O amor que não magoa, que não fere, que não faz chorar, que não deixa
desprezar, que acuda e acolha...
O amor que compreenda, que ama, que chega junto, que perdoa, que volta
pela mesma porta que saiu - e sempre - ; o amor simples ou, simplesmente, um
simples amor; O amor que faz a partilha da alegria, da tristeza e que não
rejeita a esperança de uma nova vida, quando tudo desaba e nos sentimos
sozinhos, cheios de angústia e desolados; o amor do bom vizinho, da lavadeira,
do homem que nos olha sorrindo triste a pedir uma gota de carinho; o amor de
quem prega a palavra do evangelho, sem tirar nem por; da velhinha que passou e
só depois notamos quem havia passado;
O amor de uma borboleta, de um passarinho, de uma planta, de uma flor; O
amor dos anjos, das crianças, do homem de fé; do mendigo, do palhaço, da chuva,
do céu, do mar; daquele que vem dos amores constantes, distantes, sonantes e
dissonantes, mas firme e verdadeiro, sem fim e sem meias palavras; o amor do
verão, da primavera, do outono ou do inverno, mas que seja pra valer; o amor
que viva na pureza da alma, nos lagos longe do alcance dos nossos olhos, das
mãos, mas que o sintamos no coração;
O amor que encanta os sonhos, os pensamentos dos poetas, os versos da
poesia romântica, lírica; O amor que habita o coração das mulheres amadas,
amantes e apaixonadas, e que se dão, se entregam por inteiro, corpo e alma, sem
medida, como quer e deseja o amante, a amada; o amor que dá saudade, que
esplode de alegria ao ser reencontrado, porque pensava estar perdido; o amor
que vem ao amanhecer, puro e singelo, verdadeiro e perfeito, à mercê das flores
e do cheiro devorador; ah, gostoso amor!
O amor que vem e vai e que chega sempre em todos os momentos que o
queremos, que nos suporta, comporta, importa, conforta. O da boquinha da noite,
ou àquele que nos desperta quando os passarinhos e as manhãs chegam nos
oferecendo um novo dia; o amor que saiba abrir a porta quantas vezes
precisemos; que devora na cama, nos seus braços, abraços, beijos, suado,
molhado, atiçado, a qualquer hora...
O amor que começa, mas não termina, muito menos numa mesa de bar, numa
noite de luar, na sessão do cinema, no final de um programa; O amor da canção,
que passeia nos acordes do violão, e o da insinuada fisgada nos olhares
cavilosos, cheios da libido e de tesão, que escapuliram do coração; o amor pela
natureza e de tudo que nela há e dela vem; o amor da amizade, da mulher que
amamos, dos nossos filhos, dos pais; o amor de todos...
Enfim, o amor de Deus, esse, nosso maior e melhor amor!
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