a mamãe pegando no nosso pé.
Pergunta-se? Como se defender, qual o melhor mecanismo de defesa para,
nem um nem outro, deixar de ser vítima desses lobos e dessas patricinhas? A
abstenção? Ou seja, abster-se do maior prazer que se pode dar à carne, mesmo
que tudo não dure mais que ínfima miséria de tempo, reles minutos?
Não custa nada tentar nos protegermos desses momentos. Muito sábios os
escritos sagrados, quando pede lealdade, fidelidade e respeito nos
relacionamentos. E conquanto tenhamos apenas uma companhia, a nossa, que embora
tanto apregoem ao contrário, não é a melhor, porque a melhor companhia mesmo
para uma mulher é um bom homem e para o homem, uma boa mulher (e não uma
"mulher boa"), não convém arriscar. Como diziam os antigos, quando a
sabedoria popular existia e servia de guia pra muita gente, "é melhor
estar só do que mal acompanhado."
Tenhamos mais cuidados com os lobos e com as patricinhas. Lembrei-me de
uma citação, dominada pelos coronéis (eles ainda existem, entenderam?), que
dizia: "prendam suas cabritas que meus bodes estão soltos." (coisa
grosseira, não?). Agora são os lobos e as patricinhas que estão soltos.
Lembrei-me da mamãe que gostava de conversar, trocar ideias sobre os
ensinamentos e exemplos que dizia ter acumulado ao longo da vida. Ela me dizia:
filho, homem que trata a mulher como princesa, e a mulher que trata o homem
como príncipe, mostra que foram criados por uma rainha! Olhe lá, viu? Eu quero
ser sempre uma rainha.
- jose valdir pereira -
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