VIVER O AMOR, NO JEITO CERTO E NO AVESSO
Rompes a leveza da noite e a ternura dos meus pensamentos,
quando
deito-me ao teu lado e me levas ao teu corpo,
submetendo-me à doçura suave dos
teus intentos fugazes e céleres...
Já tomado pelos desejos incontidos, antes das tuas amáveis investidas,
dou-me, sobriamente, aos poucos, aos teus impulsivos desejos,
nem tanto da alma
e do coração, mas da carne,
que diz da tua fome, de querer dar-me e receber
intenso e demasiado amor...
Vais dar-me todo, e por completo, à loucura, a que couber no teu instinto
selvagem,
do jeito que me tomas, como a querer que te desbrave,
de ponta a
ponta, entre os estremos, até que nos teus alaridos,
eu veja que é chegada a
hora do teu arrefecimento e da tua entrega,
no teu extasiado momento...
Viril e loba, de energia inesgotável, sem silêncio,
mas sem escândalo,
fazes com que a noite seja plena de prazer
e da tua concupiscência,
seja eu teu
usufruto, tua ventura e teu prazer.
E por que não, se é a ti que quero,
se é a ti que venero, na tua pequena
e profunda entrega,
enquanto todos os beijos se realizam,
os dedos se deslizam
e tomam os caminhos certos,
ante os teus encaminhamentos e profícuos
manifestos...
Eu brado e tu me sentes e, instigada, percorres os caminhos mais sagrados,
em
busca do melhor prazer, da melhor acolhida e dos melhores gemidos que,
tempestivamente, saem da tua boca, do teu corpo e do teu coração...
Já domada e dominada por tua mente determinada,
me fazes me entregar-me a ti, esmaecido
e vencido,
como se tivesse sido açoitado pelas vontades que desferias, impetuosamente,
pouco comedida e na extremidade da tua louca e desvairada
paixão...
Não querer-te desse jeito,
e não saber te amar e ser amado assim,
é não
querer viver o amor de todas as maneiras,
no jeito certo e no avesso, sem fim.
- jose valdir pereira -
Pintura: Elaine with the Armour of Launcelot (detail, 1867) Arthur Hughes
Um comentário:
Que lindo poema, está de parabéns como sempre amado poeta 🙏🌹✍❤. Carina Nobre
Postar um comentário