MAMÃE GOSTADO MUITO DE LER. E era minha fã número 1. Sempre a perguntar
quando teríamos livro novo e se versaria sobre poemas de amor ou um livro de
poesia com poemas variados...
Sempre inspirado nela, escrevi esta crônica. Em sua homenagem, publico-a
aqui neste espaço, dizendo da minha saudade.
A CARTA QUE HÁS DE LER, UM DIA...
É como se fosse ela a dizer...
Não digas que eu morri, quando eu morrer, nem que eu parti, quando eu me
ausentar-me de ti. Digas apenas que fui caminhar pelas colinas, por trás dos
montes, ver de perto o amanhecer e as nuvens branquinhas, a canção dos pássaros
que vivem pertinho do céu; o sabor do manjar, das frutas do jardim do universo;
Quando não mais souberes de mim e muitas flores surgirem como que fossem
eu a surgir, sorrias sorrisos largos e faças uma festa para celebrar a paz e o
amor, e tentes (exaustivamente) dizer o quanto amei; mas não digas que eu
morri, simplesmente morri, pois que não é bem assim - hás de dizer, muitas
vezes, que resolvi sair por aí, para conhecer, mais de perto, as façanhas de
Deus, o amor que falam os ventos, do norte e do leste e do sul, ver, com o
brilho nos olhos, o escorrer das águas nos igarapés e beber da água pura que
cai da chuva, aquela daqueles pingos escorrendo por sobre os galhos e suas
folhas, na inusitada e desconhecida selva da primavera, que nos espera, após
esses outonos e invernos da vida - que passam, passam, que vão passando por
nós, imperceptivelmente;
Não, não digas que há tristeza, que a vida enfim para mim terminou; que
nada! Digas que é agora que tudo começa, que estou mais iluminado, próximo do
bem e nele e dele realizando meus sonhos, meus ideais, desejos e fascínios;
que, percorro os caminhos onde as flores e todos os seres vivos e inanimados,
representam a completude de Deus, toda a grandeza do Seu amor e do nosso amor
por Ele;
Peço-te que tomem meu lugar enquanto faço essa viagem, que há tempos
precisava, as mais belas e deslumbrantes companhias que sempre me acolheram,
com suas magníficas cores, seus inebriantes olores e toda alegria que encerravam
suas majestosas e elegantes pétalas, meigas, suaves e macias;
Pela manhã, como se fossem aquelas manhãs de outrora, decerto saudosas
manhãs, estarei pelo jardim acariciando com palavras, com os toques das minhas
mãos, e com o meu olhar, as flores; as que ficarem, já que muitas, muitas
outras estarão à beira do caminho que vou;
Digas, quando e se porventura perguntarem por onde estou, que cuido de
outros jardins, de outras flores, porque é assim a vida de um jardineiro - das
flores, da poesia, das palavras, do amor!
- jose valdir pereira -
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