sábado, 9 de dezembro de 2023

Ó, Deus! Que sejas Tu minha eterna companhia.



Ao escurecer, ou já na sombria noite, meu ser agora mais arguto, me faz ver os corvos voares...
Ao vê-los, sou tomado por uma doce amargura...
E não os esqueço...Não me saem da mente, como que a fazerem festa no meu subconsciente, em pesadas cenas de terror...

Ao amanhecer, ainda que já haja luz, outros bichos cortam o céu, com seu piar dissonante;
A cena me persegue...são eles, outra vez...
Na verdade, corujas tétricas e agorentas a sobrevoarem disfarçadas de anjos alados, esse céu doce e azul de abril...

E do covil, eivado de algozes, tentam dar, ao homem de bem, à cova dos leões, mesmo já apossados do favo de mel, extorquido das almas indolentes, presas de fácil domação...
insatisfeitos com o sangue vampirizado, já boca cheia, unhas afiadas, mas encolhidas, e ignorando a fragilidade da presa abatida, cotam-lhe a carne com suas unhas assassinas...

E ainda encontram tempo para se lambuzarem nos braços dos entes dormentes, porque os atrai, com sua lábia mortífera, para acolhida final, fim e meio da alma que os acolhe...maldita!

Ó meu Deus! Livrai-me até de mim, se chegar um dia a ter alguma semelhança com esses malditos...

Sim, há vermes por todos os lados...e o chão cheira a chão de cemitério...Os cães ladram e as andorinhas, medradas, saem em ensandecidas revoadas...

O batuque, não o de Santa Bárbara, entoa a chegada do senhor das trevas...

as trombetas se inflam no sopro dos anjos luciferinos e o manto negro da noite cai sobre a cidade - a terra...eles estão na terra...

vivem entre os anjos do bem em eterna indução à sangrenta batalha no Armagedom.

(jose valdir pereira)

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