Cresci ouvindo
as músicas de Roberto Carlos. Tempo da Jovem Guarda. Procurei logo, ainda tenra
idade, aprender a tocar violão. Meu desejo era ser cantor. Aprendi bem
depressa. Mas em Porto Velho não havia como se tornar cantor. Então, fiquei
tocando nas rodas de amigos, em algumas festas e bailes e casas de amigos. Até
cheguei a compor algumas músicas, no estilo Roberto Carlos (você me segregou,
jogou fora meu amor e agora quer voltar, ah, foi uma pena, o amor não se
sustenta, quando não se sabe amar...). Eram esses os primeiros versos de uma
das canções que fiz. Meu bairro, Olaria, só gente da música: Lairto, Jonas,
Piabinha, Bado (veio depois) Beto, Casemiro (excelente baixista) Airton (cobra
na guitarra), Carlinhos (sabe tudo de jovem guarda até hoje). Muitos. Eram
muitos os meninos talentosas da Olaria.
Eu adorava
cantar e tocar violão. Hoje, algumas canções do Roberto Carlos ainda sei
"levar", agora um pouco no piano também. Não acalento mais o sonho de
ser cantor. Agora, são outros os sonhos. A vida é movida por sonhos. Por isso,
os tenho.
Ouvir Roberto
Carlos sempre me faz lembrar meu primo José Airto Leite, ano passado vida
ceifada pela tal da Covid 19, que estudava engenharia na UFPA, em Belém, e
sempre nas férias, em Porto Velho, depois de sua casa, no outro dia, bem
cedinho, ia tomar seu café lá na minha, na Olaria, e logo me pedia: Valdir,
toca aquela. Aquela, era a música do Luiz Airão, que Roberto Carlos gravou e
que foi um dos grandes sucessos do rei "Nossa Canção". Foi uma das
primeiras que aprendi a tocar. E penso que quem toca violão, sabe tocar esta
música.
Quando Roberto
ganhou o festival de Sanremo na Itália, com a música Canzone Per Te, de Sergio
Endrigo, eu quis logo aprender a cantar esta música. E o faço muito bem até
hoje. Momento inesquecível do rei.
Depois, a partir
de 1970/72, o rei passou a se dedicar às canções românticas e eu aprendi com
ele a ser romântico e sonhador.
Até hoje, além
do violão, sou apaixonado por outro instrumento: o piano. Ainda não sei tocar
como toco violão, mas vou levando, aprendendo.
Mas, música à
parte, segui muito o exemplo de vida de Roberto Carlos. Uma pessoa sempre
simples e humilde, modesta e fiel ao seu público, honrava seus compromissos no
sentido de, todos os anos, oferecer uma gama de músicas românticas, inéditas,
ao seu fã-club. Eu, um de seus ardorosas fãs, inclusive acompanhado por minha
amada mãe (hoje no céu), ficávamos à espera, sempre ansiosos para ouvir os
novos sucessos do rei. Quem primeiro nos mostrava essas músicas era o programa
do saudoso radialista Osmar Vilhena, na Rádio Caiari, a pioneira de Rondônia,
criada pelo meu saudoso amigo Vitor Hugo (por todos chamados: Pe. Vitor Hugo).
E quando as
músicas de Roberto Carlos começavam a rodar na rádio (só tínhamos uma em Porto
Velho), o LP chegava nas lojas de discos, a garotada (eu, um deles) começava a
querer aprender a tocar e a cantar as novas músicas, aqueles novos sucessos.
Sucessos garantidos mesmo. Roberto Carlos quando lançava um LP (hoje CD), já
havia vendido um milhão de cópias.
Mas a vida do
rei, a vida sentimental, não foi tão bem sucedida como o fora sua vida de
cantor. Um dos filhos, o "Segundinho", depois que nasceu teve que
passar por uma cirurgia nos olhos, tendo hoje uma visão de apenas 10% em um dos
olhos, se mais, apenas um pouco. Sua primeira mulher, Nice, morreu de câncer,
não teve um relacionamento tranquilo com a "Atriz" Miriam Rios, e aquela que ele amou
tanto, o amor de sua vida, Maria Rita, veio a falecer de câncer, fulminante e inesperadamente.
80 anos. Nosso
Frank Sinatra (New York, New York) com suas "Emoções", continua
vivinho, em forma, com a mesma voz e mantendo a mesma performance que é exigido a um cantor de sua
nobreza.
Claro que
Roberto e Erasmo, seu eterno parceiro musical, continuam compondo formidáveis
canções, canções românticas e de amor. Mas, acredito que se colocasse na praça
suas preciosidades, dado o atual ouvido deselegante da humanidade, seria
apedrejado, chamado de cafona, alienígena, obsoleto e anacrônico.
Que continuemos
"Além do horizonte", no "O amor é a moda", "Na paz do
seu sorriso", cantando com Roberto suas belas canções, "As canções
que você fez pra mim", no embalo de "Jesus Cristo", que ele
cantou para o Papa, o melhor e maior de todos os tempos, João Paulo II.
Parabéns,
Roberto. 80 anos, cheios de emoções, não é pra qualquer um. É um presente de
Deus aos iluminados.
- jose valdir
pereira -
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