Não gosto de dormir; tenho a impressão que a vida
passa mais rapidamente e a morte chega mais perto. Se pudesse, bebia todas, comia todas, via a lua nascer e sumir. O sol
ir e vir, até a primavera voltar e o outono, também.
Adoro outono. É pra ver as folhas caírem. Passa-me
a ideia de renascimento.
Já viu uma gaivota voando no infinito do céu azul?
Já viu uma centopeia seguindo seu caminho? Que paciência, não? Parece que nunca
vai chegar, mas ela sabe que vai. Quando custa ao beija-flor polinizar a flor?
E porque todas as águas doces correm para o mar? E por que o mar continua
salgado? Parece coisa de gente. Tanto carinho recebe e continua salgada.
Por que o mundo é doido? Ora, também pudera, cheio
de gente doida. Sabia que você é também desajustado, desmiolado, desequilibrado
Não adianta se esconder atrás desse sorriso. Um pouco mais ou um pouco menos,
mas é. É por isso que a vida é desassossegada, atribulada e corrida, cheia de
gente pressurosa. Você está parado, mas doido pra correr, freneticamente. É ou
não é?
E como mudar? Se forem para a roça, vão queimar o
roçado, dizimar o pouco do verde que sobra e a fauna some. É melhor mesmo ficar
na cidade, pensando que é são, vendo a vida passar, e descuidado, como disse o
Raul Seixas, com a boca escancarada esperando a morte chegar.
(José Valdir Pereira)
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