quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

O amor

 


O amor não é só um sentimento que se pode levar de qualquer maneira, sentir e deixar acontecer, gratuitamente. Parece inacreditável, mas, também, requer gestão. E gestão significa atenção, dedicação, investimento, perseverança, fé e confiança. Quem diz amar ou quer ser amado e se perde no desinteresse, no descaso, se descuidando do seu bem maior, seu amor, do seu, por assim dizer, "negócio", fale, perde a maior riqueza de sua vida.

Não é fácil amar. Muito menos ser amado. Mas embora estejamos cheio de preces para sermos amados, termos um amor, aquele dos nossos sonhos, nem nos damos conta, talvez porque não tenhamos consciência disso, que nada sabemos sobre o amor e sobre o seu exercício, essa arte tão nobre, tão antiga e tão pouco vivenciada com maestria.

Que o diga o poeta Ovídio em sua obra, "A arte de amar."

Às vezes (para alguns), e sempre (para outros), amar - outrem - é dar uns beijos, abraços, sexo aqui, sexo acolá, carinhos e...pronto! Já está amando. Ou somos amados. Ledo engano.

Existem pessoas encantadoras, lindas, boníssimas, alto astral, sorridentes, alegres e, por tudo isso, aparentemente felizes, mas que não têm a mínima preparação para se dedicar a arte de amar - outrem.

Perdem-se em suas idiossincrasias e se atrapalham nas mais simples nuances da vida a dois...

Não possuem jeito para gestar sua relação amorosa. Pensam que amar é só pegar a estrada, seguir em frente, sem se importar com as renúncias, os sacrifícios, os recuos, o silêncio, a tolerância, o perdão, que aparecerão caminho afora. E, nesse diapasão...atalhos e mais atalhos, abalroamentos vários, uma vida cheia de colisões.

Outras, embora preparadíssimas para amar, não conseguem se deixar ser amadas.

Parecem que só se sentem bem quando estão se doando, se dedicando ao outrem, colocando seu "ego" a serviço do outro. Mas não sabem receber carinho, afagos, serem beijadas, não toleram chamegos, um grude, gestos amorosos e românticos do (a) amado (a).

Não se pode estranhar, portanto, porque são tantos os ajuntamentos, agregamentos, casamentos, amancebamentos e, igual número, os separamentos e os desligamentos, e os desfazimentos...

E não é de se estranhar, também, porque tanta gente bonita e inteligente vive só.

Não é por desinteresse ou porque goste de encarar uma vida sem um bem. É que não aprendeu ainda a arte de amar e de ser amado.

Pouco sabe sobre o amor, sobre sua completude. E toda vez que tenta viver o amor com alguém, padece.

Demora pouco tempo no paraíso. E quando se vê à beira do inferno, ou seja, das responsabilidades, tem medo, se apavora, pula fora. Foge como quem foge da cruz. E o outro fica a chupar o dedo, estarrecido e besta.

Ou como fala o cearense: abestado!

- jose valdir pereira -

 

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