Ao escurecer, ou já na sombria noite, meu ser agora mais arguto, me faz ver os corvos voares...
Ao vê-los, sou tomado por uma doce amargura...
E não os esqueço...Não me saem da mente, como que a fazerem festa no meu subconsciente, em pesadas cenas de terror...
Ao amanhecer, ainda que já haja luz, outros bichos cortam o céu, com seu piar dissonante;
A cena me persegue...são eles, outra vez...
Na verdade, corujas tétricas e agorentas a sobrevoarem disfarçadas de anjos alados, esse céu doce e azul de abril...
E do covil, eivado de algozes, tentam dar, ao homem de bem, à cova dos leões, mesmo já apossados do favo de mel, extorquido das almas indolentes, presas de fácil domação...
insatisfeitos com o sangue vampirizado, já boca cheia, unhas afiadas, mas encolhidas, e ignorando a fragilidade da presa abatida, cotam-lhe a carne com suas unhas assassinas...
E ainda encontram tempo para se lambuzarem nos braços dos entes dormentes, porque os atrai, com sua lábia mortífera, para acolhida final, fim e meio da alma que os acolhe...maldita!
Ó meu Deus! Livrai-me até de mim, se chegar um dia a ter alguma semelhança com esses malditos...
Sim, há vermes por todos os lados...e o chão cheira a chão de cemitério...Os cães ladram e as andorinhas, medradas, saem em ensandecidas revoadas...
O batuque, não o de Santa Bárbara, entoa a chegada do senhor das trevas...
as trombetas se inflam no sopro dos anjos luciferinos e o manto negro da noite cai sobre a cidade - a terra...eles estão na terra...
vivem entre os anjos do bem em eterna indução à sangrenta batalha no Armagedom.
(jose valdir pereira)
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